As normas de género dissipam-se nesta orgia de cor ilustrada
ColorOrgy

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Identidade

As normas de género dissipam-se nesta orgia de cor ilustrada

O artista do Arizona, ColorOrgy, utiliza cores vivas e um imaginário de outros tempos, para passar a mensagem da sua agenda subversiva.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Creators.

Um cacto com um pôr-do-sol ao fundo e indícios de m desfiladeiro infinito, ou de um deserto sem água, são os símbolos típicos das arte popular do Sudoeste norte-americano. No entanto, para o artista do Arizona, ColorOrgy, as coisas são um bocadinho diferentes, tal como demonstra através dos tons pastel bem vivos e brilhantes dos seus trabalhos. Obras em que nos leva numa viagem satírica pela desconstrução das normas de género e da sexualidade.

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"A cultura americana, os media de massas, a idealização do que se supõe que é a vida, ou como lhe queiras chamar está na base do meu trabalho. Definitivamente, é uma obra sobre as mulheres e o seu papel na sociedade. As mulheres sempre me pareceram mais interessantes", conta ColorOrgy ao Creators.

Conhecido fora do meio artístico como Scott Wolf, o artista foi aperfeiçoando a sua técnica ao longo dos últimos 10 anos. A inspiração vem do mestre da pop art, Roy Lichstenstein e o seu foco centra-se na representação da objectificação sexual de mulheres e crianças, que se econtra na maioria das imagens criadas na cultura ocidental.

Estudo para "Nature vs Nurture"

Na peça Eat, Drink and Be Married, por exemplo, ColorOrgy representa duas mulheres em pose em frente a um homem e um rapaz sentados num sofá, num ambiente muito anos 50. Ao lado, outra mulher ri-se, enquanto as duas tiram a roupa e uma delas corta parte do seu rabo às fatias. Esta também se ri, porque servir é a sua ideia de felicidade doméstica. rosa pastel e tons esverdeados conferem uma certa normalidade a uma cena inquietante.

"Para mim, é uma sátira óbvia aos típicos papéis atribuídos às mulheres", explica ColorOrgy. E acrescenta: "Creio que muitas das coisas que faço podem ser mal entendidas como misóginas, ou como algo que crucifixa as mulheres, mas, se olhares mais aprofundadamente, normalmente estou a querer dizer alguma coisa. E acredito que a maior parte das pessoas o entende".

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Nem todo o trabalho de ColorOrgy pressupõe ma crítica profunda das regras sociais sobre o que é o feminino. Há peças que jogam com as formas femininas, criando personagens ou cenas inspiradas na publicidade de meados so século XX e na estética dos livros infantis.

"Tudo o que faço é composto, desenhado, e colorido de forma precisa no computador", explica ColorOrgy, que salienta que nos seus primeiros trabalhos existia mais liberdade, mas que, desta forma, obtém "mais satisfação na limpeza e detalhe que se consegue".

Uma vez satisfeito, ColorOrgy cria modelos dos desenhos, colocando camadas de cor em painéis de madeira com várias formas, pelo que a imagem parece flutuar na parede. Antigamente, trabalhava apenas com pintura em spray, que não tem muitas cores disponíveis, mas agora recorre a métodos com pincéis e, depois, faz acabamentos com uma pistola de spray. "Julgo que lhes confere uma ideia mais de produto, de produção em massa. Isso sempre me interessou", sublinha.

Tradicionalmente conhecido como um Estado politicamente conservador, o Arizona parece ser um local pouco óbvio para a produção de arte que fomenta a equidade de género, no entanto, o trabalho de ColorOrgy envolve múltiplas narrativas, criando imagens que fazem com que quem as vê possa olhar mais além das ideias normalmente aceites. "Não imagino como é ser mulher neste tempo. Julgo que há muitas coisas boas a acontecer, mas há outras que continuam a não estar bem", conclui.

Podes conhecer melhor o trabalho de ColorOrgy aqui e segui-lo no Instagram.

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