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Fotos

Jazz e Blues, Blues e Jazz

A fotógrafa Val Wilmer deu início à primeira agência fotográfica só de mulheres, fez campanha pelos direitos civis e das mulheres e é uma das maiores experts britânicas em jazz e blues.

A fotógrafa Val Wilmer teve seus primeiros trabalhos publicados 50 anos atrás. Ela deu início à primeira agência fotográfica só de mulheres, fez campanha pelos direitos civis e das mulheres, e é uma das maiores experts britânicas em jazz e blues. Durante todos esses anos, Val tirou quase um milhão de retratos de alguns dos maiores músicos do mundo relaxando nos bastidores.

Hoje em dia, se você fotografa bandas, precisa bajular uns 12 acompanhantes diferentes para conseguir 40 segundos com um artista escroto. Mas na época mágica dos anos 70, desde que você estivesse disposto a tomar umas e outras e não fosse encrenqueiro, você podia passar a noite toda jogando cartas com o Muddy Waters.

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COUNT BASIE, HOLANDA, 1977
Esse é Count Basie em Haia. Ele foi o pai das big bands de jazz. Me encontrei com ele várias vezes. Já não se faz mais gente assim — ele era tão hospitaleiro. Era acolhedor e descontraído, aqui ele simplesmente tirou a camisa e jogou os sapatos pra longe, depois fumou um charuto.

EDDIE “CLEANHEAD” VINSON, BERLIM, 1974
Esse é o maravilhoso Eddie “Cleanhead” Vinson, de Houston, Texas. Ele era saxofonista contralto, cantor e líder da banda. Ele ocupava aquele mundo entre o blues e o jazz moderno. Ele escreveu algumas músicas que foram gravadas por Charlie Parker e Miles Davis, mas estava sempre mergulhado no blues. O conheci em Berlim, na inauguração de um clube fantástico de uns iranianos muito ricos que chamaram esses caras, e atendiam todos os caprichos deles. A gente tomou várias garrafas de uísque e champanhe. Acho que o clube não foi muito longe. Perguntei se ele me deixaria fotografá-lo enquanto raspava sua famosa cabeça lisa. Ele disse que sim, mas acabei tendo que ajudá-lo. Depois que tirei essa foto ele se sentou na privada e terminei o serviço pra ele.

ARNETT COBB, LONDRES, 1979
Arnett Cobb, aqui no Alexandra Palace com a filha, foi um dos maiores saxofonistas tenores texanos. E o Texas é o Estado dos saxofonistas tenores. Tinha gente como Buddy Tate e David “Fathead” Newman, entre outros. O Cobb se tornou uma estrela com a Lionel Hampton Band, e ele tinha vários problemas físicos. Ele usava muletas o tempo todo — tinha sofrido um acidente de carro, mas tinha outros problemas de coluna também. As pessoas olhavam pra ele e pensavam: “Ah, esse homem já deu o que tinha que dar”, mas não podiam estar mais enganadas. Ele era um verdadeiro stomper, um precursor de toda essa coisa rhythm-and-blues.

LOUIS ARMSTRONG, LONDRES, 1961
Um homem que não precisa de apresentações: Louis Daniel Armstrong. Seu apelido, Satchmo, seria uma contração de “satchel mouth” (boca de sacola). Ele foi um dos maiores artistas de jazz que já conheci — um homem que foi muito além de “It's a Wonderful World”, que eu ficaria muito feliz de nunca mais escutar. O lenço era pra manter o cabelo arrumado. Ele prestava muita atenção à aparência. Até passava um óleo nos lábios enquanto estava tocando. Ele teve problemas terríveis com eles, então mantinha sempre uma pilha de lenços aos seus pés no palco. Uma vez ele rachou os lábios e não pôde tocar por um ano.