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Música

Do Talento dos Cantores Japoneses Virtuais Para a Música Brasileira

Tem um grupo de japas virtuais cantando Pais e Filhos na internet como se fosse o seu tio bêbado no karaokê.

Um dos trechos de standup que eu mais gosto é um do Louis CK em que ele fala sobre o pessoal de outros países terem um gosto por comidas bizarras e conta sobre sua ida à China Town onde ele se depara com um barril cheio de vaginas de patos, ok, patas, mas no título usei “patos” p’ra ficar parecendo que um animal tenha uma vagina na pata (no sentido de perna), mas voltando ao Louis, logo em seguida ele fala que nem pensa em experimentar as vaginas de patas, pois correria o perigo de gostar e que estranho seria ser um amante de vaginas de patas.

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Eu fiquei pensando nisso uns tempos, sobre algumas searas de conhecimento tão específicas e bizarras que sempre achei melhor nem dar uma olhadela, como por exemplo a cultura japonesa de animes, mangás e videogames derivados disso. Não que eu não respeite o Japão, reconheço a importância desse povo nos mais diversos aspectos da humanidade e etc, mas essa galera otaku não me inspira muita firmeza. Na infância eu assisti uns Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, depois de um tempo decidi ver o Evangelion que todo mundo falava, mas beleza, não pretendo me aprofundar muito, pois corro o risco de virar mais um nas estatísticas de homens que desistiram de sair com mulheres de carne e osso p’ra dividir a vida com um travesseiro que também faz o papel de esposa.

Mas nessa coisa toda de importação de cultura japonesa e os caralho a quatro, tinha uma parada que me chamou a atenção, eram os vocaloids, que p’ra quem não sabe são programas de síntese voz, no qual podemos escolher sílabas, entonações e melodias, é um lance um passo à frente da moça do Google Translate que não canta exatamente do jeito que a gente quer. Mais do que um software os vocaloids são personagens, eles tem idade, peso, etc e eles tem mais fãs do que muitos cantores e cantoras que não são feitos de apenas duas dimensões.

Nos últimos dias, porém, me vi tentado a dar uma olhada maior nesse nicho de mercado musical, pois vi que noelkit e phasma (produtores japoneses que respeito) lançaram um tempo atrás um trampo chamado funwari-chan que usa um bocado de vocaloids, e nessa breve olhada consegui encontrar algo mais específico ainda que são as tentativas de fazer os vocaloids cantar em português, que obviamente saem zuadas pois as sílabas gravadas nos seus bancos de sons não são exatamente voltados para o nosso idioma. Vejamos aqui o que encontrei nesse meu arranhar da superfície desse assunto.

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“O que é, o que é?” — Gonzaguinha

Um bando de minazinhas japas e acho que um carinha, formando um baita grupo de samba tocando um Gonzaguinha, com direito a passistas e tudo, me faz lembrar um pouco do grupo Y-No.

“Paranauê Paraná”

A mesma trupe mandando o som p’ruma roda de capoeira, destaque p’ra pronúncia da mina que incorpora clássico estilo do Cebolinha e umas inflexões bonitas na melodia.

“Meiga e Abusada” — Anitta

Botaram um vocaloid de homem (eu acho) p’ra cantar uma música da Anitta, parece que ele ta gripado e com soluço ao mesmo tempo, ou talvez algo pior, difícil de definir.

“Do Lado de Cá” — Chimarruts

Quando eu achava que esse bagulho não poderia ir mais longe descobri esse cover que rolou do Chimarruts, aliás isso me faz pensar do porquê a grafia do nome da banda não tem uma interrogação e uma exclamação no final, deveria ter.

“Bete Balanço” — Barão Vermelho

Será que eles fizeram uma vocaloid completamente fanha ou isso é só uma opção?

“Totalmente Demais” — Perlla/ Hanoi Hanoi/Caetano Veloso

Se o próprio histórico de artistas que gravaram essa música já não bastasse p’ra fazê-la ser bem sui generis ainda somos brindados com essa versão que possui uma melodia ligeiramente mais moderna.

“Pais e Filhos” — Legião Urbana

Essa me surpreendeu, pois eu não sabia que vocaloids poderiam ficar bêbados/drogados.

No fim desse papo todo, minha reação sobre isso pode ser resumida na frase de Joseph Proudhomme (personagem de Henry Monnier):

Não gosto de espinafre. Felizmente! Porque, se gostasse, o comeria; ora, eu o detesto.