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Sexo

As Revistas Proibidas

Não era fácil conseguir uma revista de putaria no Brasil algumas décadas atrás. As chamadas "revistas proibidas" eram acusadas de alienantes pela esquerda e de veículo de formação comunista pela direita.

Não era fácil conseguir uma revista de putaria no Brasil algumas décadas atrás. Catecismos, revistinhas de bolso e de barbeiro eram vendidos de maneira quase clandestina. Mesmo assim, diversas publicações surgiram e muitas não passaram dos primeiros números. As chamadas "revistas proibidas" eram acusadas de alienantes pela esquerda e de veículo de formação comunista pela direita. Tanto que várias tiveram problemas com a Censura e com as ligas católicas.

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Reuni aqui algumas publicações nacionais que tiveram vida curta no mercado editorial. Mas que também tiveram seus anos dourados.

CLUB DOS HOMENS

Na segunda metade dos anos 80, este foi um dos títulos mais famosos do softcore. Editada com cuidado, seu diferencial eram as entrevistas com personalidades como Luiz Fernando Veríssimo, Raul Cortez e até a dupla sertaneja Tonico & Tinoco. Um dos repórteres que mais atuaram na Club foi o jornalista Marcos Faerman (1943-1999).

FAIRPLAY

Mistura de Esquire com Playboy, Fairplay foi uma das primeiras tentativas de se estabelecer uma revista masculina séria no Brasil. Lançada em 1966, diversas atrizes consagradas posaram para a revista, como Esmeralda de Barros, Irma Alvarez e Odete Lara. Orígenes Lessa e Ruy Castro foram colaboradores da publicação [a modelo e manequim preferida da Coco Chanel, Vera Valdez -- quem entrevistamos na Edição de Moda 2011 --, também].

FIESTA

Espécie de "Playboy dos pobres", Fiesta compilava ensaios de atrizes iniciantes e musas secundárias. Com o êxito de vendas, a publicação teve vida longa e cobriu a abertura sexual na década de 80. Durante o período de maior prestígio, Fiesta teve colaboradores especiais como Amaury Júnior e Décio Piccinini (aquele mesmo que foi jurado do Topa Tudo por Dinheiro, do SBT).

HOMEM

Um dos títulos mais populares dos anos 70 e 80, Homem trazia uma fórmula que foi adotada por outras publicações. A receita era simples: ensaios com modelos conhecidas, entrevistas com personalidades, noticiário sobre pornochanchadas e fofocas sobre as musas do momento. As propagandas sobre a revista eram muito bizarras:

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LUI BRASIL

Título sofisticado na Europa, Lui chegou ao Brasil pela editora Três. Com diversos nomes de peso, a revista acabou não decolando. O diretor de redação era o escritor Ignácio de Loyola Brandão.

MASTER SEX

Revistinha que compilava fotonovelas eróticas, contos, quadros eróticos, fotos de modelos gringas e resenhas de boates. Curiosa publicação da editora Ki-Banca (?), durou pouquíssimos números. As vendas eram feitas por reembolso postal, como indica o anúncio: "Não mande dinheiro agora, pague na agência do correio quando receber o aviso de chegada".

NEW GIRL

"Vocês vão vibrar com os nus desta edição", diz o cartão publicitário da revista. Sem muitas matérias, as edições se concentravam em inúmeras fotos de lindas modelos. Segundo um dos editoriais, a New Girl tentava promover "um estudo químico da mulher".

PLAYMEN

Tentativa frustrada da editora Sublime de trazer para o Brasil a revista italiana Playmen. A pretensão era ter uma publicação masculina para um público sofisticado. Entrevistas com políticos, colunas sobre cultura, dicas sobre sexo, ensaios sensuais de atrizes. Tudo foi testado. Mesmo assim, as vendas foram baixas e a publicação com roupagem séria não passou dos números iniciais.

PENTHOUSE

Em 1982, o empresário Faruk El-Khabit, dono da editora Grafipar, realizou um sonho: conseguiu editar a versão nacional da Penthouse. Os ensaios eram criativos e o diretor de redação Sílvio Lancelotti conseguiu trazer nomes expressivos do jornalismo tupiniquim. As entrevistas eram feitas pelo chargista Jaguar. Mas a Penthouse brasileira não teve vendas expressivas e durou apenas dez edições.

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PRIVÉ

Catecismo que se tornou conhecida por seus especiais de massagistas, carnaval, "os mais perfeitos bumbuns do planeta Terra" e até atletas olímpicas ("o recorde mundial de mulheres: 100 páginas livres de censura", dizia a publicidade). Além dos ensaios, as edições tinham dicas sexuais, quadrinhos, passatempos eróticos e colunas sobre cinema.

STARS SEXY

Nos anos de chumbo, Farah Abdalla era dono de uma distribuidora especializada na venda clandestina de revistas de sexo. Investidor inveterado, ele produziu alguns filmes da Boca do Lixo. Em 1978, o empresário tentou bancar sua própria revista que recebeu o nome de Stars Sexy. A publicação durou um único número. Abdalla faleceu há alguns anos. Mas sua família continua dona de uma banca no centro de São Paulo.

TEXTO POR MATHEUS TRUNK
IMAGENS: REPRODUÇÕES DE ACERVO PESSOAL