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Entretenimento

Libertando a Rede

No meio do Occupy Wall Street encontramos o Wilder, o co-fundador da Free Network Foudation, grupo que quer libertar a internet global da interferência de corporações e do governo, e fizemos um documentário sobre eles.

Você está na internet. O que isso significa?

Muito provavelmente, que vários provedores de telecomunicações estão transportando suas informações do Ponto A ao Ponto B. Dispare um e-mail ou um tuíte, transmita um livestream ou suba um vídeo no YouTube e você estará contando com uma vasta rede de cabos de fibra ótica no subsolo e no fundo do mar trabalhando com satélites no espaço para mover seus dados pelo planeta e para trazer o mundo até a ponta dos seus dedos.

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É uma infraestrutura que fica fora de vista e da mente das pessoas na maioria das vezes. Para a maioria dos norte-americanos, AT&T, Level 3, Hurricane Electric e Tata Indicom são só alguns mágicos invisíveis realizando o truque de manter as pessoas on-line. No entanto, para muitos defensores do código aberto, esses são alguns dos nomes importantes e desprezíveis responsáveis pelo que eles veem como a rápida consolidação da web. A perspectiva de uma internet irremediavelmente física e centralizada nas mãos de um centro cada vez menor das chamadas redes de trânsito Tier 1 faz Isaac Wilder perder o sono.

Wilder tem 21 anos e é o co-fundador da Free Network Foudation. Nos encontramos com ele pela primeira vez no Zuccotti Park durante os primeiros dias do Occupy Wall Street. O nativo de Kansas City parecia precisar dormir e estava rouco de tanto gritar nos primeiros três dias do movimento popular que logo varreria os EUA e o mundo. Mas havia uma urgência e entusiasmo inegáveis quando Wilder nos falava sobre os esforços da FNF, uma iniciativa de comunicação peer-to-peer lutando para libertar a internet global da interferência de corporações e do governo.

Isso soava magnânimo e misterioso, muito acima da nossa compreensão. Mas Wilder parecia tão comprometido em seu mergulho no balde da revolução global — que viria na forma de Torres da Liberdade transmitindo Wi-Fi grátis e seguro para sites ocupados e comunidades com pouco acesso — que quisemos saber mais.

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O argumento das redes mesh, um esquema de internet tipo rádio pirata que permite às pessoas falarem umas com as outras sem a necessidade de um intermediário, é que a internet centralizada leva a si mesma ao tipo de vigilância e censura que, mesmo fúteis, brincam com o interruptor da morte da internet como visto na ficção científica. Mas será que há uma maneira de contornar totalmente esse sistema? Existe uma maneira de construir uma nova rede a partir do zero? Ocupar uma nova internet fora dos confins da que temos agora? Ou isso tudo não passa de fantasia ideológica?

Para checar o pulso da internet (ter uma ideia de como é a vida no nervo digital central do que é provavelmente o primeiro movimento social totalmente alimentado pela internet dos Estados Unidos) a VICE acompanhou Wilder e Tyrone Greenfield, diretor de comunicação da Free Network Foundation, durante seis meses. Ao longo das marchas do Occupy, em ocupações e laboratórios de teste, no topo de telhados e em todos os lugares no meio disso, observamos Wilder, Greenfield e o FNF construindo e aperfeiçoando suas Torres e sua humilde internet física cooperativa.

Além disso, descobrimos uma história fora da internet logo depois da invasão do Zuccotti Park pela polícia de Nova York. Fomos com Wilder até a garagem do Departamento de Saneamento assim que ele foi liberado de uma temporada de 36 horas na cadeia. Ele estava procurando por coisas perdidas no epicentro da invasão ao acampamento do Occupy naquele dia: dinheiro, sua mochila, seu laptop e a Torre da Liberdade do Zuccotti Park.

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O que ele encontrou perto de um monte de roupas e barracas molhadas foi uma fila de laptops destruídos. Eles pareciam mutilados e espancados. Um tinha até sido retirado de sua capa protetora. Se os computadores do Occupy foram destruídos de propósito ou meramente danificados pelo caminhão de lixo do Saneamento ainda é um mistério.

Para ter certeza, ao final do incidente contatamos o Departamento de Polícia de Nova York, que nos encaminhou de volta ao Saneamento. Este último fora incumbido de transportar toda a propriedade abandonada no Zuccotti até uma garagem distante, aonde os manifestantes tiveram permissão para procurar por seus pertences em meio aos escombros.

Um representante do Saneamento nos disse que não houve nenhuma ordem para destruir os bens, mas que não estava surpreso em ouvir que alguns itens, incluindo computadores, tenham sido indevidamente manuseados ou guardados.

No final da história, acabamos produzindo este pequeno documentário chamado. Uma história sobre grandes sonhos e missões nebulosas, afiliações complexas e o que acontece quando um movimento de tecnologia faça-você-mesmo confronta as forças do estado.

Sobretudo, é uma história sobre os riscos incrivelmente altos de se viver em rede nos dias de hoje. Todos temos algo a perder nesse jogo. Lembre-se: você está na internet.

Erin Lee Carr contribuiu nessa reportagem. Contate o Brian pelo e-mail brian@motherboard.tv, e a Erin pelo erin@vice.com. @TheBanderson @ERINLEECARR

(Imagem via Michael Kirby Smith / New York Times)