O planeta semelhante à Terra mais próximo da gente parece estar coberto de água
Já pode começar a planejar seu tour espacial: Proxima b, dizem os cientistas, tem uma atmosfera fina e gasosa que pode tornar sua superfície habitável. Crédito: European Southern Observatory/Flickr

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O planeta semelhante à Terra mais próximo da gente parece estar coberto de água

Já pode começar a planejar seu tour espacial: Proxima b, dizem os cientistas, tem uma atmosfera fina e gasosa que pode tornar sua superfície habitável.

O satélite de Júpiter, Europa, há pouco se tornou o melhor candidato para o abrigo de vida alienígena dentro de nosso sistema solar. E, em meio à busca por vida além de nosso quintalzinho cósmico, um planeta rochoso recém-descoberto, do tamanho da Terra, deixou os cientistas tontos da cabeça: eles concluíram que este corpo celeste muito possivelmente está coberto por oceanos. E esta água em estado líquido, dizem, pode conter vida.

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Em estudo publicado no periódico Astrophysical Journal Letters, uma equipe internacional liderada por pesquisadores do Laboratório de Astrofísica de Marselha (CNRS/Aix-Marseille Université), na França, determinou que as dimensões e propriedades da superfície de Proxima b "de fato favorecem sua habitabilidade".

Os pesquisadores determinaram que Proxima b poderia ser um "planeta oceânico com águas cobrindo toda a sua superfície", com águas semelhantes às detectadas nas luas gélidas em torno de Júpiter e Saturno, tais como Europa e Encélado.

"O planeta pode muito bem ter água líquida em sua superfície e, por conseguinte, algumas formas de vida", afirmaram os pesquisadores, de acordo com a Agence Presse France.

"É provável que tenha água em formato líquido na sua superfície e, por conseguinte, formas de vida"

O Proxima foi descoberto em agosto enquanto orbitava em torno de Proxima Centauri, a 4,2 anos-luz da Terra, com 1,3 vezes o tamanho do nosso planeta, orbitando a 7,4 milhões de quilômetros de seu sol, um décimo da distância que Mercúrio está do nosso Sol.

Alguns cientistas sugerem que o planeta seria muito quente para ter água líquida, já que sua distância de Proxima Centauri deixaria seus oceanos "travados" e virado na direção da estrela – esquentando até atingir temperaturas inabitáveis ou ferver. Os pesquisadores do CNRS, porém, descartaram essa ideia por enquanto.

"Ao contrário do que se espera, tal proximidade não necessariamente significa que a superfície de Proxima b seja quente demais para que haja água em formato líquido", afirmaram os pesquisadores em nota.

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Proxima Centauri tem uma massa equivalente a 12% do nosso Sol, sendo uma estrela mais escura. Desta forma, a zona habitável é próxima da estrela, ou seja, Proxima b pode muito bem estar numa posição em que água – e vida – podem se propagar.

"Como Proxima Centauri é uma anã vermelha, com raio e massa correspondendo a cerca de um décimo da do sol, com brilho 1.000 vezes menos intenso. Nesta distância, [Proxima b] está na zona habitável de sua estrela. É provável que tenha água em formato líquido na sua superfície e, por conseguinte, formas de vida", disseram os pesquisadores.

Mas os astrofísicos do CNRS ainda não conseguiram determinar com precisão o tamanho de Proxima b, e as conclusões sobre os oceanos têm por base simulações da composição do planeta e seu raio. Como de costume, ao determinar o tamanho de exoplanetas, os cientistas medem quanta luz eles bloqueiam ao passar na frente de sua estrela a partir da perspectiva da Terra. Esta técnica é conhecida como fotometria de trânsito, mas não foi observado nenhum trânsito mensurável ainda. Por causa da posição da Terra em relação à Proxima Centauri, há a possibilidade de 1,5% disso acontecer com Proxima b, disseram os pesquisadores.

Há outra forma – menos precisa – de estimar o raio de um planeta, porém. Trata-se da simulação do comportamento do que eles acham que o planeta é feito. Uma equipe de pesquisadores franceses e americanos no Laboratório de Astrofísica de Marselha e no Departamento de Astronomia da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, calculou que o raio do planeta está entre 0.94 e 1,4 vezes o da Terra. Caso acompanhe o índice menor, calcula-se que seu raio teria 6.000 quilômetros. Com este dado, a equipe do CNRS afirma que o planeta seria muito denso e com um núcleo metálico que seria responsável por dois terços de sua massa, envolto em um manto rochoso.

Noutro cenário, com um raio máximo de 8.920 quilômetros, a equipe afirmou que a massa de Proxima b se dividiria igualmente entre um núcleo rochoso e um oceano em seu entorno, com 200 quilômetros de profundidade.

"Em ambos os casos, uma atmosfera fina e gasosa poderia envolver o planeta, como na Terra, fazendo com que Proxima b seja possivelmente habitável", concluíram os pesquisadores. Torçamos para que sim, afinal, como falamos aqui, o Acordo de Paris ainda não nos salvará.

Tradução: Thiago "Índio" Silva