FYI.

This story is over 5 years old.

Noisey

Garotos do Subúrbio: A turnê do Cérebro de Galinha em São Paulo virou um documentário

O filme 'A Viagem da Galinha Morta' mostra as peripécias dos jovens de Marabá na megalópole.

Talvez você não reconheça o nome, mas é provável que tenha visto um vídeo em que o Cérebro de Galinha ensaia dentro de um barraco de tijolos aparentes em Marabá, no sudeste do Pará. Postado no Facebook nove meses atrás, ele mostra a banda tocando meia dúzia de músicas de um crossover caótico enquanto um meninão de óculos e cara de tédio ocupa o primeiro plano. A cena inusitada se espalhou, o link rodou pelo WhatsApp, e hoje o vídeo tem mais de três milhões de visualizações.

Publicidade

Entre setembro e outubro, o Cérebro de Galinha veio tocar em São Paulo e a dupla João Cantarella e Leandro Mantovani colou nos caras para contar como a história deles vai além de um viral. O resultado é o documentário A Viagem da Galinha Morta, que tem ótimas imagens da banda em pontos icônicos para a maloqueragem roqueira em São Paulo, como a Galeria do Rock e o Sesc Pompéia, palco do festival O Começo do Fim do Mundo há 35 anos. E também tem eles curtindo uma caçamba de lixo.

A Cérebro de Galinha surgiu em 2014 em lugar chamado Infernin, em Marabá. “Infernin era uma casa abandonada, tá ligado. Primeiro foi a casa do meu tio, que ele deixou a gente fazer um estúdio de papelão, um barraco. Depois foi pruma invasão, uma vizinha nossa cedeu um barraco numa invasão. Daí juntava uma galera lá final de semana, tomava goró, tocava um monte de banda e por aí vai”, conta o baterista Suco Gástrico.

Depois de serem convidados por Renato Fonseca, ex-Gritando HC e atual Hardcore pelo Ódio, Suco e os outros três integrantes da banda — Mort, Cego e Torrada — vieram tocar em São Paulo. Para isso, utilizaram o ID Jovem do governo federal, programa que libera passagens interestaduais de ônibus para jovens de baixa renda, e tiveram que encarar quase 2.5 mil km de estrada, com direto a uma paradinha para show em Goiânia.

Assim que soube que a banda estava na estrada, João Cantarella teve a ideia de gravar a passagem deles pela cidade. “Mandei uma mensagem e eles me passaram um número. Daí liguei, falamos um minuto e combinei de encontrá-los na rodoviária”, conta João, que dirigiu e editou o filme. Ao longo de seis dias, ele e Leandro, que fez a fotografia, acompanharam o Cérebro de Galinha por São Paulo.

Suco, Mort (agachado), Torrada e Cego na Galeria Novo Barão. Foto: João Cantarella/Divulgação

Por aqui, a banda tocou no Centro Cultural Zapata e fez um show não planejado no Hotel Bar, junto com o Test. “A gente tava dando entrevista na rádio Antena 0 e falaram que ia rolar um show do Test pertinho. Colamos para assistir e tomar uma breja e eles chamaram para subir, tocar uma palhinha e pá”, diz Torrada, que era o baixista da banda.

Após voltar para Marabá, no entanto, o guitarrista Mort decidiu dar um tempo, e Torrada assumiu o posto. Agora como um power trio, a Cérebro de Galinha segue firme. Durante a temporada em São Paulo, eles gravaram um disco no Estúdio Lamparina, que será lançado no primeiro trimestre de 2018 pela Monstro Discos.