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Entretenimento

Fui ao desfile da marca de roupa da Avril Lavigne só para ficar irritada

A Avril até se vestiu de noiva do Skrillex para a ocasião.

A Avril Lavigne é uma estrela pop de direito próprio, mas não ganha dinheiro só com a música — há todo um império de roupa, perfume e calçado. Conheço o trabalho da Avril desde o liceu, onde tinha por hábito chamar de “Avrils” a todas as miúdas que usavam

escuro, mas que não ouviam punk — era só uma tentativa desesperada de fugir à hipótese de alguém me chamar poseur, claro. É estranho se eu disser que fiquei contente quando soube que a marca de roupa dela era mal feita? Também não é cara, claro: um fato de banho não custa mais de 20 euros. Mas quem sou eu para julgar? Onde é que está a minha marca de roupa? Quando é que foi a última vez em que eu me expus da maneira que a Avril se expos a vida toda (apenas para ser ridicularizada por, bem todas as pessoas que não estão nos seus anos de pré-adolescência)? O desfile da Abbey Dawn na semana da moda de Nova Iorque, organizado pela Style 360 — responsável por outros desfiles de gente famosa: a Sammi do Jersey Shore e ainda a Daisy Fuentes —, aconteceu no Metropolitan Pavilion (um sítio popular para se ver roupa má a passear para cima e para baixo). Abriu, claro, ao som da “Sk8r Boi” e depois continuou com outros clássicos: “What the Hell”, o remix da Lil Mama para a “Girlfriend” e… a “Sk8r Boi” outra vez. As roupas eram pavorosas, como seria de esperar. E estou a dizer isto da maneira mais simpática possível. Acho que estavam punk, caras e cruas na dose certa. Algumas peças até tinham palavrões escritos e outras cenas dignas de um bom marujo. As roupas da Avril são como a música que ela faz: uma merda e um prazer culpado que curtes ouvir/ver com esperança que ninguém dê por isso. Fiquei, ao mesmo tempo, cheia de ódio e incrivelmente nostálgica com tudo aquilo. Quem me dera que a Abbey Dawn existisse quando eu fazia compras na Hot Topic (uma alternativa mais cara ao estilo punk-de-shopping). O meu principal problema com as canções da Avril sempre foi o facto de ela vender a imagem de gaja incompreendida do rock que vai acabar por te roubar o namorado apenas para acabar com ele a seguir. A versão adolescente de mim sentia-se demasiado incompreendida e desnamorada para aceitar a Avril Lavigne. Ela era a rapariga que me roubaria o namorado, caso eu tivesse um na época. Era o inimigo. Ela nem precisava de tentar parecer entendida em skates, bastava-lhe o corpo em forma e o cabelo comprido para levar um skater para casa. Mas eu agora cresci e sei que todos aqueles skaters com quem quis namorar eram (e continuam a ser) uns falhados. Por mim, a Avril pode ficar com todos eles. Afinal de contas, ela está tão confusa hoje como eu estava na altura. Parece que agora até está noiva de um man qualquer dos Nickelback, mas no desfile a que eu fui era o Brody Jenner, um ex-famoso, que estava na primeira fila. Ah, e a Avril aproveitou a sua irmã de 14 anos, a Kylie, como modelo. Eu não sabia que ela tinha 14 anos ou não teria olhado tanto para o seu rabinho pré-adolescente (é errado se eu tiver gostado?). Ah, as Kardashians também estavam todas na fila da frente, a mostrar o seu apoio. Sabem quem é que não estava? O gajo dos Sum41 de quem a Avril se divorciou em 2009. Ela sempre tentou provar o seu valor aos gajos do rock a sério, mas parece que as sub-celebridades do trash recebem melhor o que ela faz. No final do desfile, a Avril, vestida como se fosse noiva do Skrillex, apareceu na passarela e alguém lhe ofereceu um buquê de rosas. Mandou um beijo pelo ar e fez corninhos com as mãos. Tudo aquilo era tão fora que nem consegui sentir ódio. Talvez a Avril até seja um bom exemplo para os putos que curtem dela. A lição que ela ensina é: mesmo que nunca chegues lá, mesmo que nunca percebas as cenas como elas são (o que é boa música, o que é ter estilo, o que faz um bom namorado), podes sempre ficar rico se explorares comercialmente as gerações mais novas. Se calhar a Avril é só uma rapariga insegura que quer ser amada e ter sucesso segundo algum dos critérios americanos. Será assim tão diferente de mim? Ela usa o que quer, eu uso o que quero. Ela namora com o idiota que quiser, eu namoro com o idiota que quiser. Mas o principal é isto: aquela poseur nunca me poderia ter roubado o namorado. Dar-lhe-ia uma coça na boa se ela alguma vez o tentasse.