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"Para Mim Foi Fácil, Porque Eles me Deixaram Ir": Simon Ostrovsky Fala Sobre Sua Detenção em Sloviansk

Os homens armados que mantinham nosso correspondente, Simon Ostrovsky, como prisioneiro há quatro noites e três dias, libertaram-no nas ruas de Sloviansk, no leste da Ucrânia. A libertação não foi explicada, assim como a captura.

Na quinta-feira, os homens armados que me mantinham prisioneiro há quatro noites e três dias me libertaram nas ruas de Sloviansk, no leste da Ucrânia. Minha libertação não foi explicada, bem como minha captura.

Na segunda-feira, fui puxado para fora de um carro num posto de controle, depois vendado, espancado e amarrado com fita adesiva. Depois de horas sozinho no chão de uma cela única, com as mãos amarradas atrás das costas e os olhos tapados com uma touca, me levaram até uma cela, onde fui acusado de trabalhar para a CIA, o FBI e o Setor Direito, um grupo ultranacionalista ucraniano.

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Quando eu me recusei a dar a senha do meu computador, eles me bateram no braço com um cassetete. Quando eu estava dormindo no chão, homens mascarados vieram me acordar e dizer que sentiriam minha falta se eu morresse, e depois me chutaram nas costelas antes de ir embora.

Acontece que para mim foi fácil, porque eles me deixaram ir.

Nas quatro noites que fui mantido preso, uma dezena de detidos sem nome foram trazidos e levados do porão no prédio da segurança do estado da Ucrânia (SBU) por militantes russos que tomaram o lugar. Alguns eram jornalistas, alguns eram bêbados e outros eram ativistas ucranianos, muito burros ou muito corajosos por visitar o que se tornou um reduto dos nacionalistas russos dentro da Ucrânia

Conheci alguns deles. Muitos estavam naquele porão há muito mais tempo do que fiquei lá. Alguns estavam ali há mais de duas semanas e, provavelmente, continuam lá.

Seus nomes eram Artyom Deyneha, um programador local que foi pego instalando uma webcam no prédio do outro lado da rua de onde estávamos sendo mantidos; Serhiy Lefter, um jornalista freelancer, sequestrado na principal praça de Sloviansk em plena luz do dia; Vadim Sukhonos, vereador da Câmara Municipal da cidade de Sloviansk, e Vitaly Kovalchuk, ex-membro do grupo de autodefesa da Euromaidan, que veio para Sloviansk com um grupo de radicais do Setor Direito para tentar capturar armas de militantes pró-Rússia.

Depois que fui libertado, descobri que o líder das forças pró-Rússia em Sloviansk, Vyacheslav Ponomarev, disse que os jornalistas estavam sendo mantidos como “moeda de troca” em negociações com as autoridades interinas de Kiev. Ainda não sei o que ele conseguiu em troca da minha soltura, mas espero que não tenha sido muito, porque ninguém deveria poder fazer reféns, independente de suas exigências políticas.

Todas as pessoas mantidas ilegalmente naquele porão úmido, ou em qualquer outro prédio controlado pela autoproclamada “República Popular Donetsk”, devem ser libertadas ou entregues à polícia imediatamente.