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Milhões de Festa

No palco Taina, o porco é rei e senhor

E os concertos são à pala.

Ilustração por Eduardo Santos e Nuno Ferreira. Imaginem um porco. No espeto. Sintam o seu aroma, visualizem o mestre do porco a dar pequenas palmadas no rabo do bicho, com um ramo de loureiro que leva consigo o molho que serve de tempero ao animal, para depois, com a prática de quem já o fez centenas de vezes, sacar de uma faca bem afiada e o lascar em fatias tão finas e suculentas que só amontoadas entre o tecto e o chão que um pão fornece se tornam visíveis ao olho humano. Já conseguiram? Então vá: juntem-lhe concertos e uma vista privilegiada sobre o rio Cávado e só podemos estar num sítio: no palco Taina. O palco, que foi buscar o seu nome à tradição minhota de comer bem e beber ainda melhor, acolhe — tal como no ano passado — a totalidade do primeiro dia do festival, sendo que nos restantes dias do Milhões proporciona uma excelente alternativa aos que não querem passar uma tarde a torrar, pela fartura de sombra, relva e banquinhos que o caracteriza. Comida fixe, concertos fixes, punks e metaleiros fixes (ou não fosse este o local onde o pessoal de Barroselas organiza o SWR no Milhões) são a prata da casa. Sobre o vinho, diziam os Prinzhorn Dance School, com uma beiça negra característica de quem passou uma tarde na companhia de Baco: "Piscinas há em todo o lado, mas tinto desta qualidade e a este preço, só aqui." O Pingo Doce não conseguiria fazer melhor. Aberto a quem quiser aparecer, tendo pulseira ou não, o palco Taina funciona também como o ponto de encontro entre os festivaleiros que passaram a tarde junto ao rio, os que acabam de sair da piscina em busca do merecido repasto e alguns curiosos que querem ver de perto o que é essa tal coisa desse Milhões de Festa. Anotem também que nos dias 27 e 28 de Julho, das 15 às 20h, a Associação Chili Com Carne vai participar na taina com uma mesa onde podem trocar uns trocos por zines, livros e discos independentes.