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Os Distúrbios no Congo Estão se Espalhando Pela Fronteira com a Ruanda

As vítimas e autoridades congolesas culpam Ruanda pelos ataques.

Soldados congoleses posam para uma foto depois de avançar com sucesso em Kibati. Fotos por Simone Bazos.

O exército congolês fez os rebeldes do M23 recuarem das posições em Goma semana passada, sua maior vitória desde o início do levante há 16 meses. Os rebeldes que aterrorizavam a área recuaram depois de uma ofensiva de militares congoleses e de uma nova força de combate das Nações Unidas. O enfrentamento resultou numa reunião entre os presidentes do Congo e de Ruanda na quinta-feira passada. Eles solicitaram negociações de paz dentro de três dias entre o governo congolês e o movimento rebelde, que, provavelmente, retornou a Ruanda.

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Goma, uma cidade congolesa na fronteira com Ruanda, é um ponto de inflamação no coração do conflito que devasta o leste da República Democrática do Congo. A luta entre o exército congolês e os rebeldes do M23 explodiu há duas semanas, o que marcou uma virada decisiva no conflito, no entanto, os civis ficaram novamente no meio do fogo cruzado. A cidade agora tem que lidar com escolas bombardeadas, uma economia estagnada e um clima de medo.

Depois de uma semana sob ataque, com bombardeios por toda a cidade, muitos civis morreram e uma seção de 15 metros da barreira da ONU foi destruída, com casas completamente devastadas pelas explosões. As vítimas e autoridades congolesas culpam a vizinha Ruanda.

Um homem e seu dois filhos observam os destroços de uma casa bombardeada no distrito de Majengo em Goma.

Louise Mushikiwabo, a ministra das Relações Exteriores de Ruanda, relatou um total de 34 bombas e foguetes explodidos em Ruanda, incluindo um ataque a um mercado lotado que matou uma mulher e feriu seu bebê. As autoridade de Ruanda acusaram imediatamente os militares congoleses de envolvimento direto nos ataques.

Rumores se espalham rapidamente por meio dos militares e da população civil, e é difícil apontar números, locais e culpados exatos. Os fatos são que, depois de uma semana de explosões do dois lados da fronteira, sete congoleses e um civil ruandês estão mortos. Como resultado, as tensões a um pico há uma semana, quando soldados e tanques ruandeses avançaram posições ao longo da fronteira, espalhando o medo de uma invasão total.

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Apesar da guerra entre Ruanda e Congo ter acabado oficialmente em 2004, Ruanda tem sido acusada de continuar a guerra dando apoio aos rebeldes do M23 na Região de Kivu do Norte, da qual Goma é a capital. O M23 é uma facção rebelde relativamente nova. O grupo começou quando soldados tútsis foram derrotados pelo exército congolês depois de um desentendimento com o governo local. Nos três anos e meio desde sua concepção, o M23 vem aterrorizando a área, além de ter invadido a cidade de Goma novembro passado e mantido a cidade refém por duas semanas.

Um carro destruído agora serve como varal para os soldados.

Apesar de a ONU ter sua maior e mais cara força de pacificadores posicionada em Goma, os soldados estavam proibidos de se envolver num conflito tático com os rebeldes. No entanto, depois da invasão a Goma em novembro, a ONU emitiu sua primeira ordem permitindo que seus pacificadores usassem força ofensiva. A Brigada Internacional consiste em 3 mil soldados da Tanzânia, África do Sul e Malawi, assim como contingentes menores da Índia, Nicarágua e outras nações aliadas. Os combates recentes representam a primeira vez na história em que as forças da Brigada de Intervenção se envolveram diretamente num combate no país. Depois de uma semana de enfrentamentos acirrados, os militares apoiados pelas forças da ONU conseguiram empurrar o M23 para fora de Goma.

Os rebeldes do M23 sofreram perdas pesadas. Fontes em Goma relataram cenas de capacetes e AKs-47 do M23 abandonados na beira da estrada, o que indica uma retirada rápida.

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Nos dias que se seguiram à retirada das tropas do M23, na semana passada, o clima tem sido de relativa calma, tanto na linha de frente de Ruanda como em Goma. Há uma esperança renovada de que a longa estrada da paz e da reconstrução possa finalmente começar a ser percorrida com as discussões de paz que começam esta semana.

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