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Uma Entrevista com o Maior Sósia do Kim Jong-un do Mundo

Ele estrela um comercial israelense de hambúrguer em que lança um míssil nuclear em Washington para mostrar seu desdém pelo McDonald's, depois come o hambúrguer e diz: “Como posso explodir os israelenses depois desse gostinho do paraíso?"

Dizem por aí que a imitação é a maior forma de elogio. Se isso for verdade, as travessuras de um morador de Hong Kong devem estar fazendo o Bebezão Supremo da Coreia do Norte se inflar para além de seu tamanho normal. Depois de estrelar um comercial como Kim Jong-un para a cadeia de restaurantes israelense Burger Ranch no começo do ano, um honconguês nascido na Austrália chamado Howard está começando uma carreira alternativa como sósia profissional do Kim.

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Howard — que, aliás, é produtor musical e booker de bandas — não divulga seu sobrenome. O que é, provavelmente, uma sábia decisão, considerando que os norte-coreanos costumam sequestrar estrangeiros que vacilam com o país. Mas depois de estrear no comercial de hambúrguer — no qual ele lança um míssil nuclear em Washington para mostrar seu desdém pelo McDonald's, depois come o hambúrguer do Burguer Ranch e diz: “Como posso explodir os israelenses depois desse gostinho do paraíso?” — pedidos de entrevista de todo o globo começaram a pipocar.

Howard concordou em dar sua primeira entrevista de verdade para a VICE para discutir como tudo isso aconteceu.

VICE: Oi, Howard. Quando você percebeu sua semelhança com o tirano mais famoso do mundo?
Howard: Quando ele apareceu no cenário mundial, logo depois que o pai, Kim Jong-il, o promoveu a chefe do exército ou algo assim. Logo que o vi, pensei: “Meu, essa é a minha cara”. Fora isso, não fiquei pensando muito nessa história. Depois algumas pessoas comentaram a mesma coisa e pensei nos sósias que fazem uma grana por aí, então, resolvi tentar.

Como você fez o mundo saber dessa bizarra similaridade?
Fiz esse corte de cabelo idiota — é horrível — e eu já tinha um desses uniformes do Mao. Em 1997, usei o uniforme em festas da transferência de soberania de Hong Kong. Além disso, meu corpo tem esse formato e eu como muito, por isso o queixo duplo — não preciso de maquiagem nem nada. Tirei umas fotos, postei no Facebook e uma produtora israelense me encontrou. Eles estavam produzindo um comercial para o Burger Ranch, um concorrente do McDonald's.

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Vi seu comercial no YouTube — é uma bela estreia. Você pode explicar sua parte para as pessoas que não viram isso ainda?
Eles são especializados em hambúrgueres kosher para judeus ortodoxos, que não comem carne com queijo. Na noite anterior à filmagem, eles contrataram o melhor sósia do Barack Obama, um cara chamado Reggie Brown, [que fez outro vídeo da série sobre] como o presidente pede um dos hambúrgueres “Big America” do McDonald's, que na verdade é um lanche fininho. Meu papel é dizer: “Vai se foder, Obama! Nós temos os melhores hambúrgueres no Burger Ranch”. E explodir a Casa Branca.

E você recebeu outras propostas depois disso?
Já me ofereceram um trabalho em Los Angeles, um comercial de pistache com o Dennis Rodman. Eles precisavam que eu estivesse lá em duas semanas, mas não consegui arranjar o visto. No final, eles contrataram um cara aleatório que nem se parece com o Kim Jong-un. Um cara sem nenhum carisma. Mas não adianta nada ficar deprimido com coisas que saem de seu controle, né?

Você teve que ir a um cabeleireiro especializado para fazer esse corte?
Meu cabeleireiro já fez alguns desses antes — ele sabe o que eu quero. Eu levo umas fotos e digo: “Quero parecer com esse cara aqui”. Mas toda vez que saio, uso um boné. Minha namorada odeia esse corte. Não é o visual mais sexy do mundo.

O que você acha do Kim Jong-un, o homem?
Ele é um fantoche. Ele foi colocado lá por seus tios e tias — as pessoas que estão realmente no controle do país. Ele tem que viver como um imperador — e por que não? Mas o regime que ele representa é horrível, sem piada. E a propaganda… Lembro que visitei a Expô de Xangai em 2010. Fui até o pavilhão norte-coreano — o Iraque, a Coreia do Norte e o Irã ficavam um do lado do outro. A primeira coisa que você via no estande da Coreia do Norte era um cartaz dizendo: “Somos o melhor país do mundo”.

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Você tem medo de estar tirando sarro publicamente de uma das figuras mais perigosas da Terra?
Não, porque estou em Hong Kong e ele está na Coreia do Norte. O que ele vai fazer — mandar seus espiões para matar um cidadão chinês? Isso seria bem pouco realista. Eles têm coisas mais importantes com que se preocupar.

E por último, ditadores adoram ter dublês de corpo. Você fica tentado a se candidatar à sósia oficial do Kim?
Quem sabe? Talvez ele considere essa possibilidade. Mas não falo coreano e acho que teria que fazer discursos, então é provável que eu não seja elegível. Mas eu podia apontar e acenar durante as inspeções em fábricas ou algo parecido.

Siga o Jamie no Twitter: @jamiefullerton1

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