Fotos por Fernando Gomes
O ponto de encontro é a Rua do Hospício, nos arredores da Avenida Conde da Boa Vista, centrão recifense. "As pessoas que passam por ali chegam junto e até participam", conta Durap, produtor que fez parte do grupo Inquilinus e hoje também toca o coletivo/marca D’Outro Jeito, envolvida em boa parte das ações do hip-hop pernambucano. Mas quem garante a presença lá, duas sextas por mês, atraindo a atenção dos passantes, são os rimadores de Recife, com a língua afiada para mais uma disputa na Batalha da Escadaria.
Articulado por Durap, o evento é a rinha mais importante de Recife, e acontece há cinco anos. O esquema é aquele clássico: rimadores duelando sem microfone, com beatbox ou beats tocando em celulares e mp3 players, premiação pro primeiro e segundo lugares.
Tendo levado rimadores recifenses a algumas edições do Duelo de MCs Nacional em Belo Horizonte, surgiu a necessidade de um registro, e ele veio em forma de mixtape. , “Essa é a primeira mixtape de Batalha de MCs feita no país. Queria inovar e dar visibilidade aos caras que participam da Batalha da Escadaria. Esse é o propósito desde o início, valorizar os talentos daqui, tanto de Recife como de Olinda e outras cidades do estado”, conta Durap. O trampo rendeu oito faixas, com Rodrix, Long, Doug Miolo, Rimocrata, Tai, Diomedes, Anêmico e Poema Liricista rimando em beats assinados por nomes como Laudz e Skeeter. A mixtape está disponível aqui e nas ruas, com mil cópias prensadas.
"O público tem crescido e é bastante misto, inclusive com a presença frequente das crianças que vivem em situação de rua. Um dia desses, um senhor idoso nos falou que achava a batalha muito interessante, porque lhe lembrava de sua época com os repentistas e emboladores, que também fazem suas rimas de improviso nas ruas", conta Durap.
Além da Batalha e ao mesmo tempo correndo junto a ela, artistas como Gustavo Pontual, Chave Mestra, Cartel Gangster PE e Sem Peneira pra Suco Sujo têm chamado atenção para as rimas feitas com sotaque pernambucano. Videoclipes e parcerias com MCs de outros estados são algumas das armas que os caras têm usado para se destacar no jogo. Coletivos como Rapresenta, Igual NE Records e o próprio D’Outro Jeito têm feito o corre por trás dos palcos necessário para que a parada continue funcionando.
Para Durap, o mais interessante da Batalha da Escadaria é transformar a rua em um espaço de cultura. "Acho massa essa ideia da ocupação de espaços em que durante o dia transitam pessoas em busca de trocas comerciais, financeiras e à noite se transformam em espaços de troca de visões de mundo, informações e arte".
Se estiver em Recife nessa sexta (4), aproveita e chega lá na Rua do Hospício. Às 20h será realizada mais uma edição da Batalha naquele estilo pesado, com 12 MCs duelando nas calçadas.
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