"Coruja para as Artes", a tua criatividade está debaixo de olho
A Coruja de Mário Belém. Todas as fotos por Sérgio Felizardo.

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"Coruja para as Artes", a tua criatividade está debaixo de olho

Precisas de um empurrãozinho para levares a tua arte a outra dimensão? Esta plataforma de apoio artístico pode ajudar-te.

Começaram a emergir como vultos. Imagens misteriosas que estavam um pouco por toda a cidade de Lisboa, por todo o País, provocando a estranheza e um certo fascínio em quem com elas se cruzava. Até que alguém notou um padrão: este artista ou colectivo partilhava o nome com uma nova cerveja do Grupo Super Bock, Coruja, e nas redes sociais parecia estar em guerra com a marca. Estaria a marca a ser alvo de uma espécie de vandalismo, com os seus cartazes de rua a serem pintados pela calada da noite, ou tudo não passaria de uma manobra de marketing de guerrilha? (Nós também não passámos ao lado da questão).

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Muitos foram aqueles que se insurgiram, do fundo da sua esperteza, e tentaram desmontar a coisa. Não porque fossem moralmente contra este tipo de iniciativas, não porque não gostassem do trabalho feito, simplesmente porque queriam mostrar que sabem mais que o comum dos mortais. Que têm olho. E se a Coruja estava "de olho em nós", eles já tinham topado tudo a léguas.

Como se fossem uma versão alternativa daqueles fãs de séries que criam teorias sobre o que se passou naquele episódio bizarro em que toda a gente ficou à nora. Menos eles. Aos que acertaram que a acção Coruja era uma activação de marca, parabéns! (A menos que tenhas sido aquele gajo chato que andou a batalhar nas caixas de comentários para que o Mundo abrisse os olhos e visse o que ele tu há muito já tinhas visto. Deixa os outros curtirem a vida, meu!).


Vê: "Mário Belém, a arte urbana a mergulhar na cultura portuguesa"


A verdade é que esta iniciativa que "enganou" muita gente - já sei que a ti não, já chega! - era afinal uma acção da Super Bock e da Solid Dogma, representada por um colectivo de artistas: The Caver, Contra, Frame, Glam, Kruella, MAR, Mário Belém, Mosaik e Samina. Eles eram o “Coruja” e tinham intervenções de arte urbana disseminadas por paredes de várias cidades do País e, acreditem ou não, a coisa não era simplesmente para promover uma marca de bebida. Não! Tudo isto serviu também para dar o de pontapé de saída - ou o rodar de ignição do carro para aqueles que não gostam de futebol - de uma plataforma de apoio à Arte Pública e Urbana.

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Esta coisa de apoio a cenas fixes chama-se PLATAFORMA CORUJA PARA AS ARTES, vai funcionar até 2020 e originar iniciativas que, para além de contarem com estes nove artistas acima mencionados, quer também apoiar muitos outros. Não vendam ainda o vosso carro, há aqui uma luz. Se não conseguirem entrar nestes apoios vendam a viatura só lá para o fim de Outubro, quando deixar de dar para ir à praia. No entretanto, se és artista e estás a precisar de um empurrãozinho, a Coruja tem prémios monetários para promover os novos talentos na arte urbana.


Vê: "Catarina GLAM, a paixão pelas formas, pelos materiais e pelas máquinas"


Se estás interessado em saber mais sobre a CORUJA PARA AS ARTES, espreita aqui. Entretanto, abaixo podes conhecer melhor os nove artistas que fazem parte do colectivo que marcou o arranque da iniciativa e as corujas que cada um criou.

THE CAVER

É street artist, tatuador, ilustrador, designer gráfico freelancer e iniciou-se no graffiti no ano da Expo 98 - "seu burro, o ano está no nome da coisa!". É ainda fundador de um colectivo chamado Cabidela Ninjas, que também é uma música dos Acromaníacos. Provavelmente há aqui uma relação. Representa - e bem - a Linha da Azambuja, tendo trabalhos espalhados um pouco por todo o País, sendo um dos mais conhecidos o da Estação de São Bento, no Porto. É capaz de gramar caves!

CONTRA

É possível que tenha sido inspirado pelo clássico jogo de salão de jogos para chegar a este nome tão difícil de encontrar na porcaria do Google. CONTRA é do Porto e fez parte do Colectivo Rua, grupo que co-fundou. Afirma ter raízes em diferentes áreas que vão do graffiti à arte conceptual.

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É de Leiria e desde muito cedo percebeu que há duas coisas fundamentais na sua vida: desenho e morcela de arroz. Podia ter-se tornado o Cristiano Ronaldo da charcutaria, mas preferiu a arte urbana e descobriu a crew MDK. Andou a dar nas vistas por todo o Mundo, mas agora assentou arraiais em Almada. Faz ilustração e tatuagem. Aposto que de vez em quando vai ao Google Images pesquisar imagens de morcela de arroz.

GLAM

Catarina Monteiro é mais conhecida por Glam. No início do milénio, uma profecia antiga dizia que ia aparecer uma arti… quem é que eu quero enganar? Os gajos não faziam ideia que isto ia durar tanto. Só para aí os Maias é que eram mais positivos em relação ao tempo que o sofrimento - que é esta coisa chamada Planeta Terra - ia durar. Continuamos por cá a pagar as contas.

A Catarina até chegou a formar uma crew só de raparigas, mas não há informação na Internet que confirme que tenham sido elas a salvar o Mundo. Há, no entanto, outras informações mais frequentes sobre o seu trabalho, que o descrevem assim: “Peças multi-dimensionais em papel e madeira, peças de design e personagens para várias marcas, exposições de arte ou festivais internacionais”. A artista diz que vive num caos organizado, talvez porque a porcaria de uma borboleta bateu asas na outra ponta do Planeta.


Vê: "Kruella d'Enfer e um universo fantástico de cor, lendas e criaturas místicas"


GONÇALO MAR

Gonçalo MAR, diz que começou a desenhar com giz no alcatrão aos 12 anos, mas não sabemos se fazia daqueles desenhos em que parece que o chão se abre ou assim. De sentido estético desperto e apurado, estudou moda e foi desenhador num estúdio de animação. Foca-se nas personagens e nos ambientes, o que faz com que conte histórias únicas. Verifica por ti.

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Tem um corpo de trabalho variado e tem-se destacado pelo impacto que as suas obras causam em quem as vê, com destaque para a exposição “Existence Without Form”. Na verdade nem sei se teve mais destaque que outras intervenções suas, só me lembro de se falar muito disso e até fui ver. A memória é tramada. Mas, de uma coisa tenho a certeza, tem feito murais enormes, sozinha ou acompanhada e é daqueles nomes que daqui a muitos anos vamos continuar a ouvir falar. Quer dizer, pelo menos se não morrermos entretanto.

MÁRIO BELÉM

Foi para a faculdade tirar arquitectura, mas fartou-se daquilo. Tirou design e… bem, gostou de algumas coisas. Fundou o thestudio mas agora trabalha sozinho e faz um pouco de tudo. Apesar de todo o seu trabalho digital, agora é também conhecido pelos seus enormes murais. Vê mais neste vídeo.

MOSAIK

A ideia de Mosaik é tentar levar o graffiti a sítios onde ele ainda não chegou esteticamente. É tipo um sensei de caligrafia urbana enriquecida, um ninja na sua precisão. Talvez por isso chegue a tanto lado. Isso ou o pai é rico e tem um jacto privado. Quem te dera, Mosaik!

SAMINA

A dada altura colava autocolantes pela cidade um pouco por todo o lado… menos numa caderneta. Auto-didacta, reza a lenda que ficava em casa com o lápis numa mão e uma régua noutra, batendo com a régua sempre que parasse de desenhar. Entretanto, descobriu o stencil e começou a aumentar a sua dimensão, a desenvolver a sua linguagem e a fazer mil coisas ao mesmo tempo: Arte Urbana, Design Gráfico, Pintura e Arquitectura. É o que acontece a quem não passa o dia a queimar tempo na Internet, como tu a leres este artigo!


Sabe mais sobre a PLATAFORMA CORUJA PARA AS ARTES.

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