Esta matéria foi originalmente publicada na VICE US.
O detetive da polícia de Salt Lake Jeff Payne parecia paciente na unidade de queimados do hospital norte-americano. Ele fez a enfermeira Alex Wubbels colocar seu supervisor no viva-voz do celular, e concordou com a enfermeira sobre a política do hospital em não permitir que policiais tirem sangue dos pacientes.
Payne precisava de um mandado. Ou o paciente — que estava inconsciente — teria que consentir a retirada da amostra. A única outra maneira de coletar o sangue seria se o homem estivesse preso.
"Só estou tentando fazer o que devo, só isso", disse Wubbels enquanto Payne ficava mais agitado.
"Você está cometendo um grande erro agora, porque você está ameaçando uma enfermeira", alertou o supervisor pelo viva-voz.
Payne, então, declarou que tinha "cansado". Numa guinada violenta, ele arrastou Wubbels para fora do hospital, a algemou e a enfiou na viatura enquanto ela gritava pedindo ajuda.
"Isso é loucura", grita Wubbels num vídeo revelado numa entrevista coletiva na última quinta-feira (31). "Por que ele está tão nervoso? Não fiz nada de errado. O que está acontecendo?"
O incidente acontecido no dia 26 de julho — e registrado pelas câmeras de corpo dos oficiais presentes, incluindo Payne — veio à tona depois de uma colisão mortal que aconteceu no mesmo dia. Um motorista fugindo da polícia bateu num caminhão e deixou o motorista em coma. Payne, supostamente, queria ver se o homem ferido tinha alguma substância em seu sistema para protegê-lo de acusações criminais, segundo o Salt Lake Tribune.
Tirar o sangue do homem desacordado iria de encontro à política do hospital e mais. Em junho, a Suprema Corte dos EUA declarou inconstitucional fazer testes sanguíneos sem mandado em motoristas suspeitos de embriaguez.
Wubbels não foi acusada de nenhum crime, e Payne continua trabalhando. A Associated Press relatou que o Departamento de Polícia de Salt Lake City começou uma investigação interna sobre o caso.
"Meu único trabalho é manter meus pacientes seguros", disse Wubbels durante a entrevista coletiva na quinta, que visava chamar atenção para o incidente. "Uma retirada de sangue parece uma coisa simples. Mas sangue é o seu sangue. É sua propriedade. E quando um paciente chega num estado crítico, esse sangue é extremamente importante."
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