Rafael a caminho da prisão domiciliar no dia 15 de setembro. Foto por Matias Maxx/VICE.
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Quem compartilha da mesa perspectiva de Dandara é o sociólogo e curador de conhecimento Tulio Custódio, chamando a atenção para o processo de "descidadanização" dos corpos negros da sociedade contemporânea. A soma do legado da escravidão, do racismo estrutural brasileiro com o processo de moralização da pobreza a partir do conceito de meritocracia cria a percepção social de que indivíduos negros e pobres tem menos direitos na sociedade. "Ele (Rafael) sempre vai ser um suspeito – e essa situação de suspeição não é só uma 'suspeita', é uma condenação social da sua existência. Ele tem uma importância para a sociedade enquanto um indivíduo de produção, como era na escravidão, mas seu valor é [medido] como objeto de trabalho, e não enquanto sujeito".O movimento do qual Dandara faz parte lançou uma campanha para arrecadar fundos a partir da mobilização pública para comprar uma casa para a família de Rafael. "O espaço é pequeno e abriga muitas pessoas. Vale dizer que não é uma casa pro Rafael, que só poderá usufruir um pouco disso durante os meses que estiver de prisão domiciliar, mas sim pra a família dele ter um pouco mais de conforto."Sada concorda que a questão de Rafael não acaba apenas com a sua absolvição: "o caso Rafael não é um caso de reinserção social, mas sim de inserção. Ele enfrentou miséria e não teve acesso a direitos que são conferidos a todos nós. Acho que dívida da sociedade e do Estado ao Rafael é dar a ele dar um tratamento digno. É dente na boca, saúde, etc".Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram .