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Música

Carta do Editor Convidado

Aqui vai um conselho para quem estiver pensando em aceitar um convite para editar a Edição Antimúsica de alguma revista no futuro: não fale sobre o que está fazendo para ninguém. Isso só vai tornar as coisas mais difíceis.

Aqui vai um conselho para quem estiver pensando em aceitar um convite para editar a Edição Antimúsica de alguma revista no futuro: não fale sobre o que está fazendo para ninguém. Isso só vai tornar as coisas mais difíceis. Vai ser mais ou menos assim: “Opa, sou o editor convidado da Edição Antimúsica!”, e a pessoa com quem você estiver conversando vai responder: “Antimúsica? O que isso quer dizer?”. E de repente você vai se dar conta de que esse tema é extremamente difícil de explicar.

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Mas, se você persistir na explicação, econtrará outro fenômeno, mais desagradável ainda: a Sacada. A pessoa que estiver conversando com você, de repente, vai “sacar tudo”. Vai olhar através de você e desembestar em um monólogo apaixonado. Talvez isso envolva bit rates, blogs, preço de CDs, fabricação de CDs, capas, camaradagem, diletantes, cortes de cabelo planejados de mais, posers, juventude perdida, overcompressão, novas bandas de improvisação, exibicionismo político, rappers babacas, bandas que voltam depois que acabaram e se frustram, pouca troca de arqui-vos, muita troca de arquivos e/ou Vampire Weekend. O único consenso vai ser que—como o sistema educacional e aqueles gatos gordos de Washington—“algo” está muito errado. O problema é que ninguém vai saber dizer ao certo que “algo” é esse. Essa é a má notícia. A boa notícia é que você já vai ter essa edicão daVicecomo paramêtro. E, claro, se você for o editor convidado de alguma Edição Antimúsica de alguma revista em um futuro não tão distante, terá problemas muito maiores com os quais se preocupar (nanoassassinos, pés ambulacrários, fome glo-bal). Quando isso acontecer, esta edição ainda vai ser boa para ler no abrigo nuclear. De qualquer jeito, divirta-se! Sam McPheeters teve uma gravadora durante 12 anos e esteve por 15 anos em turnês. Hoje, mora na Califórnia e ainda ouve Slayer—com relutância.