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Tecnologia

​Um Passeio pela Vida Marinha na Mais Alta Montanha Submarina do Reino Unido

Ninguém esperava que uma montanha submersa na Escócia revelasse tantas espécies. Agora é preciso preservar.

Embora o Reino Unido seja um conjunto de ilhas, seus mares gelados não são exatamente conhecidos pela fauna e flora interessantes. Mas a primeira exploração de uma montanha submarina a oeste da Escócia revelou algumas espécies inesperadas desses mares pouco hospitaleiros.

Certamente não existem peixes tropicais multi-coloridos, mas um vídeo capturado por pesquisadores da Universidade de Heriot-Watt, que levaram um robô submarino para o monte submerso Hebrides Terrace, mostra populações de corais, algumas das quais eles esperavam encontrar em profundidades maiores. Você pode ver a câmera se aproximar bem empolgada aos corais de tons opacos do recife, com um peixe estranho por ali e uma aparição de um polvo por volta dos 3:40s.

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O monte Hebrides Terrace chegaria a 1.400m acima do nível do mar, o que a faz, comparativamente, maior que a montanha Ben Nevis, ponto mais alto da Grã-Bretanha. Ainda assim, ela está bem abaixo da superfície; o veículo da equipe exploradora foi a 1.695m na missão. E é por isso que a descoberta dos corais foi surpreendente – o ambiente nessas profundidades não é particularmente cômodo, e uma publicação da Heriot-Watt explica que a água a esse nível é mais corrosiva para os corais.

Numa publicação no Scientific Reports, da revista Nature, os pesquisadores divulgaram um total de 109 espécies identificadas, sendo que o mais comum nas observações foi o maior organismo unicelular conhecido, Syringammina fragilissima. O pico da montanha não apresenta muita diversidade de espécies, mas os flancos servem de lar para uma impressionante e vibrante comunidade subaquática.

Mas a boa surpresa da descoberta pode ter um triste revés em breve. Sabe-se que a medida que aumentam as emissões de carbono, também aumenta a acidez dos oceanos da Terra – e isso acaba por literalmente derreter algumas espécies. O biólogo marinho J. Murray Roberts, um dos autores do estudo, disseram à BBC que o mesmo pode acontecer na região da pesquisa. "O dióxido de carbono lançado na atmosfera está mudando nossos oceanos e as previsões para o Atlântico são de que os corais serão expostos a um ambiente mais ácido que dissolverá seus esqueletos", diz ele.

Então, apesar de os corais estarem agarrados à montanha, sua existência – e de outras espécies que dependem deles – se tornará mais difícil.

Por enquanto, isso é o que os torna particularmente tão interessantes para estudos. Segundo os pesquisadores, eles "podem ser um importante medidor de mudanças climáticas, porque eles já estão crescendo no limite."

"Precisamos voltar a esses locais para investigar como esses corais são capazes de sobreviver nessas condições difíceis", sentencia o biólogo Robert.

Enquanto isso, há ao menos uma boa notícia: há duas semanas o monte Terrace Seamount passou a fazer parte das Áreas Marinhas Protegidas da Escócia.