O que dizem as “pernas e os ouvidos” dos 23 seleccionados de Portugal

Na opinião do site Goal, Portugal é favorito entre os que "correm por fora" na Copa russa. No entanto, a cautela é o melhor bálsamo para evitar cair em qualquer tipo de euforia. Se passar a fase de grupos com Espanha, Marrocos e Irão, logo se verá.

No mítico México 86 - lembras-te do caso Saltillo? -, a equipa dirigida por José Torres suplantou a favorita Inglaterra (1-0), mas acabou por ser eliminado de modo prematuro ao perder, logo de seguida, com polacos e marroquinos (0-1 e 1-3, respectivamente). Não basta ter o fabuloso Ronaldo, atletas experientes e alguns diamantes prestes a brilhar. Ter uma atitude “brinca n'areia” com adversários teoricamente inferiores, pode dar cabo da mais humilde aspiração.

Estas são as expectativas em redor das “pernas” dos vinte e três seleccionados (com treze que transitam da glória de 2016), sem esquecer o engenheiro que acreditou na vitória em Paris. Para que o ramalhete fique bem composto, incluímos temas cujos títulos citam cada um dos eleitos por estes dias - pelo menos na maioria dos casos. O futebol é o momento, certo?

(Como vais ver, há atletas que têm o ponto de interrogação na equipa que representam e/ou representaram na presente época, pois, por diversos motivos - possível rescisão, empréstimo ou saída definitiva -, as suas permanências estão em águas de bacalhau)

Há dois anos, incutiu nos pupilos a forte possibilidade de vencer o torneio e acreditou que somente regressaria a casa depois da final. Na altura, sublinhou o valor da equipa, rezou como ninguém e, no dia decisivo, contou com um herói improvável (Éder). Que a sua profecia se repita para regressar depois de 15 de Julho. Era um espectáculo que assim fosse e uma curiosa comédia se, do outro lado, estivessem os “ boys” de Putin. Seria “fazer uma gracinha” parte 2…

(por ordem de numeração nas camisolas)

Epá, o mundo não precisava de levar com o trolaró da Luciana Abreu a apoiar as quinas; de saber que o Ricardo Carriço vai publicar um livro onde revela que chegou a consumir cinco gramas de coca por semana; ou de um novo álbum do rapper que, há uns anos, se armou ao pingarelho ao estragar a consagração de Taylor “poppy” Swift (isto de ser arrogante é só para quem pode, como Liam Gallagher). O que precisa é que este Patrício tenha a cabeça limpa. Ele merece, depois do bullying de que foi alvo. “Rui, compreendemos que preferisses passar três meses em retiro espiritual. Mas, o que é um torneio sem uns penalties defendidos por ti?”.

A propósito da Eutanásia, houve uma miúda que apareceu com o cartaz em que se lia “Por Favor não matem os velhinhos”. Sem demoras (e sentindo que prestamos serviço básico, perdão, público), gostaríamos de informar à jovem que é o idoso - ou outra pessoa com o mesmo desejo - quem pede para acabar com o seu próprio sofrimento. Voltando ao relvado, “aniquilar” o sucesso do ponta-de-lança é o que se pretende de Bruno “O Último dos Moicanos” Alves. Ouvimos dizer que a sua integração no lote dos privilegiados esteve em risco (na disputa com Luís Neto e Rolando) mas, se for utilizado, que revele ainda ter pedalada para a coisa.

Há quem acredite que Boss só há um e foi o tal que compôs um êxito sobre dançar no escuro (apesar de existirem versões do mesmo bastante simpáticas). O duro que veio do Brasil e que foi “adoptado” pelo nosso País - não confundir com as alegadas brincadeiras perigosas da IURD - , é um chefe que controla eficazmente o perigo do oponente. Por mais que deixe a pele em campo, é de evitar, contudo, dar caneladas que o façam tomar banho mais cedo.

Quem nunca se riu com George Constanza, faça favor de ir ao YouTube. Num dos episódios da celebrada série - precisamos de dizer qual? -, avançou com a pérola de que preferia “ser esquecido” a ser “lembrado”. O nosso “agente russo”, bem pelo contrário, fez uma temporada de altíssimo nível para voltar aos eleitos. Nestes dias, treina para que o entrosamento com os colegas se solidifique. Queremo-lo ver a galgar metros nas linhas “inimigas”.

2046, do realizador Wong Kar-Wai (em 2004), o disco Debut, de Björk (1993) e a revista Monocle, são modelos de que não basta parecer, é preciso ter elegância. O lateral esquerdo, que depois da chuva intensa respira bonança (tendo sido apoquentado por lesões na maior parte da época), é esbelto nas triangulações em que participa ou nos centros milimétricos que faz. Um estilo que levita os amantes do desporto-rei!

Todos a criticam, todos - de certa maneira - a invejam. Adivinha lá de quem estamos a falar? Damos algumas pistas. Há quem fale mal dela e, meio às escondidas, vai vê-la. Outros há, que lhe apontam o dedo até que ela lhes faça à vontade… e destape um podre do adversário. Ok, acertaste? Goste-se ou não, é unha e carne com as audiências (enviar o microfone para o lago também conta). Na imprensa escrita e na TV. Ahhh….pois, o Correio da Manhã gaba-se das suas fontes e a defesa da Selecção orgulha-se do José. O comportamento frente à Bélgica dá garantias de ser o parceiro ideal para rimar ao lado de Pepe.

Ninguém vê futebol à espera que se batam recordes, interessado somente nas estatísticas como se isso fosse comparável ao orgasmo de ver um golo (metáfora que tem a concordância de um estudo da Universidade de Coimbra). Para um dos maiores de sempre, tudo conta. Como CR7 tem uma ambição gigantesca e, ao mesmo tempo, é um trabalhador nato, o céu é apenas uma Estação de Serviço. Queres ver que vai estar ao rubro no Qatar 2022? Ronaldo está para além do impressionante.

Embora resida na terra do Príncipe Alberto e tenha a Fórmula 1 à mão de semear, é o oposto de velocidade (se bem que há adeptos que tanto o elogiam como rapidamente o criticam pela ausência de argúcia).

Moutinho é o fetiche do consolado de Fernando Santos - o outro era André Gomes - e quem marca invariavelmente o ritmo de jogo da equipa. Se estiver bem fisicamente, é daqueles transportadores de bola que dá passos (e passes) insofismáveis para chegar à frente com critério.

Um destes dias, numa conversa com excesso de testosterona, alguém comentava que os homens são (quase sempre) cães ao cheiro com intenção de facturar. O jovem André Silva, que cresceu a Norte essencialmente com Nuno Espírito Santo, foi razoavelmente utilizado na cidade da moda e do ex-império “bunga bunga” de Berlusconi. Mesmo assim, marcou uns quantos tentos na Liga Europa e o desejo é que repita esse farejar certeiro na Rússia.

O flirt é bonito de se ver quando há mútuo consentimento. Quando uma das partes estica a corda (geralmente the guys), corre o perigo de entrar na lista negra do movimento #MeToo. Tratar o esférico com meiguice e classe está ao alcance de poucos “iluminados”. Por aquilo que se tem visto nos jogos amistosos, o seleccionador arroga a importância do carinho oriundo das chuteiras de João Mário. Que elas distribuam amor para milhões de telespectadores.

O sucessor natural de Chalana e Paulo Futre, na arte de ser um canhoto incrível, é um dos protegidos de Guardiola. Com o treinador catalão, os últimos dez meses de Bernardo Silva foram quase um sonho brutal que virou realidade (faltou a Liga dos Campeões) e, dentro da normalidade, é titular de caras na equipa de todos nós. Toma nota: se os incríveis “floreados” lhe saírem bem, há golos a caminho.

Ser número dois de Trump é mau, mas pior seria ser o próprio. Ficar em último na Eurovisão é desmoralizador, mas pior seria se a organização do certame tivesse sido péssima. Não ter uma licenciatura pode prejudicar a candidatura a um emprego, mas pior é inventar algo inexistente. Além de ver Rui Patrício em clara superioridade, Anthony Lopes tem que “gramar” com a firmeza patenteada por Beto no recente confronto ante os belgas. Resta-lhe ter um “raio de luz” de esperança que o meta entre os postes…

Mudar de cor política, não é assim tão incomum. Durão Barroso foi do MRPP e hoje é o que é; Freitas do Amaral, com a “brincadeira” de se ter tornado ministro de um Governo PS, viu a sua fotografia ser retirada do Caldas; e Zita Seabra “desonrou” os comunistas ferrenhos ao passar para a ala laranja.

Às vezes, dentro das quatro linhas, mudar é imprescindível quando é o grupo que está em causa. A nova coqueluche da Luz - que muitos apontam como futuro capitão do clube -, tem potencial para ser um dos indiscutíveis no centro da defesa. Até lá, deve moderar o ímpeto desgovernado na disputa de lances fervilhantes. É preferível jogar com onze.

No Verão, há festivais de música a que se vai de olhos fechados. O Nos Alive, o Boom, ou o Vodafone Paredes de Coura, são garantia de um cardápio irrepreensível - se bem que o segundo é um planeta à parte. O único trinco de origem, que arruma a casa a partir de trás, prefere ter ao seu lado figuras com quem possa fazer “ping pong” com facilidade a meio-campo. Por terem um passado juntos, Adrien e João Mário são nesta matéria opções entusiasmantes para tentar iludir o (difícil de travar) tiki-taka desenhado por Lopetegui.

Como os tempos mudam. Há trinta anos, havia dois canais de televisão, o telefone de casa, ou o jornal em papel. Hoje, tudo isso pode estar centralizado num só gadget. A polivalência é um dos factores que valoriza um dos estreantes da Premier League. A intensidade que imprime como lateral ou avançado/extremo (de ambos os flancos) fez com que deixasse Nélson Semedo e João Cancelo fora da convocatória. Para o Mister, desde que cumpra exemplarmente a tarefa, tanto faz ser atrás ou à frente.

Quando se sabe que é atracção à primeira vista? É do body language? Ou talvez por a outra pessoa ter dito que adora determinado cineasta, quando julgamos que somos os únicos interessados nele? Ao observar Bruno Fernandes no relvado, a química é imediata. Em 2016, a expectativa à volta de Renato Sanches era enorme e, felizmente, esse potencial confirmou-se (bem, no último ano e meio nem por isso). Nas próximas semanas, o antigo atleta do Boavista pode ser o trunfo na manga em termos estratégicos. Com uma técnica apurada e uma dedicação com “pilhas Duracell”, foi, a nosso ver, o MVP da Liga NOS.

Recuando até 2008, destaque para uma série televisiva que foi uma óptima surpresa (falando para quem pouco se interessa por “motoquices”). Sons of Anarchy tem um enredo xpto, personagens a que depressa se segue o rasto e o foco num determinado grupo de motoqueiros e as rivalidades com os seus congéneres. Descodificando para o universo da bola, há “motos” f***das de apanhar.

Sané, Sterling, Rashford, Werner ou Mbappé, são nomes de primeiro plano e bem de perto estão Guedes e Gélson. Uma das maiores figuras em Valência, executa qualquer posição no ataque e as suas arrancadas, aliadas à finalização, podem ser vitais no desfecho de um resultado. Tem o cognome de “Ducati”, mas pode ser visto como uma mota letal no assalto à baliza contrária. (E o que dizer da extraordinária vitória do português Miguel Oliveira, em Moto 2, no GP de Itália/Domingo, 3 de Junho? Congratulazioni!)

(Completar com a mesma palavra) Certos internautas entram em _ _ _ _ _ _ quando o ídolo feminino aparece nas redes sem maquilhagem e photoshop. / Os fãs de Ed Sheeran ficam em _ _ _ _ _ _ se o rapaz magoa o dedo mindinho. / Os políticos com telhados e condomínios de vidro vão sentir _ _ _ _ _ _ , se Manuela Moura Guedes voltar ao jornalismo de investigação. / Às tantas, só os defesas, que enfrentam Gélson “parte a loiça toda” Martins, sabem qual o adjectivo apropriado (Bingo! Pânico). De resto, com um talento acima da média, será normal que o jogador siga para outras paragens depois da competição (isto se os faxes em Alvalade estiverem ligados…).

É o menos conhecido entre os fãs, mas pode surpreender neste novo desafio - o de defender as cores “tugas”. A excelente temporada no Calcio, prova que tem pujança necessária para substituir o outro “guerreiro”. Ainda sem internacionalizações a doer (e só rodado em encontros de preparação), o Observatório Internacional considerou Mário Rui o melhor defesa esquerdo nas principais ligas europeias, no primeiro trimestre de 2018.

O futebol português está cheio de alcunhas e “máquinas” que fazem furor nos Estádios - lembras-te do Ducati que por aqui passou? Assim de repente, houve o “pantera negra” (Eusébio), o “luvas negras” (João Alves) e o técnico que não tem mãos para o Ferrari (quando Jesus desconsiderou Rui Vitória). Quaresma aka Mustang é considerado a arma-secreta com maior experiência. Se os colegas do ataque andarem com a inspiração em baixa, é normal que seja mais do que uma sirene em ocasiões aflitivas.

Em 2013, o inenarrável Joseph Blatter (na altura responsável máximo da FIFA) falou e imitou Ronaldo de forma jocosa. Nessa declaração em público, afirmou que “os pais gostam de ter em casa” rapazes como Messi, ao passo que o português “é um comandante no campo (…) que gasta mais dinheiro no cabeleireiro que o outro”. Não sabemos se os parentes gostariam de ter “Cédric’s”, mas ele é o defesa certinho que os treinadores apreciam. A sua estaleca no campeonato inglês e o alto rendimento na “França do nosso contentamento” faz com que o lugar de lateral-direito seja dele.

O “goleiro” de uma Selecção com gabarito pode não ser o melhor de todos, mas deve evidenciar uma qualidade inabalável. Após a partida com a Bélgica, temos a sensação que Beto é o favorito para a casualidade de Rui Patrício falhar. Efectivamente, o seu know how no posto (com passagens no FC Porto, Sporting e Sevilha – onde “papou” três Ligas Europas) é marca de confiança.

Os imprevistos fazem parte das leis da vida. Caiu o Governo em Espanha e pumba, a substituição está feita. Havia dúvidas na formação do Executivo italiano e catrapumba, it’s done. Um dos supostos lesados de Bruno de Carvalho, por causa dos famigerados 14 segundos (conclusão que se pode tirar da entrevista dada por Adrien ao The Guardian), teve um início de época de olvidar. Com o passar do tempo e partidas somadas no país de Gary Lineker, caminha para a boa forma. Ele quer é viver a “febre” da bola e ser rigoroso tacticamente. Adeus ao martírio de passar três meses sem competir.

EQUIPA-TIPO (Provável): Rui Patrício; Cédric, Pepe, José Fonte, Raphael Guerreiro; William; Moutinho (ou Adrien), João Mário, Bernardo Silva; Gonçalo Guedes (ou André Silva) e Ronaldo.

A Selecção Nacional estreia-se no Mundial da Rússia frente à Espanha, a 15 de Junho/Sexta, às 19h00 (hora de Lisboa). As jornadas no Grupo B prosseguem com Marrocos, dia 20/Quarta, às 13h00, e fecham com o duelo com o Irão, de Carlos Queiroz, a 25 /Segunda, às 19h00.

Abaixo, como bónus, podes relembrar todos os golos de Portugal no Euro 2016.

Mais informações sobre o Mundial 2018, que decorre entre 14 de Junho e 15 de Julho, no site da FIFA.

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