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Música

​Canções que salvam vidas: Golden Slumbers

As irmãs Falcão (podia ser um duo dinâmico de banda desenhada, mas é da vida real) fizeram um dos discos nacionais mais bonitos do ano e agora andam aí pelo País a salvar vidas em cima dos palcos.

Foto por Pedro Miguel.

Está a chover que se desunha. Está um calor infernal. É sexta-feira e estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula. Por outro lado, é sexta-feira, estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula, mas não tens guito. Não te apetece ir trabalhar. Não te apetece estudar. Vais é dar uma volta pela cidade. Espera, está a chover. Pronto, vais ver o mar, que está um calor diabólico. Alto, que isto está cheio de turistas e não dá para ir a lado nenhum. Nunca mais chega a Primavera! Primavera é que não, que é só alergias.

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Um gajo nunca está contente. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a letras de ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Semanalmente, e para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de, em pouco mais de três minutos, te salvarem. Se não a vida, pelo menos o dia.

Às vezes um gajo chateia-se com as mais inesperadas coisas. Embora perceba pouco de judo, acho que acabei de ver o nosso atleta, Jorge Fonseca, a ser roubado e, consequentemente, eliminado dos Jogos Olímpicos. Basicamente o seu adversário não atacava nada - o que passado algum tempo é falta - mas nunca foi advertido. Com as despesas do jogo do lado do judoca português, este acabou por se cansar e o outro cresceu para cima dele só mesmo no final. Há quem lhe chame táctica, mas acho que foi mais manha (ou mesmo cobardia). Foi porco, inglório e podia ter sido diferente se as faltas tivessem sido marcadas de início. O outro é um ex-campeão do mundo e isso deve ter pesado nas decisões do júri.

De maneiras que um indivíduo chateia-se com estas coisas vindas do nada e tem de respirar fundo. Esta rubrica parece que salva vidas, o que pode ser bem verdade em caso de emergência, mas certamente que também acalma o espírito e para isso nada melhor do que ouvir as harmoniosas Golden Slumbers. Só assim para meter tudo no lugar - e mais zen - outra vez.

Estão prestes a subir ao palco do impecável Festival Bons Sons, na localidade de Cem Soldos, perto de Tomar, mas foi no recente NOS Alive que a VICE falou com as manas Falcão - Catarina e Margarida - sobre esta irmandade musical e criativa. A primeira nota é que elas têm a escola do Coro de Santo Amaro de Oeiras e, sim, nem só do mega hit "A Todos Um Bom Natal" - um verdadeiro clássico - ou dos Ministars, vive aquela instituição de Utilidade Pública.

A verdade é que as Golden Slumbers sempre tiveram o "bichinho da música". Desde pequenas, dizem, "sempre tocaram e cantaram" e com a idade (e muito talento dizemos nós) veio a ideia de fazerem material próprio, o que veio a concretizar-se. Primeiro com um EP e depois com esse enorme disco de estreia The New Messiah, produzido pelo não menos grandioso Luís Nunes (a.k.a. Benjamim) e lançado pela NOS Discos no início do ano.

Com tanto caminho ainda pela frente, o objectivo deste duo dinâmico é, asseguram, muito simples: "Continuar até não dar mais" [risos]. E, à moda daqueles concursos de talentos televisivos, quisemos saber qual, na opinião delas, é a principal característica que as distingue. A resposta foi pronta, óbvia e certeira: "Somos duas mulheres a cantar! Cá em Portugal há uma falta gigante de projectos com _frontwomen". _Que o futuro seja mais prolífico nesse aspecto e que haja muitas meninas a olharem para as Golden Slumbers em cima de um palco e a dizerem "também quero", é o que se deseja.__