Seis obras de arte de valor incalculável destruídas acidentalmente em 2016
@fabiocarvalho2105

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Arte e Cultura

Seis obras de arte de valor incalculável destruídas acidentalmente em 2016

De Lisboa, a São Francisco, da Alemanha à China, este ano a arte sofreu às mãos da humanidade.

Este artigo é da autoria de Peter Slattery e foi originalmente publicado na nossa plataforma  The Creators Project.

É triste, mas é verdade, a arte não dura para sempre. Quer dizer, há arte que nem sequer é feita com a intenção de andar por cá muito tempo, tipo as exposições temporárias, a arte natural efémera, ou as performances únicas. Muitas outras obras artísticas estão, não propositadamente, condenadas pela forma como são feitas. Apesar dos melhores esforços dos conservadores e restauradores, muitas criações da humanidade, simplesmente, foram construídas com materiais pouco adequados e, inevitavelmente, deterioram-se ao longo dos anos.

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Depois, há a arte que é destruída porque um idiota passou por ela… como aquele puto que "acidentalmente" esmurrou uma pintura de 1.5 milhões de dólares em Taipé.

Sim, é verdade, por vezes, uma obra de arte até está a envelhecer bastante bem, mas o seu período de vida é abruptamente interrompido por alguém a quem, aparentemente, ninguém disse "não tocar nas peças expostas". Este ano de 2016 foi tão fértil em inacreditável destruição de arte, que decidimos compilar uma lista de coisas que não deves fazer quando estás perto de obras de arte insubstituíveis.

Uma selfie, mas a que custo? Em Novembro, um visitante do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, derrubou e destruiu uma estátua de São Miguel, do século XVIII, quando tentava tirar uma selfie com o objecto.

A destruição de São Miguel

Apesar de despedaçada em vários bocados, o Museu, de acordo com a imprensa, garantiu depois que a estátua tinha sofrido "danos graves, mas reversíveis". E se esta história soa familiar, é porque é mesmo. Em Maio, num incidente semelhante, um turista tentou tirar uma selfie junto à estátua com 126 anos de idade de D. Sebastião na Estação do Rossio, e o resultado foi o mesmo.

Não toques nas coisas. É simples. Não toques. Também em Maio, mas em Columbia, nos Estados Unidos, o Pennsylvania's National Watch and Clock Museum colocou um vídeo no Youtube intitulado "Please Don't Touch!!!", com imagens das câmeras de segurança, que mostra um casal de idosos a aproximarem-se de uma escultura de madeira de um relógio, parte de uma das exposições do Museu. Depois de tirar uma foto, o homem começa a mexer na peça, aparentemente numa tentativa de colocar o relógio a funcionar… O serviço acaba com o relógio a cair da parede e a partir-se todo no chão, apesar da tentativa desesperada de o agarrar.

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A obra, da autoria do artista do Minnesota James Borden, estava há mais de 20 anos exposta na parede. No entanto, o Museu parece ter decidido não apresentar queixa e nem sequer identificar as pessoas responsáveis, depois de Borden ter concordado em tentar arranjar a peça.

Screenshot via Youtube

Por vezes - como no infame caso da velhinha que deu cabo de um fresco do século XIX, de uma Igreja em Espanha, enquanto tentava restaurá-lo por sua livre vontade - há pessoas que arrasam arte quando tentam melhorá-la. Parece ter sido esse o caso, em Julho, de dois rapazes noruegueses que, acidentalmente, destruíram uma gravura com cinco mil anos entalhada numa rocha, na ilha de Tro. Pelos relatos conhecidos, a dupla estava a tentar fazer com que a imagem ficasse mais visível.

Os rapazes, que permanecem anónimos, arruinaram assim aquela que era considerada uma das primeiras representações de seres humanos a esquiarem e ter-se-ão apresentado às autoridades quando alguém denunciou o acto de vandalismo.

Imagem cortesia Neues Museum Nuremberg

Noutro caso, uma peça de arte avant-garde terá iludido alguém a meter-se com ela. Em Julho, uma mulher de 91 anos que visitava o Museu Neues, em Nuremberga, desfigurou uma peça chamada "Reading-work-piece", criada em 1965 por Arthur Koepcke. A obra mostra umas palavras cruzadas parcialmente preenchidas, acompanhada pela frase "insira palavras". A idosa levou o pedido a sério, agarrou numa caneta e começou a preencher as partes em branco.

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Os curadores denunciaram a mulher à polícia, por questões relacionadas com o seguro, mas acreditam que a obra (com um valor estimado de 89 mil dólares) pode ser restuarada. Gerlinde Knopp, que liderava o grupo que visitava o Museu e do qual a senhora fazia parte, declarou na altura, de acordo com a BBC News, que o espaço estava cheio de arte interactiva, o que fez com que os visitantes não percebessem bem o que podiam ou não fazer.

Instagram, Richard Patterson

E porque é que os melhores morrem jovens? Em Junho, a imprensa local relatou que um visitante do Museu de Arte Moderna de São Francisco, teria tropeçado e raspado a superfície da obra "Triple Elvis", de Andy Warhol. Apesar dos danos terem sido considerados mínimos, a representação de Elvis tinha, no passado, sido vendida por 1,8 milhões de dólares, pelo que o Museu não quis correr riscos. O quadro foi retirado como medida de precaução e levado para um estúdio de restauro e conservação.

Weibo, utilizador Trush

Em Maio, foi notícia em todo o Mundo, a história que tinha começado a ganhar forma nas redes sociais chinesas, sobre a destruição acidental de uma construção de LEGO gigante na China. De acordo com o site local NetEase), entre outros meios, um artista amador chinês tinha passado três dias e três noites a erguer uma réplica de tamanho natural de Nick Wilde, uma personagem do filme da Disney Zootopia, com peças de LEGO, para uma exposição num centro comercial.

Depois de estar exposta há apenas uma hora, um rapazinho de quatro anos, derrubou-a acidentalmente, dando cabo da obra. O incidente aconteceu no mesmo mês em que câmeras de segurança apanharam dois jovens rapazes a destruir parte de uma delicada instalação exposta no Museu do Vidro de Xangai, enquanto as respectivas mães lhes tiravam fotografias.

E não nos esqueçamos que o auto-proclamado Estado Islâmico passou uns dias de arromba a destruir artefactos ancestrais de valor incalculável no Iraque e na Síria.

Felizmente, os artistas estão sempre um passo mais à frente.