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Música

Vodafone Paredes de Coura de A a Z

13 de Agosto está quase aí.

Fotografia por Hugo Lima O Vodafone Paredes de Coura está quase a começar (13 de Agosto é o grande dia, marca na agenda) e tu vais querer lá estar — tenhas estado em 20 festivais ou sendo virgem na matéria. Por isso, preparei-te um  guia maneirinho de A a Z. Começa em África e acaba em Zzzz (que é como quem diz, a dormir). ÁFRICA
Foste tu que pediste um Hendrix do deserto? Então, tens de espreitar e bambolear-te com Bombino, tuaregue vindo do Níger com uma guitarra para provar que blues e as tradições africanas são filhos da mesma mãe. Os fãs de Tinariwen terão aqui bom entretenimento. Nomad, o disco que lançou este ano, é uma delícia. BOLEIAS
Todos os caminhos vão dar a Paredes de Coura. Podes ir de comboio até Valença do Minho e depois apanhar um autocarro especial para o festival. Podes ir de autocarro da Renex, graças a um serviço especial que parte de Vila Real de Santo António, Lagos, Lisboa, Coimbra, Porto e Braga. Podes também ir de carro, pela A3. A saída é “Paredes de Coura”, pelo que não te deves perder. E podes tentar uma boleia, neste site, por exemplo. CHUVA
Os veteranos de Paredes de Coura já contam com ela. Os menos avisados que se cuidem: um guarda-chuva, um impermeável e meias quentinhas para a noite na tenda são obrigatórias. A chuva (e/ou o frio) são visitas regulares em Paredes de Coura por altura do festival, o que já levou alguns a questionar se não haverá aqui maldição. Com ou sem ela, a malta já se habituou: este festival é para gente rija. DANÇAR
“D.A.N.C.E.”, ordenam os Justice. O duo francês vai estar em Paredes de Coura, em registo DJ set, para nos obrigar a isso mesmo. Mas não estarão sozinhos na arte de fazer saracotear pernas: dançaremos com a pop electrónica dos The 2 Bears, uma carta de amor à música de dança, da house ao dancehall; as cantorias estivais dos Delorean e do cúmplice John Talabot (o seu ƒIN foi um dos melhores discos de 2012); Moullinex e a The Discotexas Band; Simian Mobile Disco… “It’s The Beat!” EPIFANIAS
Paredes de Coura é local para epifanias, aqueles momentos em que, num transe pessoal ou colectivo, se mudam consciências. Aconteceu em 2005, com os Arcade Fire, um concerto que ainda perdura nas memórias dos clientes do festival. Acontecerá em 2013? FILLUP SHACK
Quem? Era este o nome de palco e discos de Matthew Houck antes de assumir o actual alter-ego. Enquanto Phosphorescent, tem feito canções folk e country dolentes em vestes pop e electrónicas que num mundo justo teriam o mesmo destaque que Bon Iver (justamente) conseguiu. GANGRENA
Um dos artistas do primeiro festival Paredes de Coura, feito com 180 contos e montado numa semana. Já não há bandas com nomes assim. Hoje, a nação faz-se representar pelos The Glockenwise, Noiserv, Sensible Soccers, pela malta da Discotexas, entre outros. HOT CHIP
São, talvez, a melhor coisinha do cartaz — e se não tens a mesma opinião devias submeter-te a um tratamento intensivo. Não te apoquentes, vai saber bem levares com esta pop de primeira apanha produzida por uma das bandas mais simultaneamente inteligentes e amigáveis do século XXI. Vais gostar de “Flutes”, pop de pista pensativa; vais adorar “I Feel Better”, maravilha para estes tempos políticos de merda e que lembra “La Isla Bonita” de Madonna (bastava isso, não?). INSUFLÁVEL
Pode ser um barco ou crocodilo (em homenagem aos Echo & the Bunnymen). Desde que o Erlend Øye (membro dos Kings of Convenience e animal de palco com cara de tímido e pinta de geek incurável) andou de barco insuflável no rio, com guitarra e as suas cantigas, que este acto se tornou imensamente fixe e sinónimo do festival (já era, convenhamos, mas aquele gesto mítico na edição de 2011 deu-lhe outra pinta). O Coura e as suas sombras são uma maravilha para te curares dos excessos e encarares mais uma noite de concertos. JUVENTUDE
A juventude pop está bem representada, sobretudo com música vinda do Reino Unido: a salada de géneros dos Everything Everything; o rock colegial dos Veronica Falls, sabedora das harmonias dos Ramones e das guitarras saltitantes dos Smiths; o pop-rock dos Peace (acabadinho de nascer, mas com sabor aos anos 1990 ingleses); os Citizens!, neo-glam apadrinhado por Alex Kapranos (Franz Ferdinand). KAPA
Não há The Kills, mas há The Knife — o que basta para cumprir a quota de K num festival. Mas sobre eles leiam noutro ponto. LATAS
De conserva, claro. São as melhores amigas de um gajo que vive em festivais de Verão e se não sabes isto é porque não és um gajo que vive em festivais de Verão. Mas vais sempre a tempo. MOSH
Em You’re Nothing, álbum deste ano, os Iceage surgem como uma espécie de Wire para a geração pós-hardcore. Ou seja, fornecem elementos para o mosh (e se já vimos tal coisa acontecer com Cansei de Ser Sexy, é obrigatório que aconteça com estes dinamarqueses furiosos) enquanto nos fazem pensar. NATUREZA
Para além do rio, a paisagem é uma lindeza e o anfiteatro natural em que acontecem os concertos tem já estatuto mítico. Estás no Minho, aproveita. ORVALHO
É outra marca de Paredes de Coura. Vestuário recomendado: hoodie, um verdadeiro todo-terreno. PAREDES DE COURA
O nome do festival confunde-se com o da terra. E é dos poucos casos em que isso é mesmo verdade: a vila está a poucos passos do festival e lá encontras uma série de cafés e restaurantes para que garantas a tua dose diária de nutrientes. “QUE COISA FOI ESTA?”
Num concerto dos The Knife os membros do grupo podem ficar estáticos enquanto o povo dança. Num concerto dos The Knife, um bailarino e um técnico de luzes podem ser tão importantes como a própria banda. Num concerto dos The Knife pode haver uma mulher ao piano em palco numa canção em que não ouvimos piano. Um concerto dos suecos é, regra geral, motivo para a pergunta “Que coisa foi esta?” — tenha-se amado ou odiado o dito cujo. Não por acaso o último tomo de pop cerebral do duo tem o nome Shaking The Habitual. REAL ESTATE
Não há Real Estate (precisávamos de preencher o R e o D estava ocupado), mas há Ducktails, o projecto solo de Matt Mondanile que hoje é uma banda de pleno direito. Um sonho pop a várias mãos. SESTA
Toda a gente sabe que uma noite de sono num festival não chega para repor energias. Os mais sábios sabem que a sesta faz parte da rotina de um gajo que fica a ver concertos até de madrugada. Toma lá umas dicas. Aterra no centro cultural, onde também podes espreitar o email, ou junto ao fresco Coura. Se tiveres carro, ruma ao Cristelo, onde não faltam recantos de tranquilidade, longe do bulício festivaleiro. TOY
Não é o nosso Toy. Estes Toy são uma banda, são ingleses e fazem motorik para o novo milénio. É psicadelia, ao mesmo tempo metronómica (quando é kraut) e expansiva (quando é shoegaze). Os amigos The Horrors, que andam pelas mesmas águas estéticas, também vão lá estar. UNKNOWN MORTAL ORCHESTRA
Ora são hippies felizes com o som, ora uma banda de funk, ora rockers com coração ácido, ora nostálgicos de George Harrison. Tudo embrulhado num som de mínima resolução e máximo calor. VETERANOS
Líderes da alt.country, os Calexico são, comparativamente com a idade média dos projectos do cartaz, uns velhotes. O mesmo pode ser dito dos Belle and Sebastian, também formados em 1996, campeões de tudo o que é delicado, fofo, tímido e indie. Os primeiros apresentam Algiers (2012), os segundos andam longe dos álbuns desde 2010. Mas os campeões da veterania são mesmo os Echo & the Bunnymen, gente do negrume deprimente em que a Inglaterra dos anos 80 se especializou. WILL SAUL
Produtor, DJ, editor, Will Saul é um nome importante na arte de fazer dançar. Faz deep house, coisa rara de se ouvir num festival de Verão alegadamente rock. Aproveitemos. XXXY
Nome emergente da electrónica, Rupert Taylor apropria-se de múltiplos géneros, pega em vozes e transfigura-as até ao ponto de serem plasticina emocional. Ouvir-se-á house nas margens do Coura. YEAH!
Yeah!, estamos quase a chegar ao fim. Yeah!, o festival está a chegar. ZZZZZZZ
A zona de campismo abre a 10 de Agosto, três dias antes de a música começar. Se não estiveres numa de tenda, podes contar com uma novidade: glamping, nome estrangeiro para campismo de luxo. Podes escolher entre as “Quibis”, construídas em madeira, com cama e colchão, para duas pessoas; os “Tipis”, construídos de forma artesanal, decorados com pigmentos de cor naturais e que podem acomodar grupos de seis; e as “Gypsy Caravans” — cada caravana é diferente, mas todas têm uma cama dupla. Podes saber mais aqui.