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Música

O DJ Jonathan Toubin Tá em SP Tocando os Clássicos do Soul

Ele está mais interessado em fazer você balançar do que na Copa do Mundo

Cara, tá tendo muita Copa. É tanta Copa que bate até um desespero só de pensar que ela tá acabando. Eu mesmo, enquanto escrevo este post, espero ansiosamente que a seleção brilhe muito em campo, conquiste a taça e repita os jogos só pela zuera.

Só que Copa não se faz apenas dentro do estádio. Tem muita gente (gringos principalmente) mais interessada em se esbaldar nas comemorações, encher o caneco e se jogar nas pistas de dança do que em assistir os jogos. A Vila Madalena que o diga.

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O DJ Mr. Jonathan Toubin é um desses gringos que não se ligam muito em futebol, mas compensam nos festejos. Ele é residente da New York Night Train, a melhor festa soul de Nova York, e está no Brasil para tocar e aproveitar esse clima maravilhoso de alto astral e ~good vibes~.

A New York Night Train é fodona porque tem um setlist bacanudo, todo trabalhado no soul e na black music, que faz até os mais tímidos e duros (que é o meu caso) dançarem a valer. Inclusive, rola um concurso que premia os melhores dançarinos da noite.

Aqui no Braza, o Jonathan pretende reproduzir o sucesso das pistas nova-iorquinas em duas festas em SP: a Talco Bells, no Cine Joia, essa sexta (4), e a Pracinha, no sábado (5). Ouvi uns sets no Soundcloud e fiquei bem empolgado, aí mandei uns e-mails pro cara, pra saber mais sobre essa animação toda.

Noisey: O que você está achando da Copa do Mundo no Brasil? Os Estados Unidos jogaram um bolão, acredito que você tenha visto.
Jonathan Toubin: Eu não assisti a Copa esse ano. Mas não leve a mal – não sou muito de assistir TV, muito menos de acompanhar esportes. Sinceramente, nem sei te dizer quem ganhou os campeonatos mundiais, o Superbowl ou a NBA… eu não vejo nem as Olimpíadas! Mas eu lembro de ter visto a Copa de 2002 quando estava na Europa, e o Ronaldo e a seleção brasileira eram os melhores, de longe. Comemorei muito quando vocês bateram a Alemanha! Agora, como estou no Brasil, espero poder acompanhar os jogos na frente da TV com meus amigos.

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E a festa brasileira? Tá curtindo?
Difícil dizer! Esta vai ser a primeiríssima festa no Brasil. Mas eu gosto muito de sair com meus amigos brasileiros – especialmente Garotas Suecas e Joel Stones do Brazilian Fuzz Bananas.

É a primeira vez que o New York Night Train vem ao Brasil. No meio dessa loucura de Copa, quais são as expectativas pro rolê?
Essa é a primeira vez que eu venho ao Brasil. Eu sou um grande fã do país e da cultura. Eu fui ver o primeiro show dos Mutantes nos Estados Unidos, Tom Zé e tudo mais, e eu sou muito fã da música brasileira. Meu amigo Joel Stones, que eu acabei de mencionar, teve uma loja chamada Tropicália In Furs e toda semana me mandava todo tipo de músicas brasileiras fantásticas. Então faz anos que eu tenho vontade de vir pra cá – mais do que qualquer outro lugar. Isso dito, estou muito ansioso e espero que todo mundo pire na pista todas as noites!

E como é discotecar soul? Você aposta nos clássicos ou prefere buscar sons novos pra compor o set?
Quando eu lanço uma música soul, eu tento ousar esperando que cada música seja única e que todo mundo se empolgue – incluindo eu mesmo. Eu encontro um monte de faixas de 45s todo mês (todas originais!) que eu espero que sejam tão novas pro meu público quanto elas são pra mim, para que a gente possa entrar num mundo desconhecido juntos. Eu toco uma ou duas faixas relativamente conhecidas numa noite, mas ao invés de músicas que vão ser reconhecidas e apreciadas desde a primeira batida, eu tento oferecer uma experiência que as pessoas não têm todos os dias com músicas que eles não ouvem todos os dias. Isso dito, eu não quero que essa coisa mais obscura seja chata, mas sim que cada uma das faixas seja tão boa que você pense “como foi que eu nunca ouvi essa música antes?”, mas que esteja tão ocupado dançando que vai esquecer disso até o dia seguinte.

Você se lembra da melhor dança que alguém já fez numa festa sua?
Difícil dizer. Tanta gente é boa por tantos motivos diferentes que eu nunca poderia escolher um ou outro. Mas meu dançarino favorito de todos os tempos é Carlos Alvarez – um colombiano que dançava muito em Nova York. Ele faleceu há alguns anos. Ele estudou os movimentos do James Brown e criou um estilo próprio muito louco a partir disso. Ele era um desses caras raros que podiam quebrar tudo, mas era sensível o suficiente para dançar com os outros sem ficar se mostrando. Ele dançava com o salão todo. Você conseguia ouvir os passos dele de longe durante as pausas. No momento que ele entrava pela porta, a energia do lugar duplicava. Mesmo que você não o visse, você sentia a presença dele. Eu acho que o espírito dele ainda está por aí quando as coisas esquentam. Quem sabe ele não vem me ajudar aqui?

Como você criou o concurso de melhor dançarino?
Pra ser sincero, meio que começou como piada. Eu estava numa banda com um cara que desafiou outro cara pruma dança numa festa de manhã em um loft do Brooklyn onde eu estava discotecando – e foi muito engraçado assistir esses dois caras tentando superar um ao outro. Também foi legal ver o público escolher um lado e botar pilha. Na semana seguinte, eu então fiz um mini concurso de dança inspirado nisso, para deixar a festa mais interessante. Enquanto essa coisa crescia, eu comecei a chamar os caras do bairro pra serem os juízes, e a maioria dos nossos amigos eram os dançarinos. Então era só uma imitação bem-humorada desses concursos de dança da TV para um pequeno grupo de amigos. E com o passar dos anos a coisa toda cresceu e virou esse negócio grande e estranho que é hoje.