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Música

Saí Com a Minha Paixonite de Segundo Grau: o Adam Lazzara, do Taking Back Sunday

Passar umas horinhas com Adam Lazzara costumava ser a minha resposta padrão sempre que a pergunta "qual é o seu encontro ideal?" surgia em um quiz pessoal do Myspace.
Emma Garland
London, GB

Todas as fotos por Jake Lewis.

Não há tanta diferença assim entre entrevistar um cara e sair com ele, especialmente se, como eu, você insiste em entrevistar pessoas pelas quais tem um mega crush. No final das contas, achamos que seria mais seguro para todas as partes envolvidas se simplesmente chamássemos a entrevista de encontro desde o início.

Passar umas horinhas com Adam Lazzara costumava ser a minha resposta padrão sempre que a pergunta "qual é o seu encontro ideal?" surgia em um quiz pessoal que eu tirava de uma corrente de e-mails e repostava em um boletim do Myspace. Mas, se alguém me dissesse, quando eu tinha 14 anos, que em algum momento da década seguinte, eu realmente estaria sentada tomando um café com o garoto propaganda dos anos 90 – o homem que foi o pioneiro da franja lateral antes mesmo que Bieber aprendesse a falar, o frontman do Taking Back Sunday – essa simples ideia teria me feito rir com barulho de porquinho e fazer mímica de vômito com a boca.

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Porém, lá estava eu, sendo guiada até uma cabine do café Roundhouse pelo agente de imprensa dele, de um jeito que nos fez sentir como um casal de crianças de 12 anos num encontro que tinha que ser supervisionado para evitar o exagero nas mãos bobas.

E note bem, ele quase chegou a tirar uma das meias e depois falou de dar uns pegas enquanto eu tentava não sair flutuando do meu assento, então talvez fosse totalmente necessário haver alguma supervisão.

Então, esse local foi escolhido para nós por motivos de praticidade e tempo, mas se não estivéssemos tão limitados por esses fatores, aonde você me levaria? Acho que nessa situação hipotética você seria, idealmente, solteiro.
Há. Meu lugar clássico para um encontro provavelmente é um restaurantezinho tranquilo, estilo bistrô, porque a ideia é que seja chique, mas não chique demais.

Chique sem a pressão, tipo comer umas trufas jogadas no colo da calça?
Isso. Chique num sentido que você não tem que ir super bem-vestida nem nada assim.

Num encontro, é bom falar de épocas em que você era espontâneo e despreocupado, de modo que não pareça tanto ser o entediante escravo assalariado em que se transformou. Vamos falar sobre a juventude! Como foi pra você a época em que estava crescendo?
Foi massa. Não havia muita gente que pensasse parecido comigo onde cresci, é meio que só uma cidadezinha sulista, mas quando encontrei meu grupinho de amigos, a gente corria juntos pra lá e pra cá, levando nossos skates para todo canto, saca.

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Você morou em Nova York por um longo tempo, né?
É a melhor cidade do mundo. Eu me diverti muito lá. Morei lá desde que tinha 18 anos até mais ou menos os 27, então foi um bom tempo.

Por que saiu de lá?
Estava me divertindo demais.

É claro que estava. Certo, agora vou usar da sua primeira infância para que você sinta que está surgindo uma ligação emocional mais profunda entre nós. Então: como que foi o colégio para você?
Eu adorava Inglês e Literatura e esse tipo de coisa.

Qual é o seu livro favorito?
De todos os tempos? Eu sei que é uma resposta comum, mas: Apanhador no Campo de Centeio, cara. Quando estava no segundo grau, ficava levando ele comigo para todo lado. Tipo, naquela idade, você quer ser Holden Caulfield. Mas cara, meu favorito de todos os tempos, essa aí é difícil. Teve um que eu reli faz pouco tempo, chamado Sobrevivente, do Chuck Palahniuk. Tem uma hora em que fica bizarro e um pouquinho chocante, mas gosto do jeito que ele escreve.

Sim, os livros dele são ótimos. Gostei muito de Diário e acho que esse livro recebe menos amor do que deveria.
Sim! É doido, porque ele soltou esse e aí lançou outro não muito tempo depois, e acho que talvez não tenha rolado um tempo suficiente entre os livros, saca? O mais recente dele ainda não peguei pra ler, mas a premissa é tão estranha. Coisas desse tipo eu não posso ler em turnê, porque fico…

Em crise existencial?
Sim, exatamente. Tipo: "ai meu Deus, o que é que eu estou fazendo? Não estou ajudando o mundo…"

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Então, que livros você trouxe para ler na turnê dessa vez?
Estou com um livro de palavras cruzadas, mas isso não conta.

Não conta mesmo. O que mais você costuma fazer para matar o tempo enquanto está em turnê?
Depende do dia. A gente normalmente tenta dar uns passeios, sentir como é o lugar, mas também é tipo, você não quer ir longe demais, porque pode acabar se atrasando para alguma coisa que tem que fazer e que vai demorar tipo meia hora, e tem um monte de coisas espalhadas pelo dia. Basicamente, enquanto estamos por aqui, a gente passa muito tempo procurando por uma conexão de internet para poder entrar em contato com o pessoal de casa. Isso ou tocar guitarra ou passar tempo juntos só. A gente é muito bom em simplesmente passar tempo juntos.

É bom estar de volta com John Nolan e a formação original?
É, sim. Acho que todos trabalham muito bem em conjunto, mas existe também um certo nível de conforto que é bom demais. Parece que estamos em família, como se eles fossem meus irmãos, saca?

E como eram vocês no início? Qual era a proporção entre farra e palavras cruzadas?
A gente ainda farreia, acho, só que do nosso jeito. É bem mais calmo. A gente já não sai tanto, mas nesse campo a gente também teve história…

O que aconteceu da primeira vez que você ficou bêbado na sua vida?
Certo, então, eu estava morando com meu pai no outro lado da cidade em relação ao meu melhor amigo, Josh. Josh tinha uma irmã mais velha que tinha acabado de se casar, mas eles eram ainda bastante novos. Um dia eles foram de carro para o outro extremo da cidade para me pegar e, quando entrei no carro, ele tinha enchido a garrafa de refrigerante com vodca. Era uma cidade pequena e não tinha muita coisa pra fazer, então acho que a gente só pegou e foi até um estacionamento em algum lugar, ou um shopping – um lugar qualquer – e enchemos a cara pra valer. Lembro de voltar para casa, abrir a porta e ir direto para o meu quarto me deitar. E eu estou todo assim [balançando os braços para indicar que estava todo bêbado e tonto] e meu pai falando: "péra, você está…?!" e depois ficou sem falar comigo por alguns dias.

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Ah, não, a bronca silenciosa. Essa é a pior.
Sim, com certeza, a pior. E também acho que nessa época eu tinha tipo 14 anos, a mesma idade em que coloquei piercing na língua, e ele achou que aquilo era o cúmulo, era tipo o fim do mundo. Depois disso ele ficou sem falar comigo por uma semana.

Você ainda tem algum dos seus piercings?
Não, não tenho mais. Coloquei na sobrancelha, depois na língua, aí tirei o da sobrancelha e coloquei no lábio e no nariz, e pois é. Daí eu descobri as tatuagens e foi tipo, aaaaah, lá vamos nós. Foi tipo uma bola de neve.

Qual é a sua tatuagem favorita?
Das minhas?

Sim. Você não tem a palavra "Dirty" tatuada no peito?
Ha ha, sim. Essa é em homenagem ao meu parça, Dirty. Ele tem "Adam" escrito nele também. Teve uma noite em que o nosso empresário de turnê na época mostrou pra gente como enfiar e mexer a agulha, o que é nível basicão mesmo, você só esteriliza a agulha, embebe ela na tinta e põe na pele. Então a gente fez umas carinhas sorridentes com uma linha reta fazendo a boca, em vez de um semicírculo. A gente chamou de "Galera da Cara Quieta", esse era o nosso lance.

Onde fica?
No meu tornozelo. Não tem como você ver a menos que eu tire as meias, e esse não parece o tipo de lugar para fazer isso. Aqui é limpo demais.

Infelizmente, acho que sou obrigada a não estimular que você tire a roupa em público. Então, qual foi o seu primeiro endereço de e-mail?
Não lembro qual foi o meu primeiro, mas o primeiro que usei para a banda foi iwillendyouincorporated. No Gênio Indomável, tem aquela cena em que o Matt Damon está conversando com o Robin Williams, e ele menciona a esposa do Robin Williams, e ele diz "eu vou acabar com você", e eu fiquei, tipo, que foda, cara. Ah, e também Vanilla Sky. Tive um crush pesado na Penelope Cruz durante um tempo, e naquele filme ela diz pro Tom Cruise, numa voz falsete muito bonitinha, saca, com o sotaque dela e tudo, "fuck them". Então o meu nome foi f-them-penelope por um tempo.

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Certo, mais perguntas de primeiro encontro. Qual é o seu filme predileto?

Clube da Luta. Até hoje. Fazia uns cinco ou seis anos que não via, e acabei de rever há pouco tempo, e o tempo todo era como se eu me perdesse no filme. Então ele continua firme. Amor à Queima Roupa também, que acho que é um dos melhores. Esses provavelmente são os meus dois favoritos.

Esses dois filmes têm aquele lance de alternar entre amor intenso e violência intensa.
Sim. Por algum motivo, gosto muito disso. Há.

E qual é o seu programa de TV favorito?
Você já viu House?

Estrelando Hugh Laurie e seu sotaque americano?
Ele é ótimo! Eu não fazia ideia. E daí vi ele dando uma entrevista e me perguntei por que ele estava fazendo um sotaque britânico. Ele é bom nesse tanto.

A melhor coisa dessa série é que é simplesmente o mesmo episódio toda santa vez. Tipo, alguém chega com alguma doença leve, e o House fica tipo: "nem, tem alguma outra coisa acontecendo aqui". Daí, seja lá o que for, vai ficar muito pior, e daí alguém chega e diz: "ai meu Deus, é Lupus", e aí o House propõe alguma alternativa ridícula e salva tudo.
Mas ele não salva antes que faltem uns dez minutos para o episódio acabar, daquele jeito em que ele fica tipo: "eu sou horrível, mas sou BRILHANTE".

*as luzes do café se acendem*

Eita, pessoal, assim vocês quebram o climinha.
É, né? Estragaram. Bom, acho que a gente não vai mesmo dar uns pegas.

*luzes apagam novamente*

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Ou vai?

Não brinca comigo. O que aconteceu no último sonho que você teve?
Noite passada sonhei que recebia uma ligação do meu tio, telefonando só pra saber como eu estava. Também sonhei que chegava em casa e todos os meus instrumentos estavam quebrados. E lembro desse sonho porque acordei e fiquei tentando entender o que significava. Porque claramente algum significado tem que ter, né? Na maioria das manhãs eu já acordo sem lembrar de nada.

Certo, deixa eu te fazer uma pergunta que realmente faria a alguém num encontro: qual é a sua música favorita do Taking Back Sunday?
Nesse momento, provavelmente "All The Way" (abaixo). Só porque eu acho que é muito diferente de tudo que a gente fez antes, e também tem muito a ver com o meu gosto musical. Não que as outras músicas não tenham, porque têm sim, mas nessa aqui eu sinto que a gente realmente acertou alguma mosca.

Tem alguma coisa que você simplesmente se recusaria a tocar?
Quando a gente ensaia, não tocamos "Cute Without The E" e nem "You're So Last Summer", tipo, nunca. Quando tocamos ao vivo, elas meio que tomam vida própria, o que as torna muito divertidas, mas quando somos só nos cinco em uma sala é tipo affff certo, lá vai essa de novo! AH. Forest Gump. Esse é outro dos meus filmes favoritos. Não consigo ver sem chorar. Toda vez.

Que outros filmes fazem você chorar?
Eita. Provavelmente A Felicidade Não Se Compra. No finalzinho não tem como segurar, tipo, sem chance. Up também é bem difícil de aguentar o rojão.

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Os primeiros 15 minutos são arrasadores.
Isso! E aí bem no finalzinho eles fazem você ficar chorão tudo outra vez.

Eu chamo isso de sanduíche triste.
Aquele filme é muito um sanduíche triste. Estou me sentindo mal por não fazer perguntas a você também, aliás.

Massa isso, ninguém quer saber sobre mim quando Adam Lazzara está no local.

E daí Adam Lazzara deixou o local, porque tinha que dar outras entrevistas e também fazer isto…

Siga a Emma no Twitter: @emmaggarland

Tradução: Marcio Stockler