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Conheça o Antipapa

Nem todo mundo sabe disso, mas o Bento XVI não é o verdadeiro Papa.

Nem todo mundo sabe disso, mas o Bento XVI não é o verdadeiro Papa. Os tapetes vermelhos, o uso exagerado do príncipe Philip, a cantoria da Susan Boyle—tudo isso são gestos vazios e superficiais que infelizmente tiveram sucesso em enraizar o poder do herege e impostor Joseph Ratzinger ao lado de sua companheira de fraude Sra. Elizabeth Windsor-do-caralho-a-quatro. Na realidade, o Papa de verdade mora em uma vila de 130 pessoas no interior do Kansas. Ele é o Papa Michael I e não está muito feliz que Bento descola todas as mordomias enquanto ele mesmo não consegue que as pessoas o chamem pelo seu nome papal.

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“Muitas pessoas na cidade me chamam de Papa Michael, mas alguns ainda me chamam de David. Sim, é verdade… preferiria que me chamassem de Papa Michael, mas muitas pessoas acham isso estranho,” adimite o Papa, não muito depois de tê-lo chamado pra bater um papo.

Não dá pra fugir dos fatos: o email dele tem o prefixo: “overdadeiropapa,” ele controla o pequeno site vaticanexile.com, e ainda assina como: “+ Michael pp.” Eleito em 1990, o Papa de 50 anos atende seu pequeno, porém global, grupo de fiéis há 20 anos. Ser Papa é seu trabalho integral: “Fui muito sortudo em ter tido pais que eram financeiramente sucedidos o bastante para eu poder continuar com meus deveres papais sem a necessidade de um outro trabalho integral. Nós montamos uma editora para imprimir livros católicos fora-de-estoque, mas isso apenas ajuda nos custos da nossa rede de fiéis.”

É assim que funciona: sendo criado em uma família católica muito devota, desde de criança David Bawden sentia que tinha vocação para o sacerdócio. Quando chegou à maioridade, seguiu a vocação. Mas depois de uma temporada em seminários estrangeiros sob a ordem de Piu X, desiludido com o que ele viu como ensinamentos confusos e hereges da igreja moderna, ainda não formado como padre, voltou para casa e escreveu um livro com uma mulher chamada Teresa Stanfill-Benns, que procurava responder à questão: “A Igreja Católica Sobreviverá ao Século XX?” A conclusão? Em virtude de suas heresias, a linhagem romana não está mais no poder do papado. Não tem ninguém como Papa! Conclusão: vamos eleger um Papa! Conclusão da conclusão? Vamos fazer um conclave papal.

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Foi assim que um pequeno grupo de adeptos se juntou para procurar o cara que iria defender e reparar a verdadeira tradição católica que tinham visto se degenerar durante gerações. Eles estavam putos em relação a coisas como o Vaticano II: As reformas de 1963 de Paulo VI, que em geral abriram a igreja ao clima liberal de, digamos, o século XVIII. Isso deveria ser revertido, assim como tudo que não fosse profundamente conservador.

No passado, Bawden/Michael protestou contra o Papa João Paulo II enquanto rezava uma missa para uma tribo semi-pelada de Papua-Nova Guiné. Essas pessoas eram, e são, teólogos que acreditam que, sem brincadeira, tudo começou a dar errado quando começaram a rezar a missa em inglês em vez de latim. Não são apenas as tradições batistas e maometanas que são fissuradas em fundamentalismo, entende?

E as eleições ocorreram bem. Os sete que precisavam para eleger um papa se juntaram em uma pequena sala. 16 de Julho, 1990: a tradicional mensagem que ecoa há mais de 2.000 anos saiu de Belvue, Kansas: “habemus papam,” ou “nós temos um Papa!” Pira nisso: você tem menos de 30 anos, um dia você não consegue nem se formar padre, mas no outro você já é Papa! É como ser gandula em Wimbledon e depois ser promovido a Roger Federer.

Ele ganhou, apesar de deixar claro quando perguntei se ele tinha algum rival papal, “Não é lá uma ‘eleição,’” ele disse, “Não dá pra simplesmente ‘concorrer’ a Papa.” Pelo telefone, o Papa Michael parece ser dócil às vezes, quase tímido—uma voz comprimida e aguda e um jeito contido de conversar. Ele é, claro, celibatário. Sempre é uma pergunta meio estranha, mas eu tinha que fazê-la. Ele também repudia métodos anticoncepcionais, assim como todos os outros Papas desde a eleição em 1958 do herege Angelo Roncalli, cujas heresias aparentemente incluem “ser pau-mole com os comunistas.” “O melhor de todos da linha do Vaticano, pra mim, é João Paulo I—simplesmente porque ele ficou no poder por menos tempo. É difícil escolher entre eles porque são todos hereges.”

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VICE: Então você diria que é infalível, como todos os Papas devem ser?
O Papa: Ah, mas é claro. Está nos ensinamentos. Os editais do Papa são sempre verdade. Não há como existir um tipo de igreja na era de Cristo, outra mil anos depois e outra de hoje em dia. Existe apenas uma interpretação verdadeira da escritura.

Entendo. Não é tipo, você sempre tem que ganhar na sinuca ou algo assim?
Ah não! Nada desse tipo. É só sobre as escrituras.

O Vaticano sabe que você existe? Já se correspondeu com eles?
Eu mandei uma nota de excomunhão do Papa João Paulo II ao Vaticano em 1982. Obviamente, não me responderam. Também, quando fui eleito em 1990, um jornal publicou uma história sobre a eleição e ligaram para o Vaticano pedindo comentários a respeito. Obviamente, foi uma situação de “sem comentários.”

[Aqui a entrevista desvia do típico formato de perguntas e respostas. O resto do artigo contem citações da conversa selecionadas pelo autor, assim como interjeições e comentários. – Editor]

Se estivesse no comando de Roma, ele garante que os pseudo-padres já teriam o que merecem. Ele menciona um Pontífice do Século XVI que tinha decretado punição de morte à pedofilia e uma lei de 1917 sobre a excomunhão instantânea de padres pervertidos.

“Eu faço missas, rituais da cruz… e é claro que muitas pessoas estão interessadas na Igreja no mundo todo—e manter a correspondencia toma muito do meu tempo.”

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Há 20 anos como Papa, ele tem apenas 50 e muitos outros de papado a sua frente. Apesar de, no caso de uma eventualidade, sua organização ter planos de organizar um conclave papal caso ele morra subitamente.

“Definitivamente. Ocorreria com um conclave normal. Quem irá me suceder? Bom, não sei, e, pra ser honesto, é proibido discutir sobre o sucessor do Papa atual antes de sua morte.”

Isso soa muito como nomeações do tipo Grande Irmão, eu sugeri. Perguntei qual era a melhor parte de ser Papa.

“O melhor de ser o Papa? Provavelmente que nunca poderei me afastar da igreja. Os ensinamentos dizem que o Papa nunca pode ser exilado de Deus.”

E quem realmente gostaria de ser exilado de Deus? Eu curto o Papa. O Papa gera esperança.