Conheça Monika Mogi, Prodígio da Fotografia de Tóquio

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Conheça Monika Mogi, Prodígio da Fotografia de Tóquio

A artista tem só 22 anos e já fotografou lookbooks para um punhado de marcas grandes, conseguindo de algum jeito nunca sacrificar sua visão criativa no processo.

Todas as fotos por Monika Mogi.

Conheci Monika Mogi alguns anos atrás em LA quando estávamos expondo trabalhos nossos numa mostra da Ardorous/Rookie. O namorado dela tinha um carro e maconha; assim, escapamos da bagunça e fomos até o Griffith Park para relaxar. Desde então, tenho visto Monika produzir muito mais trabalho do que qualquer um dos meus colegas. Ela tem só 22 anos e já fotografou lookbooks para um punhado de marcas grandes, conseguindo de algum jeito nunca sacrificar sua visão criativa no processo. Encontrando seus temas nas ruas, Monika construiu uma biblioteca de modelos amadores japoneses. Ela também é a correspondente de Tóquio da minha revista, a Editorial, e está sempre mandando fotos interessantes – seja dos bastidores do desfile de Jenny Fax ou um ensaio de fotos no qual seu avô entorta colheres com o poder da mente. Nos tornamos próximas nos últimos anos; logo, decidi conversar com ela sobre seu sucesso e sua experiência japonesa.

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Claire Milbrath: Nos conhecemos na exposição Ardorous/Rookie em Los Angeles. Como você se envolveu com a Petra Collins e o Ardorous?
Monika Mogi: Quando tinha 16 anos, eu passava muito tempo na internet depois da escola e tinha um blog em que postava meus zines e fotos. Conheci Petra aleatoriamente através disso; então, ela começou o Ardorous e perguntou se eu queria participar. Desde então, ela organizou algumas exposições e um livro, Babe, que vai ser lançado neste verão.

Você pode falar um pouco mais sobre Babe? Que tipo de trabalho você tem nele?
Estou muito empolgada para ver Babe! Fico tão feliz de ser parte de algo assim. Estar envolvida com artistas que entendem umas às outras é ótimo. Meu trabalho no livro é uma mistura de coisas antigas e novas.

Você já fez muitos trabalhos comerciais para uma artista tão jovem: X-Girl, AA e UNIF, só para citar alguns nomes. Como isso aconteceu?
Acho que morar em Tóquio ajudou. Não fiz tantos trabalhos assim no exterior. Acho que dar duro é parte disso, mas espero que as pessoas gostem e sintam uma conexão com o meu trabalho.

Estou interessada na sua origem. Sei que sua mãe é japonesa e seu pai é um marinheiro americano; logo, você é literalmente um produto da história. Isso aparece no seu trabalho? Quais são as suas visões de Japão e EUA?
É difícil responder perguntas sobre a minha família porque [isso é algo que se] demora para explicar. Minha mãe cresceu perto de uma base militar americana na cidade industrial de Kanagawa e acabou se casando com um marinheiro. Minha família morou na Califórnia quando eu era criança, mas minha mãe e eu voltamos ao Japão quando eu tinha 12 anos - e estamos aqui desde então. Crescer com uma mãe solteira que estava sempre trabalhando me deu a liberdade de crescer sozinha em Tóquio… acho que isso aparece no meu trabalho.

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Você sente que faz um trabalho sobre "ser japonesa"?
Não conheço a experiência completa japonesa. Não tenho sentimentos nacionais sobre nenhum país. Acho que isso é bom. Tenho sentimentos fortes por alguns lugares onde morei e realmente amo minha experiência no Japão. Mas não sinto nada quando se trata de ser japonesa ou americana em termos da minha própria identidade. Nunca serei completamente aceita como japonesa por uma pessoa no Japão porque sou hafu e falo com sotaque.

Você está na lista de pagamento da American Apparel como fotógrafa. Você pode falar sobre o seu trabalho para eles e como isso mudou com as transformações recentes na empresa?
Comecei a trabalhar para a AA numa loja deles quando tinha 17 anos. A diretora criativa me contratou como fotógrafa depois que mostrei alguns trabalhos meus para ela. Trabalhar com a AA tem sido uma coisa natural para mim, já que eles me dão liberdade para fotografar quando e onde eu quiser. Durante as sessões de foto, somos só eu e a modelo, e geralmente fotografo amigas. Fiquei surpresa recentemente com a atenção que a mídia deu para um anúncio que fotografei, "Hello Ladies", que está na contracapa da edição mais recente da VICE. É engraçado como alguns meios acharam que isso foi planejado depois das mudanças na empresa, mas foi só mais um dia andando pela fábrica enquanto eu visitava LA no começo do ano. E também não é a primeira vez que um anúncio é dedicado aos empregados. Fiquei fascinada com a AA quando eu tinha 14 anos porque pensei: "Uau, essa podia ser eu. Ela não tem medo de mostrar os pneuzinhos! Tudo bem não usar sutiã?". Ver aquelas mulheres com quem eu conseguia me identificar, diferentemente de uma modelo da Victoria's Secret, me fez sentir aceita e compreendida. Apesar de a empresa estar mudando e de sua imagem poder mudar com isso também, sempre tento fotografar coisas com que garotas jovens consigam se identificar.

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O que você acha da tendência do uso do feminismo na fotografia? Você sente pressão para fazer trabalhos sobre ser mulher?
Nunca senti nenhuma pressão para fazer trabalhos sobre ser mulher. Fotografo porque acho divertido. Não penso muito sobre isso. Mas a conscientização geral sobre o feminismo é importante, e me definir como feminista é importante.

Uma vez conversamos sobre a ansiedade de se morar em Tóquio. Você pode falar um pouco sobre isso?
Depois do grande terremoto, eu não conseguia dormir à noite porque sempre imaginava outro terremoto acontecendo. Agora, já superei essa ansiedade, mas viver numa cidade grande é sempre exaustivo. Gosto de pegar o trem até a praia ou até o interior de vez em quando.

Parece que você está sempre fotografando moda. Há uma direção diferente que você gostaria de tomar no seu trabalho?
Sim! Estou planejando fazer trabalhos mais documentais. Estou planejando trabalhar como Ama san (海女), uma mergulhadora, algo que está na história do Japão há mais de 2 mil anos. Isso me interessa porque elas têm uma perspectiva real de como o oceano está mudando e um respeito profundo pela natureza.

Tradução: Marina Schnoor