Iraque ameaça usar seus mísseis termobáricos na luta contra o Estado Islâmico
TOS-1A Buratino na Rússia. Crédito: Vitaly V. Kuzmin

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Iraque ameaça usar seus mísseis termobáricos na luta contra o Estado Islâmico

Na disputa por Mosul, tropas iraquianas levam para o campo de batalha um dos mais devastadores lança-mísseis.

Tropas iraquianas em conflito pela região de Mosul, no norte do país, acabam de incluir em seu arsenal contra o Estado Islâmico (EI) uma das mais temidas armas: o lança-mísseis TOS-1A Buratino, de fabricação russa, com peso aproximado de 60 toneladas.

A notícia foi confirmada pelo jornalista Seth Frantzman, do Jerusalem Post, via Twitter. Na mensagem, ele mostra as tropas do Iraque posando com o armamento a menos de 16 quilômetros da cidade.

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Com alta densidade populacional, Mosul vive conflitos sangrentos desde junho de 2014, quando o Estado Islâmico ocupou o local e o nomeou como sua capital. Depois de muitas batalhas, as tropas contraterroristas iraquianas tomaram a cidade em 20 de outubro. De lá para cá, os terroristas têm aplicados uma série de emboscadas, ataques via túneis e armadilhas. O TOS-1A Buratino seria uma forma de conter com violência as estratégias do grupo extremista.

"O Estado Islâmico teve um bom tempo para se preparar para essa luta, então vamos ter que lidar com tudo isso muito em breve", comentou o General Joseph Votel, comandante das tropas norte-americanas no Oriente Médio à NBC News durante visita à base norte-americana.

O Buratino – que é como os russos chamam o personagem Pinóquio – é diferente de qualquer artilharia tradicional que lança explosivos a longas distâncias. É bem mais assustador que isso. Cada um dos 24 mísseis termobáricos do lançador contém um composto químico inflamável que se dispersa no ar sobre um alvo. Os mísseis detonam em um único flash e devastam uma área de 200 por 300 metros. A explosão combinada de combustível e ar tem efeitos tenebrosos sobre o corpo humano. É capaz de romper órgãos internos e retirar ar dos pulmões.

Os mísseis detonam em um único flash e devastam uma área de 200 por 300 metros. A explosão combinada de combustível e ar tem efeitos tenebrosos sobre o corpo humano

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Por mais brutal que pareça, o Buratino é exatamente o tipo de arma que o exército iraquiano usaria caso estivesse às voltas com infantaria do EI nos subterrâneos. Só que há um detalhe: Mosul também está cheia de civis.

Os Buratinos russos TOS-1A em ação. Crédito:Vitaly V. Kuzmin

"Em linhas gerais, o TOS-1 ou TOS-1A entram na mesma categoria que os lança-chamas da série RPO, mas em escala muito maior", escreveu o analista Charles Bartles em relatório ao Escritório de Estudos Militares Estrangeiros do Exército dos EUA. "Na maior parte do tempo estes serão utilizados em guerrilha urbana, destruição de casamatas (casas à prova de bombas) e eliminação de infantaria leve."

O Iraque recebeu pelo menos quatro TOS-1As dos russos em 2014. O lançador fica em um chassi de tanque T-72. Em 1999, durante conflitos com a Chechênia, o exército russo disparou vários dos foguetes do Buratino na cidade.

Uma das desvantagens da arme é seu alcance de cerca de 6.000 metros. Em comparação, as armas Paladin e a artilharia HIMARS do exército norte-americano – utilizadas no Iraque – podem acertar inimigos até 17 km e 480 km de distância, respectivamente.

Isso deixa o TOS-1A mais vulnerável a ataques e não seria lá uma boa ideia estar perto de um desses caso este explodisse. Um vídeo – que ainda não se sabe ser legítimo ou não – registra um ataque a um Buratino do exército sírio em 2016 e deixa bem claro o porquê.

Como apontado por Sebastien Roblin do site War Is Boring no The National Interest, o raio de explosão do míssil é um perigo significativo a civis, especialmente no caso da populosa Mosul.

Durante a luta por Ramadi, de 2015 a 2016, o exército iraquiano destruiu grande parte da cidade com artilharia, mas no conflito por Hit, em que o Estado Islâmico impediu a saída de civis e os utilizou como escudos humanos, Bagdá teve que deixar de lado os canhões.

Em Mosul, assim como em Hit, o grupo terrorista repete a mesma tática criminosa de guerra, de acordo com as Nações Unidas, bem como centenas de outros crimes, colocando milhares de pessoas comuns em perigo.

Tradução: Thiago "Índio" Silva