Quando em 2014, depois de quase 20 anos de silêncio, os Ride anunciaram que se iriam voltaram a juntar para tocar ao vivo, muita cueca se molhou por esse Mundo fora. E com razão. Uma das mais influentes bandas do rock britânico dos anos 90 a que chamámos shoegaze (e que hoje se integra perfeitamente ali para os lado do psicadelismo mais aguerrido) regressava aos palcos e, muitos de nós, marcados para a vida essencialmente por dois discos, Nowhere e Going Blank Again, nunca os tínhamos visto.
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Os regressos de bandas que adoramos e que há muito se finaram são sempre complicados. Por um lado queremos muito, por outro lado temos muito medo da desilusão. E a passagem dos Ride pelo Primavera Sound do Porto, em 2015, foi disso exemplo. Quisemos muito que fosse o fim do Mundo e, por um lado foi, por outro não. O som estava baixo e isso, com uma banda onde a muralha de som demolidora é marca de água, é meio caminho andado para não encher a barriga.Mas, tudo bem. As canções continuavam lá todas, o alinhamento foi imaculado e ainda sabíamos as letras e os riffs de cor. Siga. O pior destas coisas é quando as bandas dizem que a coisa está a correr tão bem que até estão a pensar gravar material novo. Raios. Não sabemos se queremos "material novo". Os Pixies foi o que foi… mas depois lembramo-nos dos Dinosaur Jr. e sossegamos um bocadito. É possível.Com os Ride, a coisa foi um bocadito mais aguda. Aquela mentalidade intolerante do nosso eu adolescente voltou em três segundos, quando Erol Alkan foi anunciado como o produtor de um disco novo que estaria a ser gravado para edição em 2017. Ora bem, agora querem ser modernos, ou o caralho! De vez em quando, somos assim, idiotas.Agora, a primeira amostra já está cá fora, dá pelo nome de "Charm Assault", é anunciada como "a primeira nova música da banda em 20 anos, produzida pelo lendário DJ, produtor e remixer Erol Alkan e apresenta-nos os Ride em grande forma". O álbum chega no Verão, pela Wichita Recordings e marca também o regresso de Alan Moulder à mesa de misturas. Moulder misturou Nowhere e produziu Going Blank Again, portanto, tem tudo para correr bem.E a verdade é que "Charm Assault" é Ride clássico e, sim, em forma (seja lá o que isso signifique). Bateria e baixo irrepreensíveis, guitarras a explodir, harmonias a entrarem-nos cabeça dentro e as vozes de Mark Gardener e Andy Bell a pairarem por ali como se 1992 tivesse sido ontem. "A digressão em 2015 foi uma excelente forma de nos lembrar aquilo em que éramos bons e, por isso, esta música é um seguimento natural do momento em que parámos. Quando voltámos a escrever música juntos tentámos imaginar que tínhamos continuado a fazê-lo durante todo este tempo", diz Andy Bell.Em Julho, os Ride tocam no Festival de Bènicassim, em Espanha, pode ser que nos façam o favor de passar por cá… e de tocar mais alto.