FYI.

This story is over 5 years old.

cenas

O Miguel Palma e o Bruno Sousa vão estar hoje no 5.ª à Avenida

Pode até ser que escutemos The Cars.

O convite tem sido repetido semana após semana: os Quiosques da Liberdade são o spot de Lisboa onde podem escutar os melhores discos acompanhados por cocktails de whisky preparados por quem percebe do assunto. Tudo isso acontece com a descontracção necessária no 5.ª à Avenida, entre as 19 e as 2 horas de cada quinta-feira.   As mãos que giram os discos esta semana pertencem a Miguel Palma e Bruno Sousa, dois experienciados rapazes a quem podem confiar os vossos ouvidos sem receio. O nome de Miguel Palma surge normalmente associado às artes plásticas, mas, no 5.ª à Avenida, aquele que é um dos nossos mais excitantes criadores terá a oportunidade de nos dar a conhecer um pouco do seu gosto musical (pode até ser que escutemos The Cars). Mais habituado a passar discos, Bruno Sousa, metade dos BANDIDO$, surge na Avenida e não acreditamos que haja alma viva que resista aos ritmos que trará consigo. Temos encontro marcado então. Fotografia por Luís Silva Campos VICE: De que maneira esta oportunidade de passar discos te deixa ansioso em comparação com os dias anteriores a uma exposição? 
Miguel Palma: Alimento-me da ansiedade. Estou de dieta.  Dado o teu gosto por veículos, dirias que existem discos que só resultam mesmo bem em trânsito dentro de um carro?
Sim, Love is a drug, Roxy Music. Foi a música que ouvi em 1975. Era muito miúdo e o irmão mais velho de um grande amigo meu ofereceu-me este disco. Mais tarde espetou-se com um BMW 2002 contra a pastelaria Sul América na Avenida de Roma.  E de onde vem esse gosto pelos veículos motorizados? Consegues situar isso no tempo?
Lembro-me de cheirar o interior dos carros, em particular no verão depois de uma boa exposição solar. A borracha dos pneus, os plásticos tóxicos e todos os materiais presentes no carro continuam na minha memória. Lembro-me de diferenciar os cheiros das diferentes marcas de automóveis de cada vez que o pai ou o meu avô chegavam de carro. Devia ser muito pequeno.  Em que novos projectos te encontras empenhado? As coisas abrandam para ti no Verão?
São vários, acabei de inaugurar uma exposição em Viseu, comissariada por Miguel Von Hafe Perez, com a participação de um grupo de artistas de quem muito gosto. A exposição está integrada no festival Jardins Efémeros 2014. Em Julho e Agosto vou estar entre Santander e São Paulo em duas exposições. A primeira inaugura a 14 de Agosto e é uma exposição individual, comissariada por Bruno Leitão para a Biblioteca Central de Cantabria. A segunda abre ao público a 6 de Setembro. Vou fazer parte da invasão artística da cidade Matarazzo coordenada e comissariada por Marc Pontier em parceria com a 31.ª Bienal de São Paulo. Para acabar o verão inauguro uma exposição no Museu de Arte Popular, comissariada por Sérgio Parreira e intitulada Layout. À entrada do museu vai estar um carro blindado que passará um vídeo pensado para a exposição.  VICE: Olá, Bruno. A tua selecção de discos sofre algum tipo de alteração quando tocas ao ar livre, como neste caso?
Bruno Sousa: Sim, sem dúvida. Passar discos ao final da tarde numa esplanada é muito diferente de fazê-lo dentro de um clube às 4 da manhã. Aproveito para rodar alguns discos de vinil (coisa que já não faço nos clubes) e também para ouvir aquelas faixas simpáticas, agradáveis e bonitas, mas que não são necessariamente para fazer a malta dançar. Entre ti e o Rui Teixeira, qual dos dois preserva melhor o seu charme natural quando um set de Bandido$ já passou para lá das cinco da manhã? 
Uff, talvez o Rui, porque é mais novo e tem mais cabelo. Eu já estou velho e a ficar calvo, pelo que às 5 da manhã já estou mais virado para lá do que para cá. Mas se a música for boa, danço até à hora do pequeno-almoço. Alguma vez assististe a qualquer coisa semelhante a um fenómeno paranormal nas ruas da grande Lisboa?
Muitas. Estou sempre a encontrar zombies às 7 da manhã ali no Cais do Sodré, já vi uns OVNIS por cima da Ponte 25 de Abril e no outro dia encontrei Nossa Senhora num edifício que está abandonado e que será vendido aos chineses em troca de Golden Visas. Tens memória de algum disco que possas ter deixado escapar na altura e que te tenha provocado um enorme arrependimento mais tarde? 
Memória não tenho, pois como fiz muitas directas, danifiquei a minha parte do cérebro que lembra detalhes deste género. Mas, com muita dificuldade, lá me recordo de uma vez que estava na Suíça de passagem e apanhei um belo disco do Terence Fixmer que não comprei porque tudo lá era caro como o diabo e eu precisava de todos os trocos que tinha na algibeira. Mas devia ter comprado o disco, merda.