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poesía

Rimas de segunda: Toural

Demos uma de medievais e analisámos a capital como jograis.

Demos uma de medievais e analisámos a capital como jograis. O Toural tem agora grade de metal — não que precisasse, pois sem ela não estava mal
Foi-se a sombra, varreu-se a horta e cobriu-se com novo visual
De rosto pombalino, frente a igreja amputada e olhos na envergonhada calçada
Mapa que os desorientados ofereceram aos habituados
Uma fonte deslocada, fruteira de três andares como as há em chapa e porcelana
Um bosque e um pinhal em modo aperitivo para compor o postal
Que fotogénico, o Toural!
O mapa de pedrinhas é o oposto do original
Não orienta, mas ornamenta
Mesmo assim, gostamos do Toural, até por ser nosso espaço central
Momento urbano especial, acaso propício ao social
Pena a grade — em cidade de couro, fizeram-na em ouro (dará para devolver?)
Desenho de sacada, tão bem inspirada
De um chumbo brilhante, ferrinho pedante — nosso brinde da temporada
Fortuna dos Vimaranenses e assédio dos larápios — convinha estar bem agarrada
Pena a grade, mas tem remédio.
Novo sítio que o tempo confirmará ou uma varanda rica a receberá
Ainda assim, gostamos do Toural.
Encolheu para curto, acanhado
Tornou-se rápido e de aparato arrojado
Um traje folgado, desajustado
Ainda é cedo para lhe cobrar defeitos que já se fazem notar
Sorte a grade — se o dinheiro faltar, sempre dá para empenhar
Basta desmontar, cortar ou arrancar
Preferia trocar — regressar.