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Música

DJ Ingrid e o seu Caso de Amor com a Eletrônica

Ela é residente e professora de discotecagem no D-Edge, já tocou para diversas multidões e já computa 14 anos de experiência nas pistas. Conversamos com a DJ e produtora santista, que ministra um workshop seguido de discotecagem nesta quinta (17/7), no...

A relação da DJ Ingrid com a música eletrônica é um caso de paixão à primeira vista. Ou, melhor, à primeira audição. Até então acostumada a curtir rock, durante umas férias que passou na Europa, em 1998, ela esteve no club The End, em Londres, e de bate-pronto se sentiu tomada pela energia que emanava da cabine do DJ. Dois anos depois, ela já estava mixando com notável desenvoltura e naturalmente as coisas foram fluindo. Tanto, que logo em 2002 Ingrid fez parte do line-up de uma das mais memoráveis edições do festival Skol Beats, no Autódromo de Interlagos. Aquele seria apenas o primeiro de uma série de eventos bombados onde ela se apresentaria, como Rock in Rio, Kaballah, UMF, Helvéttia, Spirit of London, SPFW, Music on Board, e clubs igualmente prestigiosos, a exemplo do Sirena, Warung, Pachá, Clash e Vegas. No D-Edge, ela é atualmente residente da festa Moving, além de ministrar aulas de discotecagem na escola da marca, a D-Edge College.

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É um pouco daquilo que a Ingrid costuma transpor para as aulas que ela vai levar para o Skol Beats Factory nesta quinta (17/7), a partir das 18h, quando o público poderá participar de um workshop seguido de discotecagem. Dona de uma técnica apurada, Ingrid manja tudo do software Pioneer Rekordbox, integrado ao CDJ2000. A noite começa com uma demonstração em que a artista vai detalhar as aplicações do programa. Após, a festa segue com um set de variações da house ao techno. Aproveitamos a deixa e trocamos uma ideia com ela pra esquentar. Chega mais:

THUMP: Bem, vamos começar com um preview do que você pretende apresentar esta semana no Factory. Você preparou um programa específico para o workshop?
DJ Ingrid:Eu sou professora no curso de DJs do D-Edge, então vou tentar dar a mesma aula em que explico o Rekordbox para os alunos. Será algo solto, vou abrir o computador, ligar o CDJ e ir explicando as funções.

E para o DJ set, você tem alguma coisa em mente? Qual vai ser a pegada?
O DJ set, como sempre, farei na hora. Cada público é diferente, não dá pra chegar com tudo preparado, tem que ir construindo na hora, conforme o feeling.

A sua caminhada artística mostra que você chegou a um certo patamar logo nos primeiros anos de atuação. A história sua que conhecemos é que você tomou contato com a música eletrônica em 1998 e, em 2000, já tocava profissionalmente. Dois anos depois, seu nome estava no line-up do Skol Beats. Queria que você comentasse um pouco essa rápida ascensão…
Bom, uma das características que me favoreceram foi a minha determinação e disciplina. Quando resolvi começar a tocar me dediquei muito. Treinava todos os dias e passava horas pesquisando músicas, então minha técnica e repertório eram muito bons. Isso veio se somar a um momento de descoberta e expansão da música eletrônica no Brasil, e o fato de eu ser uma mulher num mercado predominante masculino também me ajudou. Eram poucos DJs que tocavam no vinil e eu era um deles, investia meu dinheiro sem medo nos discos e isso também colaborou para um repertório muito rico. Rapidamente fui achada por um excelente agente o que fez tudo acontecer de uma hora pra outra.

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Você já tem algumas faixas de produção própria bem legais por aí. "Lover Boy", "Beladona", "Los Niños", "Mission of Luv"… Você tem planos ou já pensou em apostar num full lenght autoral?
A produção está deixada um pouco de lado no momento. Tenho o curso do D-Edge, que me toma bastante tempo, e mais as minhas apresentações. Adorei produzir, mas foi algo que aconteceu na minha vida quase que como uma curiosidade e também por lazer. Prefiro mesmo a profissão de DJ, gosto de tocar músicas variadas, de trocar com o público, essa que é a minha vibe.

Antes de ser arrebatada pela eletrônica no club The End, que tipo de som você costumava ouvir? Você vinha de outra cena ou interesses naquela época?
Eu só ouvia rock até essa minha experiência em Londres. Depois mergulhei na eletrônica e não saí mais.

O que você acha que está acontecendo de mais interessante ou novidadeiro na música eletrônica? Artistas, tendências, coisas às quais você acha que as pessoas deveriam prestar atenção?
Eu acho que as pessoas deviam se desligar um pouco do Shazam, parar de copiar os charts e ouvir as novidades. Essas tecnologias novas são bacanas, mas se todo mundo resolve só ficar nisso, a música será sempre uma mesmice e não vai evoluir.

É recorrente, em entrevistas que fazem contigo, perguntarem se DJs mulheres chegam a enfrentam um certo estranhamento num cenário ainda dominado por homens. O que você tem a dizer sobre isso?
Eu nunca senti isso. Pelo contrário, ser mulher só me ajudou. Sempre me fizeram essa pergunta preconceituosa e, de fato, esse tipo de estranhamento nunca existiu, pelo menos para mim.

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Você já tocou para várias multidões. De todos os grandes eventos onde já teve a oportunidade de tocar, quais te deram mais satisfação ou prestígio?
O Skol Beats 2002, ainda em Interlagos, foi inesquecível. Eu era uma novata, quando entrei no festival passei por um túnel e vi um painel com uma foto minha de um tamanho gigante. Ali eu saquei que tinha me tornado uma profissional de respeito.

Como é a cena dance na sua cidade natal, tanto nas antigas como atualmente? Existe um espaço bacana para a eletrônica em Santos?
Eu moro em São Paulo há quase quatro anos. Mas a cena em Santos é devagar, muito comercial. De vez em quando alguém se arrisca a fazer algo mais conceitual, mas infelizmente dura pouco tempo. Santos é uma cidade de praia. É igual no Rio de Janeiro, onde as pessoas preferem frequentar um bar do que uma discoteca.

O que mudou no seu estilo de tocar desde o começo de sua carreira? Você ainda revisita gêneros ou hits que tocava no passado?
O que mudou foram as mídias: primeiro vinil, depois CD, hoje pen drive. Falando de estilo, sempre tive uma pegada mais pesadinha, e fui só me adaptando ao novo sem perder minha identidade. Adoro ressuscitar coisas antigas, muitas funcionam super bem, outras eu deixo pra tocar apenas em casa, pois não cabem mais num set atual.

BEATS LOUNGE
Quinta, 17/7, das 18h à 0h.
Workshop das 20h às 21h. DJ set a partir das 21h.

SKOL BEATS FACTORY
Rua Pedroso de Moraes, 1036, Pinheiros, São Paulo.
Tel.: (11) 3814-7383