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Música

Humans of Grunge

O grunge une as pessoas.

Você coleciona camisas de flanela e prefere sua música com afinação em ré? Você tem uma perua mas acha que o Grateful Dead tocava muito devagar? Se suas respostas a todas estas perguntas foram “sim”, certeza que você esteve na Neil Young’s Bridge School Benefit em Mountain View, Califórnia, neste último final de semana. O show acústico beneficente, em prol de uma escola da Bay Area que atende crianças com deficiência, tornou-se uma adorada tradição de outubro para fanáticos por Neil Young e grunges. Young sempre faz a curadoria de forma eclética, e este ano não foi exceção. O line-up contava com nomes como Norah Jones, Brian Wilson, Band of Horses, Tom Jones, Florence + the Machine, e até mesmo a ex-mulher de Neil, Pegi. Mas os chamarizes mesmo eram Pearl Jam, Soundgarden e o próprio Neil, talvez o trio mais grunge de todos os tempos.

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Cruzei por todo o público no Shoreline Amphiteatre e fui surpreendido pela evolução do público do Pearl Jam. Os devotados à banda – conhecidos como Jamily [um trocadilho com Family, família em inglês] – haviam se transformado em uma tribo itinerante com uma intensidade similar a dos Juggalos. A grande parte dos integrantes da Jamily usa camisetas do Pearl Jam em shows, ignorando o conselho que Jeremy Piven deu a Jon Favreau em U.M.A. – Universidade Muito Animal para não “ser aquele cara”. Mais da metade do público presente era composto pela Jamily, algo confirmado quando cerca de 50% dos presentes caiu fora depois do show do Pearl Jam, pouco antes de Young subir no palco.

Estas são algumas das pessoas que encontrei na Saturday’s Bridge School Benefit, e suas histórias. Então bota Superunknown pra rolar no seu Discman, aumenta o volume e conheça as pessoas do grunge…

CHRISTINA

“Peguei um avião de Seattle pra ver o Pearl Jam. Comprei esta camisa no aeroporto de Sea-Tac esta manhã, na nova loja da Sub-Pop.”

RUFUS

“Vim a 30 das 35 edições da Bridge School Benefit. [Nota do editor: a edição de 2014 foi a 28ª do evento] Venho para ver o Neil e mais ninguém. Não canso de ouvir ele tocando “Sugar Mountain”. Digo, até queria que ele deixasse de tocá-la, mas não me canso dela.”

RACHEL

“A primeira vez que assisti Vida de Solteiro foi em 2000. Eu não estava assistindo ao filme pelo filme, queria ver o Pearl Jam.”

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PRANEET

“Cresci em Mumbai. O Pearl Jam nunca foi pra Índia e eles não fazem sucesso lá. Mas ouvi ‘Jeremy’ na internet quando tinha 17 anos, em 2003. Pirei. Agora amo Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains, Mad Season – amo tudo que há de grunge.”

JOANNA

Você está fazendo seu dever de casa em um show de rock?

“Tenho um teste na minha aula de matemática na segunda-feira. Tô tentando estudar. Nós frequentamos uma faculdade comunitária em San Luis Obispo. Viemos de carro pra ver o show.”

Quem você está ansiosa pra ver hoje?

“Norah Jones.”

FLORA

“Sou da Itália. Você acredita em Deus? Porque Neil Young é Deus. Acredite n’Ele.” JEFF

“Vi o Pearl Jam tocar no Drop in the Park em Seattle em ’92. Eu tinha doze anos. Foi lendário. Bicho, eu curti com o Eddie e o [ex-jogador da NHL] Chris Chelios no bar uma noite dessas.”

JEFF AND FLORA

“Sim, estamos namorando. A Flora já viu o Pearl Jam 23 vezes. Eu os vi 19 vezes. Vou alcançar ela.”

DAVID

“Tudo que quero ver hoje é a volta do Temple of the Dog. É tudo que EU QUERO.” [Nota do editor: Chris Cornell se juntou ao Pearl Jam pra tocar “Hunger Strike” no sábado e no domingo]

TORI

“Vim de Pittsburg. Esta é a minha primeira vez em Bridge School. Minha mãe me fez curtir Pearl Jam. Essa é a 13ª vez que os vejo, e a primeira sem minha mãe.”

JEFF

“Sou de Calgary, Alberta. Vim ver o Soundgarden. Estou hospedado no centro de San Jose, e fui a um bar furreca ontem de noite. O Sludgebucket tava tocando. Era um stoner metal meio progressivo, daí comprei essa camisa, saca, pra apoiar as bandas locais.”

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BRUCE AND BETH

Beth: “Eles chamam o Neil de o Poderoso Chefão do Grunge, mas isso é besteira. Neil é um roqueiro. O conheci em sua casa nos anos 70, no seu estúdio, por conta de uma de suas namoradas. Foi numa época em que ele andava muito punk e esquisito.”

JULIA AND DAVID

Julia: “Já vi Neil Young três vezes, sempre com o meu pai. A primeira vez que vi o Neil tocando, meu pai me colocou sobre seus ombros enquanto tocava ‘Rockin’ in the Free World.’”

TROY

Qual a sua lembrança mais feliz relacionada ao Pearl Jam?

“Ouvir Pearl Jam em um carro na neve com 13 anos.”

Onde você estava indo?

“O carro estava estacionado.”

Onde estava o carro?

“Na garagem.”

Em que cidade você estava?

“Ogden, Utah.”

Você lembra qual era a música?

“’Alive’.”

Qual foi a maior distância que você já percorreu para ver o Pearl Jam?

3540 quilômetros.

Onde começou e onde terminou essa viagem?

“Aqui e ali.”

TIM

“Eu curto grunge. Já vim a 14 edições da Bridge School, então já vi o Pearl Jam várias vezes. Estou ansioso pelo Soundgarden, mas vim mesmo pra ver o Neil. Desde que eu estava no ensino médio deixei que os gostos de Neil direcionassem o que escuto. Comecei a curtir grunge porque Neil apoia estas bandas.”

Nos últimos 14 anos você passou por alguma situação relacionada ao Neil aqui que fosse especialmente memorável?

“Em 2004, meu filho sofreu um acidente de carro. Seu rosto foi esmagado e ele perdeu um olho. Uns meses após o acidente, enquanto ele ainda passava por uma difícil recuperação, ele veio comigo à Bridge School. Naquela noite, Neil tocou ‘Only Love Can Break Your Heart’ com Paul McCartney. Enquanto Neil cantava com Sir Paul, começou um aguaceiro do nada. Éramos praticamente apedrejados pela chuva. E em meio à tempestade, com aquela canção no ar, olhei para o meu filho e me senti tão grato por ele estar vivo. Ele está aqui comigo hoje.”

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RICK

“Já vi o Pearl Jam mais ou menos umas 50 vezes. O melhor show foi no Gibson Amphiteatre em Los Angeles. Um amigo meu, Dom, levantou um moletom da Santa Cruz no meio do show. Eddie sorriu e acenou com a cabeça pra gente, porque ele curte a Santa Cruz. Daí o Dom jogou o moletom no palco, mas um roadie pegou antes que o Eddie pudesse vê-lo.

CHRISTIAN

“Nem ligo pra nada de grunge. Cresci em Nova York. Era do hardcore. Sempre achei que grunge era coisa de otário deprimido.”

Se você não gosta de grunge, por que veio ao show?

“Pra ver o Tom Jones.”

Você era do hardcore e veio ver o Tom Jones?

“Meu primo toca na banda dele.”

Tradução: Thiago “Índio” Silva