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Volta às Férias

Por que tosar o seu cachorro no verão pode ser uma cagada

A natureza não fez tanto pelo à toa.
Ilustração de um cachorro
Ilustração: kasiQ Jungwoo

Existe um único ser que se alegra com sua humilde presença em casa, seja chegando do trampo ou curtindo as férias: o seu amigo de quatro patas. Assim como você, ele vai querer aproveitar cada minuto desse período astral que é o verão. Mas ele, assim como você, vai passar calor.

Para cães e gatos, viver num país tropical pode ser uma bad, pois podem sofrer com o calor extremo tanto quanto nós. O período apresenta dois problemas para eles: altas temperaturas e proliferação de parasitas que se aproveitam do calor e da umidade para crescer. "Falando de gato e de cachorro, falamos de pulga, carrapato e pernilongos", conta o veterinário do hospital PetCare, Marcelo Quinzani.

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O veterinário relembra que os primeiros cães são, possivelmente, de origem europeia ou do hemisfério norte, onde o clima tende a ser mais frio. Os cães derivados deste continente têm uma pelagem mais densa para se protegerem do frio e, no calor, estão mais ativos a noite e evitam grandes esforços sob a luz do dia.

Porém, na modernidade, os cães acompanham a rotina humana e normalmente estão na ativa durante o dia. "No período de férias, a gente quer o cachorro como companheiro para passear, para ir pro parque, ir à praia, e de repente ele poderá sofrer com o calor se tiver com a pelagem mais densa", salienta Marcelo.

Bate a dúvida: tosar ou não tosar? Aparar ou peladão? É importante saber que o pelo do doguinho é um isolante térmico e funciona se ele estiver em repouso. Da mesma maneira que protege do calor externo, o cão em atividade física mais intensa não consegue eliminar o calor que ele produz e é aí que a pelagem mais curta vai colaborar.

Entretanto, existem alguns fatores que devem ser considerados na hora da tosa como o clima, a raça e principalmente o tipo de pelo do pet. "Animais de pelos médios e longos requerem um pouco mais de atenção e cuidado, independente da época do ano. Isso porque o excesso de pelo pode gerar a formação de diversos nós e aumentar a temperatura interna desses animais", explica a veterinária Amanda Peres da DogHero.

Já as raças como chow chow, lulu da pomerânia e correlatas não podem ser tosadas dependendo da fase de maturação, porque o pelo não vai crescer de novo, exemplifica o veterinário Marcelo, uma vez que são os dogs que podem estar com o pelo em período de dormência, e esse pelo não cresce. É por isso que alguns cachorros ficam carequinhas para sempre. "Pode-se fazer uma tosa na tesoura, para deixar mais baixa, mas não fazer uma tosa na máquina", salienta o médico veterinário.

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Para raças como pastor alemão, labrador, schnauzer, maltês e outros peludões é indicado fazer uma tosa mais baixa – que irá colaborar na dissipação do calor, e evitar empestação de pulgas, carrapato e parasitas, que costumam aumentar nessa época do ano.

Mas, pensando nos totós de pelo curto de nascença, como ficam? Para Amanda, independente do tamanho do pelo do animal e época do ano, se o pelo for raspado muito rente à pele, o pet estará exposto às diversas variações climáticas, propenso a ficar doente. “Animais muito tosados não podem tomar sol e muito menos ficarem desprotegidos de ventos ou climas mais frios, afinal, sua barreira térmica é menor nesse momento”, complementa.

E como perceber que a tosa pode ter prejudicado seu melhor amigo? Marcelo indica que se o cachorro estiver com muito frio, ele vai ficar mais encolhido, retraído e vai dormir enroladinho, mas não vai morrer de frio. Caso esteja sofrendo com o calor, ele ficará extremamente ofegante, em repouso. "O cachorro, diferente do ser humano, não transpira pela pele. Ele tem que perder calor pela respiração. A ofegância é um sinal de que ele está com calor", justifica.

O caso mais grave que pode acometer o cãozinho é quando acontece uma falência do controle da temperatura e o cachorro morre por causa do calor. "Vai começar uma série de alterações chamada hipertermia, permeação ou heat stroke", alerta Quinzani. Segundo o veterinário, essa situação crítica pode acontecer quando o cachorro estiver submetido a temperaturas muito altas e com grande esforço físico. Assim, ele pode não conseguir baixar a temperatura por meio da respiração.

Contudo, o esquema é manter escovação e banho no pelo durante o ano todo para evitar a formação de nós e o acúmulo de microorganismos no pelo que podem ser nocivos à saúde do animal, como recomenda Amanda.

Tão importante quanto o cuidado dos pelos dos pets, a hidratação é fundamental nesse período. A água ajuda a controlar a temperatura corpórea. Também vale aproveitar o verãozão para passear nas primeiras horas da manhã ou no final do dia. Atentar-se às altas temperaturas do asfalto, para evitar queimaduras nas patinhas e atividades moderadas e em período mais curtos. Sombra e água fresca é mais do que regra, é prioridade para o bem-estar dos animaizinhos.

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