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Tecnologia

​A Jornada Para Transformar Bitucas de Cigarro Em Algo Útil

Quando a vida te dá limões você sabe o que fazer, mas e quando ela te dá 5,6 trilhões de cigarros usados por ano?
Crédito: Flickr/Waferboard

Quando a vida te dá limões você sabe o que fazer, mas e quando ela te dá 5,6 trilhões de cigarros usados por ano? Um grupo de cientistas sul-coreanos publicou recentemente um estudo que propõe um processo de apenas um passo para transformar aquelas bitucas em algo útil – tipo revestir os eletrodos de supercapacitores.

As bitucas são a evidência nojenta de um péssimo hábito, e o pior é que elas estão por toda parte. E com o agravante de que são tóxicas e nada biodegradáveis. Mesmo assim 766.571 toneladas delas vão parar no meio ambiente anualmente.

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Mas a equipe da Universidade Nacional de Seoul vê, se não beleza no lixo, ao menos alguma utilidade. Eles descobriram que as fibras de celulose de acetato que compõe os filtros dos cigarros podem ser usadas como revestimento à base de carbono para componentes eletroquímicos de supercapacitores, que armazenam quantidades enormes de energia elétrica para servir de auxiliar para bateria, lidar com a demanda de notebooks, armazenar a energia elétrica regenerativa dos freios de carros elétricos – tudo que é tipo de coisa. Precisaremos de mais supercapacitores no futuro assim como precisamos de algum lugar pra enfiar todas estas bitucas, e é isso que torna esta ideia tão atraente.

"Diversos países estão desenvolvendo regulamentações rígidas para evitar os trilhões de filtros tóxicos e não biodegradáveis de cigarros descartados no meio-ambiente a cada ano", disse o coautor da pesquisa, Jongheop Yi, da Universidade Nacional de Seoul. "Nosso método é só uma forma de chegar a este objetivo."

Calmaí, não tão rápido. Há ainda a questão de como essas bitucas serão recolhidas, já que elas são jogadas em toda parte. Enquanto você quer mudar um padrão social, parece que a melhor opção é fazer com que as pessoas não fumem. Seria mais realista que os fumantes despejassem suas bitucas em algum lugar? Será que sem mais nem menos os porcalhões que as jogam por aí parariam de fazê-lo ao pensar que elas poderiam ser usadas para a fabricação de baterias?

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Mas o método sugerido parece simples o bastante: queimar tudo, em um processo conhecido como pirólise. O carvão restante tem poros de tamanhos diferentes, o que de acordo com os pesquisadores é ideal. Ao ser colocado junto de um eletrodo e testado em um sistema de eletrodos tríplice, os pesquisadores descobriram que o material armazenava uma quantidade maior de energia que o carbono, grafeno ou nanotubos de carbono disponíveis no mercado.

Ainda assim é difícil não ser um pouco cético com relação ao empreendimento. Já ouvimos falar de usos para bitucas recicladas, como mencionado por Matt Skenazy em um artigo de 2011 da Miller-McCune (revista que se tornaria a Pacific Standard). Por exemplo: Skenazy descobriu planos de adicionar as bitucas a uma superfície familiar a elas: a calçada.

Trituram-se as bitucas, adicionando-as ao concreto, no lugar do fibermesh (um composto anti-rachaduras geralmente adicionado ao concreto, com base de polipropileno). A ideia é que o concreto envolveria as bitucas – por exemplo, em uma laje de fundação – e isso impediria suas toxinas de se espalharem pelo ambiente.

Ou você pode usá-las para proteger o aço. Uma pesquisa chinesa de 2010 mostrou que extratos das bitucas mergulhadas em água poderiam ser usadas para controlar a ferrugem. Para confirmar, foram feitos testes com aço e ácido clorídrico aquecido a 90 graus, o que parece ser o tipo de pesquisa que faz a fumaça subir em algum momento.

Tradução: Thiago "Índio" Silva