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​Como As Cidades Podem Salvar a Vida Selvagem no Mundo

Medidas tomadas por algumas cidades podem ajudar a trazer de volta a biodiversidade.
Cidade do México. Crédito: Shutterstock.

Populações de animais selvagens desapareceram em 52% de 1970 a 2010, de acordo com uma alarmante nova pesquisa – e a chave para parar essa assustadora queda da biodiversidade global pode estar nas cidades. Os números cada vez menores do Relatório do Planeta Vivo de 2014 da WWF são inversamente proporcionais à enorme explosão de população humana que ocorreu no mesmo período, de 3,7 bilhões de pessoas em 1970 para sete bilhões em 2010.

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Assim, a maioria desses sete bilhões vive hoje mais nas cidades do que nas áreas rurais pela primeira vez.

A rápida urbanização trouxe estresses sem precedentes na biodiversidade mundial, por isso que o relatório de 2014 da WWF enfatiza que as perdas da vida selvagem não podem ser freadas sem reformular nossas cidades ao encontro desses novos padrões ambientais do século. Os habitantes das cidades podem estar enclausurados em relação à devastação da selvageria mundial, mas eles são os maiores agentes por trás disso.

Você pode se perguntar porque a urbanização seria algo ruim para o meio ambiente, uma vez que significa o despovoamento da área rural. Mas pegue o exemplo nosso chapa de Motherboard Derek Mead reportou em 2012, em que as populações rurais da Amazônia migraram para cidades periféricas. O despovoamento permitiu que alguns incêndios florestar devastassem a Amazônia peruana, destruindo incontáveis recursos preciosos e habitats.

Mundo afora, reações em cadeia similares têm acompanhado em massa para as cidades. Se nós falharmos em nos adaptar a esse deslocamento de população, a vida selvagem continuará sofrendo perdas dramáticas. E como o relatório deixa claro, a perda de diversidade não é apenas um problema ambiental – terá repercussões sociais, econômicas e éticas também.

COM UM BOM PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA, CIDADES PODEM SATISFAZER NECESSIDADES DAS PESSOAS COM MAIS EFICIÊNCIA DO QUE ÁREAS POUCO POVOADAS.

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Felizmente, muitos ativistas urbanos reconheceram a crescente ameaça e estão trabalhando para adaptar o ambiente urbano ao século XXI. "Nós amamos cidades!" me disse Jenna Bonello, uma porta voz da WWF, citando o título de um dos capítulos do relatório.

"Um grande número de cidades está demonstrando interesse em liderar a transição para um futuro sustentável," ela continuou. "Com um bom planejamento e governança, cidades podem satisfazer as necessidades das pessoas com mais eficiência do que as áreas menos povoadas. Pelas próximas três décadas, investimentos tremendos serão feitos em áreas urbanas."

Atualmente, áreas urbanas são responsáveis pela emissão de 70% do carbono no mundo, mas muitas cidades têm reduzido sua emissão com iniciativas de energia limpa. Cidades do C40, uma organização voltada para construir cidades mais verdes, recentemente anunciou que centros urbanos poderiam reduzir emissões em 10% até 2030, um objetivo muito mais agressivo do que muitos países adotaram.

Muitas cidades entraram nesse desafio integrando energia solar às suas infraestruturas. De acordo com o relatório da WWF, a Cidade do Cabo se comprometeu a instalar 150 mil aquecedores solares de água, que serão responsáveis por quase metade dos gastos de energia da família média. Chicago e Xangai se comprometeram a liderar desenvolvimento de painéis solares nos telhados.

A agricultura urbana e o gerenciamento correto de água também se tornaram objetivos centrais para cidades. A Cidade do México tem liderado as duas contas: 60% do seu distrito federal foi reservado para proteção de reservas naturais, e o programa de reflorestamento da cidade está plantando dois milhões e novas árvores por ano parar aumentar seu fornecimento de água. No topo disso, a Cidade do México está querendo converter 10 mil m³ de seus telhados em agricultura de jardim anualmente.

Gorila no ParqueNacional de Virunga. Crédito: Innocent Mburanumwe.

Estocolmo, Copenhague, Vancouver e Seoul são citadas no relatório da WWF como cidades que reduziram emissões de carro promovendo transporte público ou banindo o desenvolvimento de novas rodovias. Essas iniciativas ajudarão a vida selvagem ao potencialmente protelar a mudança climática, que está acabando com espécies em níveis alarmantes, mas também reduzindo a necessidade das populações urbanas de buscar combustíveis fósseis em regiões reservadas à preservação.

O Parque Nacional e Virunga – que faz fronteira com o Congo, Uganda e Ruanda – é especificamente destacado pela WWF como uma criança póstuma do conflito por extração de combustível fóssil e conservação de vida selvagem. Também é um exemplo de como o apoio ao meio ambiente ocasionalmente vence a indústria, como a WWF conseguiu prevenir que a empresa britânica de combustível Soco perfurasse o parque em junho de 2014.

O olhar otimista adotado por cidades pelo mundo é animador, e certamente fermenta alguns dos números depressivos da vida selvagem que o precedem no novo relatório da WWF. Enquanto não há surpresa para ver perenemente cidades verdes como Copenhague e Vancouver ganhando gritos, os esforços de grandes consumidores de energia como Xangai e Cidade do México falam alto sobre um desejo global de trazer de volta a biodiversidade. Ironicamente, as ações desses ambientes urbanos manufaturados podem ser as grandes influências no futuro da vida selvagem no mundo todo.