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Tecnologia

Caras Deprimentes Estão Trocando Nudes do Snapchat Como se Fossem Figurinhas

Usuários se reúnem em fóruns para compartilhar dicas de como conseguir fotos de mulheres nuas e completar seus tristes álbuns de pornografia.
Crédito: Christian Darkin/ Shutterstock

A guerra contra o revenge porn segue firme. Nos últimos meses, o Google e a Microsoft tomaram atitudes para filtrar a pornografia não-consensual dos resultados de suas buscas e, em muitos países, novas leis foram introduzidas para inibir a prática.

Mas o fato é que essas mudanças legislativas e culturais não têm efeito em certos fóruns. No Snapchat, usuários adaptam uma série de truques, estratégias e tecnologias para coletar e arquivar nudes em massa de mulheres — sejam elas conhecidas ou estranhas.

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"Virou um esporte, uma competição na qual as pessoas se desafiam com o objetivo de obter fotos nuas de uma pessoa específica, como se fossem figurinhas", afirma Carrie A. Goldberg, uma advogada do Brooklyn, nos Estados Unidos, que litiga assuntos relacionados à privacidade na internet e consentimento sexual.

Uma publicação do notório fórum de discussão Anon-IB, onde usuários anônimos fazem upload de fotos, é intitulada "A ameaça do Snapchat". "Poste wins do snapchat ou nomes que você gostaria de levar win", um usuário afirma. No jargão, "win" significa nudes ou fotos explícitas, que são despejadas no fórum ou trocadas como "win por win", como um usuário colocou.

Assim que um nome de usuário do Snapchat é publicado, os membros do Anon-IB tentam conseguir nudes ou vídeos mandando mensagens para a moça (ou, às vezes, menina).

A prática de incentivar mulheres a enviar nudes próprias não é nova, mas agora os usuários parecem utilizar uma enorme quantidade de tecnologias para coletar, arquivar e compartilhar melhor seus wins.

A natureza "efêmera" do serviço de mensagens do Snapchat não permite salvar imagens trocadas, porém os usuários elaboraram truques para conseguir os "snaps".

Um membro do Anon-IB recomendou o uso do Andyroid, um emulador do Android executado em um computador junto de uma variedade de programas de captura de tela para salvar os vídeos enviados pelo Snapchat. Outro sugere um telefone com Android alterado com o programa Snapprefs para salvar snaps recebidos. Outro ainda anuncia uma instalação elaborada "envolvendo a saída HDMI ou compartilhamento de tela via wifi ou usb."

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O Snapchat também permite que as fotos e os vídeos sejam decorados com emoji e, para eliminar esses enfeites visuais que podem cobrir alguma parte do corpo, um usuário sugeriu baixar um cliente do Snapchat chamado Casper. "Digamos que alguém fez um vídeo com emojis tapando os peitos, então ele vai salvar o vídeo sem os emojis", escreveram.

As ferramentas também são utilizadas para vasculhar fotos de alvos de contas do Instagram em massa: os membros recomendam o socialdownloader.com e a interface da web Iconosquare. Eles também compartilham técnicas para baixar fotos do Google+ com muito mais facilidade.

Algumas das táticas compartilhadas não estão concentradas somente na tecnologia. Para o Vine, um serviço de compartilhamento de vídeos curtos em loop, um usuário recomenda que os caçadores de nudes "não curtam, comentem ou repostem nada no vine, pois vocês podem assustá-las, e elas acabam deletando/mudando o status para privado". Os membros do fórum também são aconselhados a procurar pelos amigos da moça primeiro em vez de ir diretamente a elas.

Goldberg, que tem uma lista de mudanças para a legislação do revenge porn nos Estados Unidos, afirma que, por causa da natureza desigual acerca das leis sobre pornografia não-consensual, apenas alguns estados veriam o compartilhamento de fotos com estranhos como um problema.

"Muitas das leis sendo introduzidas exigem que haja a intenção de abuso a uma vítima específica", ela afirmou. "O que é um problema, pois isso poderá excluir muitos criminosos do Anon-IB."

No futuro, a situação poderá mudar com a chegada de uma lei federal sobre a pornografia não-consensual, que torna a prática ilegal nos Estados Unidos. Entretanto, até lá, a subcultura de coletar, arquivar e trocar fotos de mídias sociais de mulheres deve continuar. E os usuários usarão todas as tecnologias e táticas para obter todos os "wins" que quiserem.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri