O zoo mais deprimente do mundo nem sequer tem animais

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O zoo mais deprimente do mundo nem sequer tem animais

Quando o estado trata melhor os seus animais do que os seus cidadãos.

Myanmar é um país distante, na Ásia, perto da Índia. A sua capital, Naypyidaw, é uma invenção recente da junta militar que governa o país, anteriormente conhecido como Birmânia. Estive lá, em 2012, a cobrir as eleições e aproveitei para visitar a cidade em que supostamente mora um milhão de pessoas. Quando cheguei a Naypyidaw percebi logo que não havia muitas coisas para fazer. Fui a um shopping e a um museu desertos, joguei golf sozinho e visitei, numa tarde muito quente, o jardim zoológico local. O zoo, que fica na zona oriental da cidade, entre o novo estádio de futebol e o aeroporto ultra moderno que não tem voos internacionais, reflecte na perfeição a megalomania dos generais que mandam no país desde 1962: tem cerca de cinco quilómetros de extensão e alberga uns 15 animais verdadeiros (leões, uma pantera, dois elefantes, alguns golfinhos) além de uma pequena colecção de peixinhos tropicais. O bilhete custou-me pouco mais que um dólar (o salário médio por um dia de trabalho) e os únicos visitantes, para além de mim, eram uns chineses de férias. É um país em que praticamente ninguém come bife, mas que tem um zoo em que os grandes felinos devoram vários quilos de carne vermelha por dia.

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