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Helsinki

Favor Tocar na Obra: Impressões 3D para Deficientes Visuais

Um grupo de profissionais digitais na Finlândia está em uma missão para promover acesso igualitário às artes visuais.

Todas as imagens são cortesia de Unseen Art

Unseen Art é um projeto que visa dar à Mona Lisa e outras grandes obras de arte um tratamento 3D para que possam ser tocadas e, portanto, torná-las acessíveis a deficientes visuais. “No mundo todo há muitas pessoas que, pela vida inteira, ouviram falar sobre obras clássicas, mas não podem vê-las”, diz Marc Dillon, entusiastado projeto. “Agora elas podem, pela primeira vez, ter uma experiência com essas obras e criar suas próprias impressões e opiniões.”

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O projeto está atualmente em fase de captação de recursos através da plataforma Indiegogo, e oferece a seus apoiadores impressões em 3D da Mona Lisa, que podem ser mantidas ou doadas a alguma organização de atendimento à comunidade de deficientes visuais. O dinheiro arrecadado será usado para financiar uma plataforma online na qual arquivos 3D serão oferecidas para download gratuito, tornando assim a versão da obraacessívelem qualquer lugar onde haja uma impressora 3D. Até o momento, a Mona Lisa é a única obra cuja versão 3D já foi concluída, mas, posteriormente, uma equipe de curadores criará uma coleção inteira. “Estou empolgado para ver obras do Impressionismo, além de a Noite Estrelada de Van Gogh, é claro”, diz Dillon via e-mail ao The Creators Project, diretamente de Helsinque.

“Acreditamos que obras de alta qualidade possibilitarão que tanto deficientes visuais quanto pessoas sem deficiência tenham um novo tipo de experiência com a arte e incentivarão um maior número de doações de peças. Como toda arte produzida estará disponível para download gratuito no site, uma exposição oficial pode ser baixada e impressa em qualquer lugar do mundo e gerar um enorme impacto positivo”, continua.

Para Dillon, o projeto ainda tem relação com um aspecto pessoal. “Nasci com um braço mais curto que o outro. A vida toda tive que provar que era capaz de fazer tudo que queria, desde tocar violão e andar de moto, aser salva-vidas e levantar peso. Eu também tinha um tio que era mecânico e ficou cego já adulto devido ao glaucoma, e vi que ele conseguia fazer quase tudo que uma pessoa sem deficiência visual conseguia.”

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Dillon, que esteve à frente de uma campanha de captação de recursosque arrecadou2,5 milhões de dólares para a empresa de design de dispositivos móveis Jolla Oy, foi contratado pela Adventure Club para coordenar o projeto Unseen Art. A empresa finlandesa oferece serviços de digitalização para projetos de caráter social,e está usando seus próprios serviços como forma de contribuição. Tommi Niskanen, chefe do setor de criação da Adventure Club, teve a ideia após ver um menino com deficiência visual distinguir duas medalhas de natação idênticas pelo simples fato de uma ser de ouro e a outra de bronze. Foi então que o conceito de arte produzida através de impressão 3D surgiu.

Para testar o conceito, Niskanen e Dillon levaram sua primeira impressão 3D ao Instituto de Deficientes Visuais da Finlândia. “Eles estavam muito empolgados para tocar a Mona Lisa!”, lembra Dillon. Em um vídeo promocional do projeto, é possível ouvir as impressões da experiência de uma mulher com deficiência com a obra de da Vinci através do toque. Assim como inúmeras pessoas ao longo da história, a mulher também fica intrigada com a expressão misteriosa de Mona Lisa: “Ela é um pouco… enigmática”, diz. “E não tinha exatamente uma beleza clássica!”

Para saber mais sobre o projeto Unseen Art, clique aqui.

Tradução: Flavio Taam