Equador Pelo Telefone

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Equador Pelo Telefone

Enquanto fotografava para National Geographic, Time e Geo, Ivan Kashinsky criou um Instagram seguido por mais de 116 mil pessoas, cujo conteúdo, em sua maioria, é de fotos que ele tirou com seu iPhone.

Um passeio pelas encostas das Illinizas, duas montanhas vulcânicas do Equador.

Hoje, vários fotógrafos começam com um celular até chegar a uma câmera moderna. Ivan Kashinsky fez o caminho inverso. Enquanto fotografava para National Geographic, Time e Geo, ele criou um Instagram seguido por mais de 116 mil pessoas, cujo conteúdo, em sua maioria, é de fotos que ele tirou com seu iPhone. Ele diz que a experiência foi tão satisfatória que agora ele costuma deixar seu equipamento profissional em casa. Fiquei curioso sobre a forma como essa guinada universal no fotojornalismo acontece para um fotógrafo. Assim, liguei para ele na casa de seus pais, na Califórnia. Falamos sobre sua história, sobre a mudança rápida criada pela internet e sobre fotografar seu lar adotivo no Equador.

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VICE: Vamos começar pelas suas origens. Quem é você?
Ivan Kashinsky: Sou de Los Angeles. Comecei brincando com a Nikon F do meu pai quando estava no colégio e me apaixonei por fotografar meus amigos. Mas nunca pensei que viveria de fotografia; então, estudei psicologia. Fiz isso por um tempo e acabei numa aula chamada documentação social, na qual comecei a tirar fotos de pessoas sem teto. Era muito bom estar na câmara escura, e as pessoas gostaram do meu trabalho; então, decidi que essa era minha vocação. Então, voltei ao colégio comunitário, fiz alguns estágios e conheci minha esposa – ela é do Equador –, que editava o jornal da universidade. Nos mudamos para a América do Sul em 2004. E vivo lá desde então.

Investigando o lixo tóxico deixado pela Texaco na Amazônia Equatoriana.

E por que fotografia?
Gosto de contar a história das pessoas, especialmente quando elas não podem fazer isso por si mesmas. Tenho feito muitas histórias sobre meio ambiente recentemente por causa isso. Também trabalho muito com a minha esposa e tentamos passar um tempo com as pessoas, para conhecê-las melhor. Acho que é uma questão de ver outras vidas.

Grávida e posando, Equador.

Por que você decidiu começar a usar um celular?
Um ano atrás, minha esposa ficou grávida; então, ficamos muito em casa. Comecei a fotografar em nossa cidade no Equador com o meu iPhone. Fiquei empolgado com os resultados e comecei a subir as fotos direito para o Instagram da National Geographic, lincando isso ao meu. Isso me deu seguidores rapidamente, e eu tinha total controle criativo. Percebi que havia algo interessante aí.

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Essa é a nova direção para o fotojornalismo?
Acho que sim. Acho que o fotojornalismo já mudou muito nos últimos anos. Agora, se você tem um nome grande o suficiente e seguidores nas redes sociais, você pode tomar isso nas próprias mãos e ser seu próprio editor. Você pode publicar seus próprios livros usando o Kickstarter e subir todos os seus trabalhos na internet. Você não precisa de um intermediário. É assustador de certa maneira, porque revistas e jornais estão decaindo; então, não sabemos como vamos sobreviver, mas provavelmente estou trabalhando mais do que nunca agora.

Fãs de heavy metal no Equador.

Talvez a internet tenha acelerado o número de pessoas consumindo imagens.
Acho que isso é verdade. Sabe, li outro dia que mais fotos foram tiradas no ano passado do que em toda a história da fotografia. Com todos os celulares com câmera que estão por aí, eu não duvido.

Mas as fotos de celular não são meio toscas?
Não. Você pode tirar fotos realmente incríveis com os celulares de hoje. A tecnologia atingiu esse ponto. Você tem menos controle, é verdade, mas há algo libertador nos celulares. É menos intrusivo. As pessoas ficam intimidadas com câmeras grandes, mas, com celulares, é tipo "Você tira uma foto minha e eu tiro uma foto sua". Outra coisa é que você está sempre com seu celular. Entrando numa loja ou algo assim, você está sempre pronto se vir alguma coisa. Adoro essa espontaneidade.

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Veja mais do trabalho do Ivan no Runa Photos, um coletivo que ele organizou com a esposa e outro fotógrafo equatoriano.

Tradução: Marina Schnoor

Taita Cotopaxi.

Um homem e um menino assistem a TVs de tela plana no supermercado Scala em Cumbayá, Equador.

Uma trabalhadora rural lava cenouras na beira da estrada.

Lama numa janela.

Hugo Benalcazar carrega um bezerro de volta para sua casa no barrio Chonta, San José de Minas.

O vizinho de Ivan e suas pinturas psicodélicas.

Karlita e Pichón.

Três crianças de Rumipamba guiam o gado pela névoa nos campos abaixo do Imbabura, um vulcão no norte do Equador.

Sincholagua é um vulcão inativo no Equador.

David aproveita uma brecha nas nuvens no topo do Fuya Fuya, um vulcão inativo em Lagunas de Mojanda, norte do Equador.