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Mike Klimo: Comecei planejando escrever uma série de artigos sobre as prequelas, mas também sobre Guerra nas Estrelas no geral, abordando muitas das críticas que os filmes receberam com os anos, de 77 em diante. Enquanto eu fazia toda essa pesquisa, comecei a notar outros paralelos entre os filmes; por exemplo, o fim de Ameaça Fantasma. Acho que muita gente pensa que havia muitos paralelos com o final de O Retorno do Jedi, certo? Sabe, os Gundans se reunindo com o povo de Naboo para falar sobre a Federação de Comércio? E havia essa batalha de várias vertentes, e isso soava muito como O Retorno. E aí eu meio que percebi que aquele começo era muito similar ao que estava acontecendo no começo do Retorno. E aí, sabe, no meio do filme, foi tipo: "Caralho! Espera um pouco! O começo, o meio e o fim combinam!". Quando separei os atos em sequências e depois em cenas, vendo de perto o enredo e mesmo o trabalho de câmera, foi tipo: "Tem alguma coisa acontecendo aqui".
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Por volta dessa época, tropecei num livro chamado Thinking in Circles, da antropóloga social Mary Douglas. Foi quando tudo começou a se encaixar. Ela estava essencialmente descrevendo o que eu argumento que Lucas estava fazendo com esses seis filmes.
A prova, para mim, é esmagadora na estrutura que existe – que essa ideia aqui é uma estrutura quiástica (você pode chamar de convolução de anel). Acho que a evidência fala por si mesma.Você aponta que há muitas tomadas correspondentes na prequela e na trilogia original, o que eu realmente não tinha percebido.
A estrutura, para mim, é inegável. No entanto, [a forma] como interpretamos isso, e talvez como tiramos significado disso, é outra história. Essencialmente, eu queria argumentar que era isso que Lucas buscava simplesmente por quem ele é como cineasta: as prequelas eram pensadas como a queda e os originais, como a redenção. Muito dos dois materiais, ele meio que aposta um contra o outro. Um representa o lado bom da força; o outro, o lado obscuro. E, como mostro no artigo, não me parece uma coincidência que, diretamente na metade de Ataque dos Clones, apareça uma figura de yin-yang nas nuvens, enquanto Anakin parece estar meditando. Eu diria que isso certamente foi intencional da parte dele.Então você levou dois anos para escrever isso?
Dois anos do berço até a cova, em termos de pesquisa e de tentar colocar tudo na composição de anel, além de todas as regras que entram nisso: o prólogo, a divisão em duas metades e a ideia mais importante estando no meio. Sim, foi um processo muito longo.
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Você está perguntando se eu tenho um capacete de Stormtrooper autografado pelo George Lucas? [risos] Quer dizer, quando era criança, eu amava Guerra nas Estrelas [o original]. Eu era obcecado pelos personagens, pelas origens, pelos detalhes… conforme fui envelhecendo, comecei a ir a uma direção diferente. Me interessei mais por cinema. Deixei Guerra nas Estrelas de lado por um tempo e aprendi sobre filmes. E, quando a prequela saiu, eu estava mais interessado em coisas como Paul Thomas Anderson e coisas assim. Entretanto, quando comecei a aprender mais sobre George Lucas, acho que passei a admirá-lo. Ele estava usando Guerra nas Estrelas como um veículo para expressar temas e emoções maiores.O que você acha da nova trilogia de Guerra nas Estrelas e das notícias de que J. J. Abrams destacou alguns contornos de George Lucas para os filmes?
Acho que a Guerra nas Estrelas de George Lucas, como nós conhecemos, não sei se isso existe indo além [de Lucas], mas não sei se isso é necessariamente ruim. Quer dizer, adoro os seis filmes que ele nos deu e acho que já existe um significado enorme naquele material, embora esteja ansioso para ver outros cineastas, outros roteiristas, contarem histórias sobre aquele universo. Acho ótimo.Você acha que a estrutura em anel vai continuar?
Acho que – pelos trechos, trailers e outras coisas – isso vai ser um paralelo de A Nova Esperança, assim como A Ameaça Fantasma. Só que, fora isso, não tenho certeza. Eu queria muito saber se J. J. Abrams sentou com Lucas e conversou sobre isso – e se ele sabe quanta coisa entrou apenas na estrutura desses seis filmes.
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Os episódios de 1 a 6 eram a visão de George Lucas – sabe, mesmo com outros dirigindo e outros roteiristas ajudando. Mas sabe de uma coisa? Parte de mim não acha necessariamente ruim que Abrams esteja tomando o controle. E não porque muita gente está pensando: "Finalmente George Lucas está fora e vamos ter um bom Guerra Nas Estrelas". Eu preferiria que os novos filmes não tivessem nada a ver com Lucas; assim, as pessoas não ficariam pensando muito sobre isso. No momento, é uma questão de "Quanto ele está envolvido?" ou "Quanto do tratamento dele eles vão manter?". Entende o que eu digo?Você preferia um corte claro.
As pessoas ainda estão imaginando: "Bom, talvez eles ainda estejam usando as diretrizes dele. Ou talvez algumas das ideias". E… bom, acho que isso é uma distração. Isso atrapalha. Vamos arrancar esse bandeide logo.Siga o Drew no Twitter.Tradução: Marina SchnoorSiga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.