FYI.

This story is over 5 years old.

Outros

A Triste Saga da Venda das Minhas Cuequinhas

Depois de fazer um test-drive de sete cuecas exóticas em nome do jornalismo, me deparei com um dilema: o que deveria fazer com as tangas, as cuecas do tipo Cebolinha e as boxers de couro que estavam em uma colorida pilha no fundo do meu closet?

Depois de fazer um test-drive de sete cuecas exóticas em nome do jornalismo, me deparei com um dilema: o que deveria fazer com as tangas, as cuecas do tipo Cebolinha e as boxers de couro que estavam em uma colorida pilha no fundo do meu closet? Não queria usá-las de novo, não rolava devolvê-las para as respectivas lojas e não poderia aguentar a humilhação de doá-las para o Exército da Salvação (ou sequer mandá-las para a lavanderia antes de doar). Então o mesmo editor que havia me passado o artigo sugeriu que eu vendesse os mimos no Craigslist. Não acreditei muito na ideia e demorou um certo tempo, mas finalmente achei alguém que queria comprar minhas cuecas.

Publicidade

Depois de postar o meu anúncio, descobri que o mercado de cuecas de homens de vinte-e-poucos anos não está muito em alta. Talvez isso tenha a ver com a tal recessão de que ouço falar o tempo todo, mas estou mais convencido que se deve ao fato de que eu não pareça ser gay o suficiente. Recebi apenas uma resposta de alguém que falava seriamente sobre pagar em dinheiro vivo por seja lá que tipo resíduo de saco tinha na minha cueca Cebolinha mais larguinha, e depois recebi mais duas respostas quentes de um cara que queria apenas trepar comigo.

Liguei então para meu único comprador, o “Dan”. Ele se apresentou como uma “Pessoa muito sana, um cara bacana etc”. E depois perguntou: “por uma $ extra podem outros cheiros serem adicionados?”(deixei sua sintaxe cheia de erros intacta). Perguntei exatamente que tipo de fragrâncias ele tinha em mente, e depois de uma certa notificação e clarificação ele me disse que queria as duas tangas e me mandou essa mensagem: “Coloque um monte de Porra Nela!!! RISOS. Pega outra tanga, mije nela—RISOS e $75,00 por três, tá OK?”

Uns dias depois eu estava mijando em uma tanga azul-esverdeada na minha banheira. Não foi o meu momento de maior orgulho, mas me consolei lembrando que sou americano, e nos EUA nada que você faça por dinheiro pode ser considerado completamente errado.

Conforme o dia em que combinamos a entrega se aproximava, seus emails foram ficando cada vez mais estranhamente pessoais e ele não usava mais RISOS. Me contou sobre sua infância, mencionou ter ganhado uma grana na Wall Street e disse: “Me pergunto, ‘POR QUÊ’ nunca enfrentei meus problemas—Ainda não sei o que ou como começar”.

Publicidade

Respondi o mais neutramente possível com informações sobre onde e quando poderia encontrá-lo — queria apenas ganhar um trocado, e não escutar como, essencialmente, um homossexual enrustido de meia idade mentiu para seus amigos e família por toda sua vida e agora estava comprando cuecas usadas e manchadas de mijo de um cara porque ele é muito cagão pra realmente fazer sexo com outros caras. Queria falar pra ele visitar um terapeuta, que eu estava cagando pra vida dele (ou que queria estar cagando pra vida dele), mas não queria assustá-lo. Afinal, $75 estavam em jogo!

Finalmente nos encontramos em um lugar público. Ele era um pouco manco, meio acima do peso e bochechudo, além de ter um bigode que você espera de um professor de educação física para crianças que curte discutir a manutenção da grama. O lance é que ele tinha um estetoscópio em volta do seu pescoço, o que me botou um pouco de medo até que ele me disse que era um “médico de animais” (Percebi que ele não havia usado a palavra “veterinário” e, o mais importante, ele usava um estetoscópio em todos os lugares que vai?).

Nos cumprimentamos e ele apertou minha bochecha como um tio muito amigável. Ele conversou mais um pouco sobre sua vida e sobre sua paixão por esquiar enquanto eu estava esperando cair o fora educadamente. Ele mencionou que tinha uma casa de no campo e me convidou para passar um tempo por lá. “É sério; tem quatro quartos”, ele disse. Não falei nada enquanto segurava o meu envelope com a grana. Ele também me levou chocolates. Talvez isso tenha sido o mais perto que ele tenha chegado a um encontro amoroso em anos, pensei.

Ele queria me pagar um almoço, mas achei que comer com um cara que presumivelmente vai se masturbar com a minha cueca mais tarde seria um pouco demais. Finalmente consegui uma chance de sair dali e disse, “Prazer em conhecê-lo”, apertei sua mão mais uma vez e arrisquei minha vida cruzando três faixas da rua para ir bem pra longe do cara.

Depois, enquanto comia uns chocolates, achei o seu cartão no envelope com o dinheiro. Isso me deixou um pouco triste, mas vivemos em um mundo de merda. Pelo menos o Dan encontraria um pouco de felicidade dormindo com a minha cueca sob seu travesseiro naquela noite.

Acabei jogando o resto das cuecas fora. Pensei em vender o resto, mas acho que qualquer outra interação como essa vai permanentemente me traumatizar de maneiras que não quero ser traumatizado.

TEXTO POR HARRY CHEADLE VICE US
TRADUÇÃO EQUIPE VICE BR