A música de The Field vai levar-te para o lado certo do techno

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A música de The Field vai levar-te para o lado certo do techno

Viveu em Portugal quando era criança e, garante, ultimamente tem pensado bastante em voltar. Axel Willner prepara-se para regressar aos palcos nacionais, com uma actuação na "gnration club night", em Braga.

(ATENÇÃO: A oferta de bilhetes para o evento terminou às 17h00, depois de terem sido atribuídos todas as entradas disponíveis)

"gnration club night", regressa no sábado, 25, a Braga, depois de uma primeira edição que contou com Kode9 e Niggafox. Desta vez, o evento é encabeçado pelo DJ e produtor sueco The Field e conta também com actuações dos portugueses Photonz e Consórcio (Terzi, Lukkas, Vivax).

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Em conjunto com o gnration, a VICE tem entradas duplas para te oferecer, basta para isso que leias esta entrevista e envies mail com o assunto "VICE PORTUGAL", o teu nome, número de CC e telefone e a resposta à pergunta "Até que idade viveu The Field em Portugal?". Os primeiros a responderem têm entrada garantida!

Em 2003, Axel Willner, mais conhecido como The Field, tornou-se popular por utilizar o Buzz – um software que ainda hoje manipula para criar música – na construção do seu techno ambiental, assente num compassado e viciante motorik. Um ano mais tarde, juntar-se-ia à editora Kompakt e, em 2007, depois de lançar o EP Sun & Ice, atinge sucesso e visibilidade global com o disco de estreia, Here We Go Sublime, com aclamação crítica generalizada e um lugar de destaque na lista dos 200 discos da década para a Pitchfork, por exemplo.

Dois anos mais tarde, em 2009, com Yesterday & Today, Axel junta-se a Dan Enqvist, no baixo, e Jesper Skarin, na bateria, e enceta uma digressão por solo britânico, mas que acaba por o levar também aos Estados Unidos e a actuações em inúmeros festivais. Um formato live pouco comum  para uma sonoridade tão evidentemente complexa, mas que faz todo o sentido se pensarmos no percurso de The Field enquanto músico, nas suas influências e gostos pessoais.

Falámos com Axel Willner via mail, em vésperas de regressar a Portugal - onde viveu na infância -, com um álbum ainda fresco debaixo do braço, The Follower, editado em 2016, e com vontade de, segundo o próprio, fazer o público dançar.

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VICE: No ano passado editaste um álbum novo, The Follower, depois de um período algo longo em que não gravaste sob o nome The Field. Esse tempo de pausa foi importante no processo de composição de música nova e no que depois acabou por ser o produto final?

Axel Willner: Entre lançamentos enquanto The Field tive sempre períodos de pausa de dois anos, mas desta vez, de facto, demorou mais tempo, muito devido a problemas relacionados com a disponibilidade dos fabricantes de discos. No entanto, devido a isso, também significou que tive mais tempo para misturar o álbum, portanto, sim, foi importante e acabou por ter um bocadinho de influência no produto final!

Há alguns anos, costumavas dizer em entrevistas não eras muito de clubes e preferias ouvir música em casa. No entanto, The Follower parece ter bastante mais a ver com o ambiente de clube que muitas das coisas que gravaste antes. É a influência de Berlim, onde vives hoje em dia, a funcionar?

Continuo a não ir muito a clubes sem ser em trabalho e já vivo em Berlim há nove anos, portanto, julgo que não terá nada a ver com a mudança de direcção. Vejo este disco como  uma continuação de Cupid's Head (2013), que já era mais focado em beats fortes e mais rítmico que os álbuns antigos. Acho que foi apenas um passo natural na exploração desse caminho.

De qualquer forma, a tua música sempre pareceu estar mais próxima de um certo tipo de sonoridade de guitarras, como a dos óbvios My Bloody Valentine, ou, pelo menos, de projectos electrónicos mais densos e complexos, como Khonnor, ou até Helios, por exemplo. Se calhar, muito mais do que de outros artistas da Kompakt. Mesmo que não seja esse o caso do último disco, ainda te sentes influenciado por outros géneros de música?

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Sempre fui influenciado por música fora do espectro do techno e ainda sou tanto como era antes. Não me entendas mal, é óbvio que há imenso techno que me influencia, só que não tanto quanto antes. Encontro inspiração em tudo, desde a música gamelan da Indonésia, ao grindcore.

Foto por Sonia Alvarez.

Fazes música todos os dias?

Tento estar no estúdio diariamente, mas não só para trabalhar na música de The Field. Tenho sempre feito outras coisas paralelamente e, na verdade, é até o que faço mais. Para um álbum de The Field preciso mesmo de dedicar tempo exclusivo e de estar num determinado estado de espírito.

Já fizeste um sem número de remisturas e outras coisas para diferentes artistas. É um processo que te agrada?

Adoro! Tens todas aquelas peças de um puzzle que tens de juntar de uma forma diferente que o puzzle verdadeiro. É ao mesmo tempo desafiante e inspirador!

Qual é a sensação quando ouves (se é que ouves) os teus discos mais antigos? 

Por acaso fi-lo recentemente e é uma experiência bastante nostálgica. Lembro-me de situações… onde é que estava naquele período da minha vida, o que é que estava a acontecer… Também é divertido de um ponto de vista técnico, já que as coisas mudaram muito em termos de equipamentos.

Viveste em Lisboa quando eras criança. Esse tempo teve alguma influência na forma como mais tarde virias a entender a música, por exemplo? Que memórias tens dessa altura? 

Regressei a Estocolmo aos sete anos e antes disso ouvia o que os meus irmãos mais velhos ouviam, no entanto, lembro-me bem do fado! Talvez tenha sido o fado a influenciar a minha paixão por música melancólica…

Hoje em dia Portugal - e especialmente Lisboa e Porto - é um país muito diferente daquele que conheceste e muitos artistas estrangeiros querem aqui viver, trabalhar e criar. Alguma vez pensaste em voltar? 

Definitivamente não diria que não. Na verdade, até tenho pensado bastante nisso ultimamente, o problema é que estou muito enraizado em Berlim!

O que é que o público pode esperar da tua actuação em Braga?

Será um set muito orientado para a pista de dança. Só eu e algum hardware!