Pedimos para furries resenharem os mascotes de todas as Copas do Mundo
Zabivaka, o preferido dos furries. Foto: Wikimedia Commons

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Pedimos para furries resenharem os mascotes de todas as Copas do Mundo

Esse assunto a gente deixa com os especialistas.

Você já deve estar cansado de saber (exceto se você saiu de um vórtex e descobriu o que é a internet hoje) que o furry fandom é uma comunidade que reúne pessoas que são fãs de personagens antropomórficos. Em nossas coberturas, descobrimos que os furries não só manjam muito de criar personagens, como também são ótimos conhecedores de mascotes de grandes eventos esportivos.

Aproveitando esse conhecimento, pedimos para dois especialistas da área resenharem todos os mascotes das Copas desde 1968, quando criaram o primeiro. O Igor CeBarros é ilustrador e gosta de criar personagens desde 1994. Já o Felipe Marcantonio é desenhista freelancer há dez anos e já produziu dois quadrinhos online, o XDragoon e o Fred Guará.

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Assista ao nosso vídeo "Por Dentro do Universo dos Furries Brasileiros"


"Mascotes são personagens diferenciados", explica Igor antes de partir para sua resenha. "Não se preocupam em viver aventuras contra vilões, parecem ter poucos objetivos na vida além de promover a paz, a amizade, a ecologia. Ainda assim, talvez eles possam aparecer mais até (nas lojas, nas ruas, nos meios de comunicação) do que os personagens já tradicionais das HQs e animações e as vezes até mesmo os de produtos e empresas. Acho que os mascotes de Copa do Mundo e olímpicos - aliás, foi na Copa do Mundo que este conceito surgiu - são boa parte do caldo primordial que deu origem ao furry fandom, além dos desenhos animados e HQs."

Feita a explicação, vamos às resenhas:

Willie (Inglaterra, 1966)

Igor CeBarros: Um festival de linhas retas. Não muito diferente da bandeira do país que ele carrega-para o primeiro mascote de Copas do mundo, um leão de sorriso afável, de olhos semicerrados.

Felipe Marcontonio: O primeiro mascote utilizava muitas formas retas, o que não o deixa muito carismático. É um personagem que poderia ser mais expressivo. De alguma forma lembra o estilo "duro" do clássico desenho Alceu & Dentinho.

Juanito Maravilha (México, 1970)

Felipe: Garotinho de sombreiro com um aspecto de alguns quadrinhos da época. Só acho estranho colocarem um garoto barrigudinho como mascote da copa

Tip e Tap (Alemanha, 1974)

Felipe: Eles… Hm… apesar de ter representado a união das duas Alemanhas que eram separadas na época, poderiam usar menos maquiagem.

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Gauchito Mundialito (Argentina, 1978)

Felipe: Hermanito! A ideia simples, lembrando o Juanito em conceito, mas pessoalmente acho que tem um visual mais agradável e carismático.

Naranjito (Espanha, 1982)

Igor: Parece um mascote de empresas. O que é um pouco falho é a associação de laranjas com o país, que não sei se os representaria entre eles, um país heterogêneo, quanto mais no exterior. Parece que, para eles, funcionou.

Felipe: Não posso negar que foi original terem escolhido uma laranja, porém eu teria muito medo dessa cara dele quando criança.

Pique (México, 1986)

Igor: Um mascote apimentado, sí señor. O segundo mascote vegetal das copas, porém bem mais associável no exterior ao país do que o anterior, embora confesso que demorei um pouco pra entender o personagem na própria época (via ele principalmente por comerciais do chiclete Ping Pong e outros produtos licenciados). Funcionava, entendia que era um ser 'verde' devido às cores do país.

Felipe: Gostei demais do design, apesar de simples. Achei genial usarem um pedaço da pimenta para o chapéu! As cores foram bem utilizadas para representar o país de origem do personagem

Ciao (Itália, 1990)

Igor: Um… logotipo, é isso? "Expressões faciais, quem precisa delas?…"
Aqui, com o destaque de que a bola de futebol faz parte do próprio personagem, desta vez, que me conste. Sempre tentava montar mentalmente as letras "ITALIA" com as 'peças' do corpo dele, mas nunca consegui, deve ter sido mais fácil enxergar aqueles estereogramas, dos livros de 5 anos depois… Este certamente foi um mascote impossível de ter andado na beira dos campos, a menos que tivesse sido uma marionete!

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Felipe: Interessante e moderno, marcando o inicio dos anos 90, mas particularmente um dos mais sem graça visualmente. Acho que hoje em dia faria mais sucesso, já que lembra um pouco como são os personagens quadrados de Minecraft

Striker (EUA, 1994)

Igor: Esse conseguiu me chamar a atenção. Apesar de uma certa semelhança, tem diferenças em relação à famosa série "Bobi pai e Bobi filho", no próprio estilo de desenho do personagem e de sua construção, com o pescoço bem 'pra trás', mas que para o personagem funciona. Possivelmente, como 'cachorro', tivesse representado os EUA justamente como produtor de conteúdo como os mencionados, e isso poucos entenderam. Gosto de suas expressões faciais, em todas as fases - me lembro de, da metade pra frente do campeonato, ter começado a ver imagens dele com uma expressão mais agressiva.

Felipe: Utilizaram um design que lembra dos Looney Tunes (Pernalonga, Patolino, etc…) que estava em alta na época. Muito carismático,

Footix (França, 1998)

Igor: Acho interessante como este mascote resume tudo visualmente: o galo como símbolo da França, nome de inspiração gaulesa (como o do Asterix), e usando chuteiras que fazem parte de si próprio.

Felipe: Lembro da primeira vez que vi o Footix e achava que era um redesign do Pica-Pau para um novo desenho. Não é um design muito original, mas ele é simples e carismático. Me recordo de ser bem popular na época.

Ato, Kaz e Nik (Japão e Coreia do Sul 2002)

Igor: Uma proposta mais ousada: criaturas que não são nada conhecidas (bom, assim como o mascote olímpico Izzy) e ainda por cima semi-transparentes, ao menos em computação gráfica. Ousou demais, pra mim. Acho que aí está o problema: você não sente identificação delas com futebol ou com os países anfitriões. São seres meio etéreos, neutros. Até numericamente não bate. Três? Bom, falta-me conhecer direito a história por trás deles.

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Felipe: Me decepcionei bastante com os mascotes desta Copa, em especial por ser um grande fã do Japão e das animações e quadrinhos que são produzidas lá. Esperava visuais mais próximos do que fazem lá normalmente. Eles parecem coadjuvantes de algum filme de animação em CG aleatório.

Goleo VI e Pille (Alemanha, 2006)

Igor: Goleo foi interessante para mim pela sua capacidade de falar (daí seu pescoço alongado, mesmo sendo um leão - assim como o persoagem Garibaldo) e por ser um mascote, digamos, pessoal - não era desenhado, aparecia em fotos e imagens. Não sei se Pille,a bola, falava também, nunca vi, mas não seria difícil.

Felipe: Acho que para um mascote, ele tem de ser mais cartoonesco e no caso aqui ele tá mais para uma estrutura humana. Acredito que os Furries gostaram bastante, em especial o público que usa Fursuit. Curioso que a bola também é um personagem.

Zakumi (África do Sul, 2010)

Igor: Embora não tenha achado grande coisa o personagem na época, hoje percebo grandes qualidades nele. Simples, mesmo representando um animal complexo (leopardo) e dando todo o recado.

Felipe: Com o visual remetendo um pouco os mangás, Zakumi foi um mascote bem carismático da Copa de 2010 com muitos produtos e boa aceitação. Acho o visual bonito, apesar de não ser muito fã das cores fortes. Zakumi foi o único mascote da Copa a ganhar uma série animada, inspirado em um animê chamado Inazuma Eleven (Super Onze no Brasil, que foi exibido pela Rede TV!);

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Fuleco (Brasil, 2014)

Igor: O personagem podia ter sido muito pior, não apenas de nome (Amijubi, pela madrugada!), mas de visual. No fim, até que foi um personagem interessante. Representou um dos grandes trunfos da fauna sul-americana (quem puder, veja no YouTube um vídeo de como os tatus se enrolam…) e com um esquema de cores quentes. A combinação de azul com amarelo resultou num conjunto luminoso, digamos assim, fora as mãos e pés um pouco maiores do que o esperado (particularmente gosto de personagens de proporções hiperbólicas, como o pessoal do Sonic antes de Sonic Boom).

Felipe: O nosso mascote, que apesar de lembrar muitas derrapadas que aconteceram na Copa de 2014, é um personagem carismático. Achei bem criativo que o casco dele possuía hexagonos remetendo a uma bola de futebol. A única coisa que visualmente comprometeu é ele ter praticamente o MESMO uniforme do Zakumi

Zabivaka (Rússia, 2018)

Igor: Um lobo? Sim! No nosso fandom, muitas pessoas tem um apreço curioso em relação à espécies que as fábulas colocam como "do mal". Foi assim comigo, quando criei os meus personagens (uma turma formada por gatos, raposas, doninhas e gambás…) e, portanto, a nossa turma gostou muito da escolha de Zabivaka para ser mascote desta Copa. Claro que gosto muito deste personagem, só deixaria ele com um pouco menos de detalhes. Ele é bastante complexo em preto e branco.

Felipe: Particularmente, um dos mais bonitos e carismáticos mascotes da copa. O estilo de desenho e estrutura faz lembrar um pouco os personagens do filme Zootopia da Disney. As cores foram bem colocadas e o visor deu um ar moderno ao personagem.

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Extra: Canarinho Pistola, mascote da seleção brasileira

Foto por Lucas Figueiredo/CBF.

Igor: A expressão diferenciada dele acaba juntando ele aos mascotes americanos, como os de futebol americano, basquete e beisebol, nem sempre amistosos como a versão original. Não sei quem teve a ideia, eu achei genial. Pena que nem todos os envolvidos nessas questões acharam o mesmo.

Felipe: Ele não é mascote da Copa, mas é a melhor representação do torcedor brasileiro, em especial com os últimos jogos do Brasil. É um personagem muito expressivo, que exala atitude, com um design simples. Acho que a Copa de 2014 teria sido mais divertida e menos traumática se tivéssemos ele.

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