Partridge Island É um Rito de Passagem Perigoso e Assombrado para a Juventude Perdida de Nova Brunswick

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Partridge Island É um Rito de Passagem Perigoso e Assombrado para a Juventude Perdida de Nova Brunswick

Numa cidade sem nada pra fazer, uma ilha abandonada é ouro.

Tão convidativo.

Adolescentes de Saint John, Nova Brunswick – uma pequena cidade portuária canadense com idade média de 41 anos – só tem um skatepark e uma ou outra festa na casa de alguém quando ser trata de lugares para se divertir. Talvez por isso, o farol na Partridge Island se tornou, bom, um farol da contracultura de Saint John. Desde que a ilha foi abandonada no meio dos anos 80, explorar os túneis escuros, as ruínas dos tempos da guerra e os túmulos anônimos de lá se tornou um ritual de passagem.

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Todo moleque de Saint John cresce ouvindo histórias sobre Partridge Island. Milhares de imigrantes morreram lá de tifo e cólera entre 1785 e 1850 – tantos que o solo mal conseguia conter os corpos – e a ilha também alojava um laboratório provinciano para identificar os patógenos. Mais difícil de confirmar: a ilha seria assombrada por um soldado que se suicidou e as pessoas que ficaram presas nos túneis. Os mitos só seduzem ainda mais os invasores, mesmo que o passeio em si se mostre bobo, além de ilegal. Quando o mar está agitado, a maior maré alta do mundo está alta, e principalmente quando você está chapado, o caminho de pedras que conecta a ilha ao continente é bem assustador. Partridge fica na ponta mais distante de Bayshore Beach, uma extensão de pedras enquadrada por penhascos erodidos e uma posição de armamentos da Segunda Guerra Mundial. Depois de pular entre granitos e pedaços de concreto por cerca de 45 minutos, você finalmente escala a corda mantida por gerações de invasores na beira de um barranco, e finalmente pisa na ilha.

Há um aspecto meio Viagem de Chihiro na ilha, já que deve ser foda ficar preso no quebra-mar depois do anoitecer. Várias pessoas já quebraram braços e pernas tentando cruzar as pedras, e regularmente a Guarda Costeira precisa salvar garotos perdidos. Os novatos geralmente são levados por amigos mais experientes, que a) ficam irritantemente presunçosos e b) assustam os visitantes de primeira viagem com pegadinhas sem graça.

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Joe Hooley, um morador de 28 anos de Saint John, visitou o lugar 65 vezes até que uma lesão em 2008 acabasse com seus dias de escalada. Perguntei o que o fazia voltar sempre à ilha.

"Encontrar coisas novas todas as vezes", ele respondeu. "Eu visitavam os lugares comuns: a torre do rádio, o cemitério, as docas. Aí comecei a investigar os túneis com uma lanterna. Achei uma escada aleatória para o nada no meio da floresta e as fundações de construções ainda mais antigas. Ano após ano, eu era um "frequentador regular" de lá. Isso me dava uma sensação de realização."

Investigar túneis que já armazenaram munição de armas navais, requer a ilusão de invencibilidade que desaparece depois da puberdade. Quando você tem 15 anos, corredores úmidos dez metros abaixo de uma ilha abandonada parecem um lugar ótimo para curtir com os amigos e comer cogumelo.

A Birdhouse, uma construção de concreto com manchas de ferrugem cheia de corvos, abrigava uma torre de rádio da Segunda Guerra Mundial e é o ponto predileto de pixadores e piromaníacos. Andrew Hodge, hoje com 20 e poucos anos, relembrou uma noite particularmente divertida de vandalismo.

"Passamos horas jogando compensados, pedaços de madeira, bobinas de cabos, paletes, isolamentos e botas velhas dentro do prédio, aí acendemos uma das maiores fogueiras da minha vida", disse Hodges, hoje soldador e vidraceiro.

"As chamas saíam pelas janelas. O musgo no topo do telhado começou a soltar vapor. A gente ficou torcendo para que o ferry passasse para podermos assustar o pessoal."

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Mas os dias de parquinho punk pós-apocalíptico da ilha podem estar contados. Os resultados de um estudo de viabilidade para tornar o local um ponto turístico deve ser divulgado nos próximos meses. Políticos e líderes da comunidade foram convidados recentemente para fazer um tour pela ilha, sugerindo que existem planos de limpar o lugar e instalar uma segurança 24 horas ali. Ou não. Várias tentativas de revitalizar o local afundaram nas últimas décadas, em parte por causa da geografia difícil da ilha. Um vigilante aposentado da Baía Fundy disse que a ideia de renovar o quebra-mar é um plano que "beira a loucura". Por enquanto, pelo menos, há uma certa poesia no fato de que o lugar só é acessível para uns poucos esquisitões.

Sim, trilhas e placas podem atrair dólares de turismo, mas uma repaginada nesse local histórico negligenciado vai acabar com a vibe gótica marítima do lugar. Numa província pequena como Nova Brunswick, onde a vida tende a ser muito previsível, Partridge oferece uma rara aventura de verdade – do tipo de une as pessoas a um lugar. "Patridge", como Hodges colocou, "dá aos jovens um escape para as pressões, um lugar onde se arriscar. Isso dá uma certa importância à ilha."

Siga a Julia Wright no Twitter. Veja mais fotos abaixo.

Tradução: Marina Schnoor

Uma ode ao ácido no quebra-mar.

O quebra-mar.

A Birdhouse.

Um farol de busca da artilharia abandonado, a.k.a. Club Kreative.

Entrada dos túneis.

Túneis.

Julia Wright dentro dos túneis.

É, outro túnel.

Quarto de hóspedes do fantasma.

Para o farol, estilo Virgínia Woolf.

O farol.

A Birdhouse.

O quebra-mar.