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Μodă

Vida Longa aos Mexigóticos

Qualquer oportunidade pra dizer que a Cidade do México é a Harajuku da América Latina é mais do que bem-vinda. Aqui vão umas fotos de otakus, skins, punks e góticos, e uma entrevista breve com o cara que as fez.

Qualquer oportunidade pra dizer que a Cidade do México é a Harajuku da América Latina é mais do que bem-vinda. Aqui vão umas fotos de otakus, skins, punks e góticos, e uma entrevista breve com o cara que as fez.

VICE: Quando você tirou essas fotos?
Íñigo: Em abril de 2010.

E qual é a sua história?
Andei fotografando, durante um mês, luta livre e os rituais da Santa Morte. Aos sábados frequentava o Tianguis Cultural del Chopo, que é onde esses jovens se encontram. Assim nasceu o projeto.

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O que os torna mais interessantes do que jovens de outras partes do mundo? Já vi coisas parecidas em muitos lugares.
O que mais me surpreendeu foi a criatividade com que desenhavam os seus trajes, praticamente a custo zero, muitos deles usando materiais reciclados. Ao contrário de muitos europeus e norte-americanos, estes jovens só dependem de recursos econômicos para adquirir alguns complementos, caríssimos na maior parte das vezes. Normalmente copiam as ideias da internet e trabalham elas como podem.

Essa é a graça, acho eu. São tipo cópias ruins de subculturas ocidentais.
Não diria cópias ruins. Simplesmente imitam com os recursos que têm. Às vezes até superam os modelos. Na minha opinião são muito mais autênticos e originais. Por exemplo, em 2009 esses jovens perseguiram os emos, às vezes de forma violenta, porque faltavam a eles princípios como movimento e, principalmente, porque pertenciam a classes mais acomodadas.

E qual era a subcultura dominante? Vejo um pouco de steampunk nessas fotos.
Ninguém se identificou como steampunker. A maioria se identificou como gótico. Nas fotos notam-se várias influências clássicas: skins, rockabilly, otakus. Não me recordo de nenhum se identificar especificamente como steampunker.

OK, se bobear sou eu que sou meio paranóico. Vejo steampunk por todos os lado ultimamente.
Entendi.

O look mais original que vejo são os que têm as caras pintadas de caveira. Me parece mais genuinamente mexicano e também me lembra o Rick Genest.
Alguns desses jovens procuravam modelos para imitar na Alemanha, mas o caso das caveiras tem muito a ver com a necessidade que muitos deles têm de transformar ou “mexicanizar” todas as subculturas de que falamos, até serem convertidas num produto completamente mexicano.

Qual você acha que é a subcultura dominante na capital neste momento?
A cultura dark está muito enraizada. O resto passa e eles continuam, pelo menos tem sido assim até agora. Na verdade, muitos desses jovens começam nisto na pré-adolescência e só deixam estas coisas lá pelos trinta.

TEXTO POR PAUL GEDDIS VICE ES
FOTOGRAFIA POR IÑIGO LÓPEZ DE AUDICANA