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DEM de volta ao poder e Cunha na lona: a semana da política no Brasil

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Crédito foto: Agência Brasil

Nunca um mandato tão curto para a presidência da Câmara dos Deputados foi tão disputado. Entre a fragmentação provocada pelo excesso de partidos na Casa (28 no total) e o prazo acelerado para a eleição – menos de uma semana – o pleito chegou a ter 17 candidatos, mas apenas 14 chegaram à votação. No final das contas, a votação secreta levou para o segundo turno Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), opondo o tal "Centrão" à "antiga oposição", deixando o ex-governismo de fora. O PSOL, além de alguns deputados do PT, lavou as mãos e não participou da votação, que elegeu Maia, filho do ex-governador do Rio de Janeiro César Maia. Com um mandato que vai até fevereiro de 2017, Maia fez um discurso conciliador, até porque foi apoiado pelos mais díspares agentes políticos, do PCdoB ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), passando por Lula e o presidente interino Michel Temer.

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O Planalto fingiu que não mexeu muita coisa, mas saiu aliviado da disputa. Em entrevista ao Estadão, Temer afirmou que quer "desidratar essa coisa de Centrão", referindo-se ao bloco que reúne 12 partidos, como PSD, PP, PR, PROS, PSC e SD, entre outros. Além de ser uma derrota para o bloco e inclusive para o deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a eleição de Maia marca a volta do DEM ao centro da política nacional, mesmo que por um curto período de tempo. A última vez que o partido ocupou o cargo, tirando interinidades e mandatos micro foi entre 1995 e 1997, quando ainda se chamava PFL, com Luís Eduardo Magalhães. Maia tem um problema bem específico à frente: entre na presidência às vésperas do recesso, e, na volta, começam as eleições municipais, muito importantes para a Câmara, que devem manter o quórum da Casa baixo até outubro, dificultando a aprovação de medidas mais cabeludas.

Outro capítulo final da Câmara pré-recesso foi a ampla rejeição do parecer de Eduardo Cunha na Comissão de Constituição e Justiça. O parecer proposto por cunha era bastante ousado, e pedia praticamente a anulação completa do seu processo no conselho de Ética,q eu voltaria à estaca zero. Com 48 votos contra e 12 a favor, o parecer foi rejeitado, e o relatório do Conselho de Ética segue em frente, com o pedido de cassação de Cunha, que deve ser votado a partir de agosto. Maia, o seu substituto, não quis marcar data ainda para a votação, mas diz esperar uma data com o "quórum adequado". Explica-se: se for votado com poucos deputados no plenário, as chances de Cunha se salvar são grandes, ou seja, Maia não parece querer dar colher de chá para o colega.

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Já o Ministério Público Federal continua num jogo de morde-e-assopra com o PT. Atendendo a um pedido da Polícia Federal, o MPF estendeu o prazo de investigações no cangote do ex-presidente por mais 90 dias. E, para deixar geral um pouco mais temerosa, o fofoquismo político dá conta de que João Santana, responsável por diversas campanhas vencedoras do PT e outros, preso desde fevereiro, pode fazer uma delação premiada ao lado da mulher Mônica. Por outro lado, e vejam só como é a vida, o MPF do Distrito Federal concluiu que as "pedaladas fiscais" de Dilma não são crime, contribuindo fortemente para a tese de que o processo de impeachment tá todo cagado. Não que isso faça diferença, já que o julgamento político no Senado, que deve se encerrar em agosto, parece bem encaminhado para levar Dilma à degola.

Já as municipais, as mais paroquiais das eleições, quando buraco na rua vale mais que taxa de juros, estão entrando na fase onde a porrada começa a lamber. Em Porto Alegre a coisa fica vermelha, com Luciana Genro (PSOL) em primeiro lugar nas pesquisas, com 20,8% das intenções de voto, seguida por Raul Pont (PT), com 14,5%. Mas vale lembrar que a disputa vai longe na capital gaúcha, que conta com oito candidatos à prefeitura.

São Paulo teve nova pesquisa também divulgada nesta semana. Para variar, Celso Russomanno (PRB) segue na frente, apesar de continuar enrolado com a justiça e sob a mira do STF, que pode inviabilizar sua campanha a qualquer momento. Com 25% das intenções, Russomanno também venceria todos os adversários em caso desegundo turno, diz o Datafolha. O curioso é que ele vem seguido por três candidatos ligados ao PT: Marta Suplicy (PMDB) com 16%, Luiza Erundina (PSOL) com 10% e o atual prefeito Fernando Haddad (PT) com 8%. João Dória, candidato do PSDB apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, tem 6%, seguido pelo pastor Marco Feliciano (PSC) com 4% e Andrea Matarazzo (PSD) apoiado pelo tucano José Serra, com 3%.

O que assusta na disputa são os 19% de branco/ nulo/ nenhum, aliados aos 4% de indecisos, que mostram que há muita margem para manobrar. Sem Russomanno na disputa, a ordem se mantém, mas aparecem mais 5% de votos brancos e nulos. Os números devem mudar bastante no início da disputa. Apesar de o tempo de propaganda eleitoral gratuita ter diminuído, ela ainda é importante na disputa, e Dória e Haddad contam juntos com metade do tempo de TV. Porém, enquanto Haddad lida com a rejeição ampla (45%), Dória começa a enfrentar problemas com a Justiça Eleitoral – o Ministério Público Eleitoral já avisa que vai entrar com uma ação de abuso do poder econômico contra o Riquinho Rico paulistano após ele ser flagrado em um jantar pré-candidatura bancado por uma de suas empresas.

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