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Música

A Dupla Espanhola Downliners Sekt Começou a Carreira Dublando Filmes Pornô

'Você podia fazer um filme do Pokémon e na sequência um gang bang de travestis brasileiros", conta o duo catalão-francês de post-dubstep.

A gente normalmente classifica músicos como figuras bidimensionais, em invés de vê-los como seres humanos plenamente realizados. Extracurricularé uma série que descobre interesses não-musicais desconhecidos, surpreendentes e muitas vezes superbizarros de DJs e produtores – e deixa que eles expliquem como tudo isso se relaciona com o trabalho deles.

Vamos pular a parte fofa dessa matéria e ir direto ao que interessa: os caras da dupla de pós-dubstep Downliners Sekt costumavam trabalhar na indústria pornô. Coincidentemente, Fabrizio Rizzin e Pere Solé estavam ambos envolvidos com dublagem de filmes pornôs para o francês e espanhol antes de criarem batidas downtempo introspectivas. Rizzin era dublador e Solé, engenheiro de som – mas eles têm o cuidado de salientar que tudo isso aconteceu 15 anos atrás. "A gente não quer ser visto como franceses pervertidos", brinca Rizzin.

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Atualmente, o duo catalão-francês está envolvido com coisas muito maiores e melhores. Nos últimos anos, eles lançaram alguns EPs pelo selo InFiné, e agora a dupla tem um set completo pra lançar no dia 7 de abril. Na véspera dos Downliners darem os próximos passos, a gente pediu que eles olhassem para trás e nos contassem sobre os excitantes empregos que eles tiveram no passado.

Fabrizio Rizzin: Não era uma coisa regular. Eu tinha um amigo que trabalhava para produtores da indústria pornô no sul da França. Ele sabia que eu estava procurando por emprego, e me conseguiu um trampo dublando filmes pornôs. A maioria eram filmes escandinavos e alguns americanos, e a gente tinha que traduzir o que eles estavam dizendo, mas, principalmente, era preciso dublar todos os sons extras, tipo "uhn" e tal. Eu estava no estúdio com outro cara e duas minas, e nós víamos a cena e tínhamos que traduzir, e tínhamos um microfone no estúdio – era como fazer música.

Pere Solé: Eu tive o mesmo emprego em Barcelona, dublando filme pornô para o espanhol, mas a gente quase nunca fala sobre isso. Eu era o engenheiro de som, então eu era o cara mixando o que pessoas como o Fabrizio faziam. No meu caso, era um tipo de pornô super estranho, bem extremo, do tipo pornô transex. O engraçado é que eram produções super baratas, então os caras do som e os atores estavam na mesma sala – não tinha nem isolamento acústico. A gente tinha que trabalhar em total silêncio, porque o nosso barulho poderia acabar entrando na gravação. Era muito engraçado, eu lembro dessa senhorinha, de mais ou menos 50 anos, que era super meiga, e de repente ela estava dublando pornô de travesti brasileiro. Haviam efeitos de som também.

Pere: Nós também fizemos os filmes do Pokémon por um tempo. Você podia fazer um filme do Pokémon e na sequência um gang bang de travestis brasileiros. Eles dublavam esse tipo de cena como, sei lá, o carteiro diz "Nossa, tá super quente aqui", ou qualquer coisa do tipo. Estava escrito, então eles liam os roteiros, mas quando a ação começava, era improvisação total. Eles começavam a contar piadas bizarras e todo mundo ria.

Fabrizio: Nos anos 80, a produção de pornôs franceses era bem grande. A Espanha não era tão longe, então eles costumavam alugar uns ônibus na Espanha e vir assistir a filmes pornôs na França, porque na Espanha de Franco não era permitido. Na minha cidade, todo mundo sabia sobre os ônibus que vinham toda semana para assistir a filmes pornôs.