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Entretenimento

'South Park' ou 'Simpsons', qual desenho mais influenciou a cultura millennial?

Tentei descobrir que desenho dos anos 1990 e 2000 teve o maior impacto, de 'South Park' a 'Family Guy' e 'Futurama'.
MS
Traduzido por Marina Schnoor
Madalena Maltez
Traduzido por Madalena Maltez
south park better than simpsons family guy
Colagem por Lia Kantrowitz.

Hoje em dia desenhos de comédia para adultos são comuns – de Archer a Bojack Horseman até Rick and Morty –, então é fácil esquecer que o gênero já foi considerado subversivo e lutou com sitcoms para ter piadas levadas ao ar nos horários nobres. Muita coisa mudou de lá para cá. Em 1992, George H. W. Bush denunciou publicamente Os Simpsons, e hoje Ted Cruz não cala a boca sobre o quanto adora a série; Family Guy já foi tabu demais para patrocinadores, mas já estava vendendo Coca-Cola em 2008. Na verdade, essas séries não estavam só sendo aceitas por um mundo em mutação; elas mudaram o mundo – provavelmente mais do que você imagina.

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Eu queria achar um jeito de quantificar o impacto dos grandes desenhos animados dos anos 90 na sociedade – significando Futurama, O Rei do Pedaço, Os Simpsons, South Park e Family Guy. Então fiz o melhor possível para listar toda frase de efeito, meme e impacto reconhecível instantaneamente na vida real criado por cada série. Esses três programas – os três principais sendo Simpsons, Family Guy e South Park em particular – alteraram o jeito como as pessoas falavam e, mais tarde, como postavam online. Mas moleques papagaiando as frases do Cartman na escola não deixaram tanto impacto no mundo quanto as atitudes para com a política e ambientalismo que South Park ajudou a criar, então para cada item eu estabeleci pontos de 1 a 10.

O resultado foi um processo monumental e exaustivo, que pelo menos me deu um argumento baseado em matemática para qual desenho foi o mais importante da nossa era – e o alcance gigante de um desses desenhos excedeu muito os outros.

Qual? Você tem que ler para descobrir porque ,se me dei todo esse trabalho, você pode muito bem passar os olhos pela matéria, né, seu ingrato.

Se prepare. Vai levar um tempo.

Futurama

Começando pela ordem cronológica reversa com a série que estreou em 28 de março de 1999, Futurama foi um sucesso instantâneo com a galera nerd por seu uso de referências e fórmulas de ciência reais numa comédia de ficção científica, um mecanismo que influenciou diretamente séries posteriores como The Big Bang Theory (+1) e Rick and Morty (+1).

A proeminência memética de Futurama estava no pico durante o impacto da imagem macro com legenda, quando stills do Fry cético (+2), do Fry “cala a boca e pega meu dinheiro” (+2), ou “por que não Zoidberg” ainda estavam em voga. Ainda usados ocasionalmente hoje temos o hypnotoad (+1) e o Professor Farnsworth dizendo “Não quero mais viver neste planeta” (+3). (Algumas dessas traduções, imaginamos, não tenham tanto efeito quanto no original. Mas vale a nota.)

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O lamento acima nos traz para as frases e palavras que a série acrescentou ao vernáculo. Hermes nos deu exclamações como “sweet zombie Jesus!” (+1) e “my Manwich!” (+1), a carne enlatada da relevância de companhia em décadas. O “bite my shiny, metal ass” do Bender (+1), suas brincadeiras com a palavra “neat” (+1), “yeah baby, I know it” (+2) e a insistência dele de fazer sua própria versão de uma coisa “com jogos e prostitutas” (+1) não têm muita compatibilidade com as conversas do dia a dia como o “boas notícias, pessoal” do professor (+2) ou estar “tecnicamente correto, o melhor tipo de correto” (+2). Futurama também ofereceu munição quando precisamos apontar que “X não funciona desse jeito” (+3) ou que a coisa de alguém é má e você deveria se sentir mal (+2).

A série também inventou um teorema matemático novo para um episódio (+2) que não tem muita aplicação fora de cenários de troca de cérebro, nos introduziu ao “snu snu” (+2), o termo para o sexo ocasionalmente fatal com uma amazona gigante, e “bonitis” (+ 1 ), um jeito horrível e triste de morrer. E graças a um episódio particularmente triste, uma geração inteira não consegue mais ouvir “I Will Wait for You” da Connie Francis (+2) sem chorar.

Total: 33

Family Guy

Ganhando uma legião de fãs em suas três primeiras temporadas, Family Guy não foi embora de boa quando inicialmente cancelada em 2003. A Fox deu os primeiros 50 episódios para a Cartoon Network, e esses episódios ajudaram a carregar a programação do Adult Swim (+5) nos seus primeiros anos. Family Guy também vendeu uma caralhada de DVDs, ajudando a abastecer o boom de DVDs de séries daquela era e colocar outras séries em CDs (+3).

A série era tão popular na morte que a Fox a reviveu em 2005. Isso não só resultou em outras 14 (e contando) temporadas e nas séries irmãs do MacFarlaneverso como The Cleveland Show (+1) e American Dad (+3), mas significou que cancelamentos não eram mais uma sentença de morte permanente (+7), mesmo quando você “se toca à noite” (+1). As principais contribuições da série para a paisagem da comédia foram a popularização das piadas de corte (+4), e introduzir Adam West para toda uma nova geração (+1). A série também tinha uma queda por musicais ecléticos, e gerou uma breve renascença para Conway Twitty (+2), “Rock Lobster” do B-52 (+1) e “Surfin' Bird” do Trashmen (+1). Por outro lado, Family Guy é único em sua capacidade de matar um meme da internet simplesmente o mostrando na série, um fenômeno conhecido como “efeito Family Guy(+2).

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Apesar de ter matado muitos, Peter Griffin criou alguns memes próprios. Ele nos contou o que “grinds his gears” (+3), disse “ohmygod, who the hell cares” (+1) para informação chata ou irrelevante, e se envolveu numa guerra de ipeca que forneceu um gif de vômito muito legal (+1). Ele também machucou o joelho (+1) de um jeito que, quando você imita, tira um pouco da dor. A Pepperidge Farm (+2) lembra daquela piada da segunda temporada como se fosse ontem.

A risada marca registrada do Peter (+1), “holy crap” (+1), intermináveis “whoa, whoa, whoa” (+1) e o adaptável “cala a boca, Meg” (+2) não foram as únicas frases a sair das telas. O “preciso de um adulto” do Chris (+1) é perfeito para escapar de situações desconfortáveis. Os bordões “what the deuce” dos primórdios do Stewie (+1) e “a vitória é minha!” (+1) evoluíram com o tempo em coisas menos diabólicas, como sua pronúncia errada do w (+2) no começo de palavras como whip ou no tête-à-tête “você está bêbado / você é sexy” (+1) com o Brian. A Lois dos primórdios nos deu o formato “X é o jeito de Deus te dizer Y” (+1). As frases de Quagmire “giggity” (+2) e “alll right” (+1) se tornaram sinônimo de tesão. Cleveland nos deu “that's nasty” (+1), e o homem do tempo Ollie Williams forneceu “it's gon' rain” (+1) e “damn, nature, you scary” (+2).

Apesar de algumas piadas do Family Guy serem universalmente queridas, como “o homem tubo inflável dos braços balançantes” (+2), a série também atraiu críticas por ser misógina, racista e simplesmente escrota. Um dos primeiros episódios de Family Guy popularizou a frase problemática “full-blown AIDS” (+2), mas 13 anos depois, a série prometeu que não faria mais piadas com gays. É um começo.

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Total: 62

South Park

Apesar de não ser a série de maior duração da lista, South Park conseguiu se manter consistente por suas duas décadas no ar, adaptando seu humor e filosofia com os tempos. Uma série profana logo no primeiro dia, South Park foi o primeiro programa regular com a classificação TV-MA [para maiores de 18 anos] nos EUA (+8), e abriu caminho para um futuro de normalização de palavrões sem bip na TV a cabo (+5). A abordagem “os dois lados são uma bosta” dos criadores Trey Parker e Matt Stone ajudou a criar uma geração de “republicanos South Park(+5), que (geralmente equivocados) acham que Parker e Stone estão do lado deles.

A política mostrada na série informou, mudou e começou diálogos nacionais sobre coisas como as crenças da Cientologia (+5) e mormonismo (+4), até direitos trans (+2), “espaços seguros” (+2), cultura do politicamente correto (+3) e como as pessoas ficam metidas por dirigir um carro híbrido (+2). Depois que um episódio polêmico retratando o profeta Maomé rendeu ameaças de morte e censura subsequente do Comedy Central, o Dia Todo Mundo Desenha Maomé (+5) foi fundado em resposta. Apesar de Cartman ter ajudado a normalizar o antissemitismo (+5), ódio por hippies (+2), e a ideia de se congelar para esperar o lançamento de um videogame (+2), foi o episódio do ManBearPig (+1) que provavelmente teve o impacto mais profundo no mundo. O episódio, de que Parker e Stone se desculparam depois numa sequência, tira sarro da noção “super cereal” (+1) de uma mudança climática criada pelo homem e deu ao seu enorme público de edgelords permissão para seguir o exemplo (+10).

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Conceitos menos cataclísmicos concebidos pela série incluem o agora ocasional emprego da estratégia legal de confundir o júri conhecida como “a defesa Chewbacca” (+3), a noção de que Family Guy é escrito por peixes-bois empurrando bolas com piadas (+2) e que Os Simpsons já fez todas as linhas de roteiro concebíveis (+4), a ideia persistente de que ruivos não têm alma (+4) e que o tamanho dos movimentos intestinais é medido em “Courics” (+1). A série foi a primeira a dizer que a Sarah Jessica Parker parece um cavalo (+3), além de ser a razão para todo nome falso de pornô ser “Backdoor Sluts #9” (+2). Em um episódio, descobrimos que Kanye West é um peixe gay (+1). Em outro descobrimos que Kim Kardashian é um hobbit (+1). Em outro, descobrimos que a cantora Lorde, conhecida por seu sucesso “I am Lorde, ya ya ya” (+1), é Randy Marsh de peruca (+1).

As primeiras temporadas de South Park eram lotadas de bordões. As frases do Carman “ay!” (+1), “beefcake” (+1), “cheesy poofs” (+1), “respeite minha autoridade” (+2), “foda-se, faço o que quero” (+2), “foda-se vocês, vou pra casa” (+2) e “Não sou gordo, tenho ossos grandes” (+2) estavam na boca e nas camisetas da molecada do mundo inteiro no final dos anos 90. O garoto da terceira série temperamental também implorou para chupar suas bolas (+1) – não do tipo chocolate, salgada (+1) – e chamou a mãe do Kyle de vadia (+1), que ela respondeu com “o quê-o quê- O QUÊ?” (+1), Stan dizia “cara, isso é fodido demais” (+1), Kyle suspirava ou gritava “merda” (+1), e no final de tudo, “Meu deus, eles mataram o Kenny” (+2).

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Outras frases repetidas da era incluem o alerta de Mr. Mackey “drugs are bad” (+1), “m'kay” (+2), o insulto “cocô idiota” da Shelly (+1), Big Gay Al te dizendo que estava “super, obrigado por perguntar” (+2) e a justificativa de Jimbo “está vindo direto pra nós” (+1). O Chef de Isaac Hayes também estava lá na época, soltando seu “olá, crianças” (+1) toda hora. Um episódio especial do começo apresentou o Monstro do Lago Ness como um mendigo precisado de “tree fiddy” (+2) e deu ao mundo a palavra “derp” (+6). (Derp na verdade se originou no filme de Parker e Stone Sem Trapaça Não Tem Graça, mas vou dar essa pro South Park.) Mais tarde, um Cartman mais malvado ainda reclamava com “meeeehhhm” (+1), mas também se engajava em esquemas diabólicos que acabavam com ele desfrutando o gosto das lágrimas de um adversário (+2).

Com os anos, o universo do programa se expandiu e fomos apresentados a personagens adjacentes a memes como o cocô de Natal (+1), o panda do assédio sexual (+1), povo caranguejo (+1), um escravo vestido de couro que só dizia “Jesus Christ” com a língua presa (+1) e o melhor jogador de World of Warcraft (+2) Azeroth. Uma toalha maconheira nos lembrava de não esquecer de trazer uma toalha (+2). Um proprietário de restaurante chinês (extremamente politicamente incorreto) mudou o jeito como vemos os mongóis e woks nas cidades (+1). Os personagens deficientes recorrentes “Timmy!!” (+2) e Jimmy entraram numa “rinha de aleijado” (+1), mas as predileções de Jimmy por stand up – “Quer dizer, espera aí, né” (+1), “que público ótimo” (+1) – eventualmente se tornaram sua característica definidora.

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Há tempos South Park é uma mina de ouro de memes, os mais dignos de nota sendo o instrutor de esqui avisando que estamos prestes a ter um mau momento (+2), o banqueiro que aponta que nosso investimento sumiu imediatamente (+2), e o aparelho “depois dos fatos” do Capitão Retrospectiva (+2). Além do Randy pós-ejaculação (+2). A série também nos ensinou que um passo 3 de TBD não nos impede de ter o “passo 4: lucro” (+3), além do que deixaria o Craig “tão feliz” (+1). Mas também nos ensinou lições difíceis, como às vezes nossas únicas escolhas são uma ducha gigante ou sanduíche de cocô (+2), e como “garotas são engraçadas, supere” (+2). “Theeenks” (+1) pela compreensão.

Outras frases popularizadas pela série incluem o lamento “took our jerbs” (+2) de um recente desempregado, o esclarecimento de Randy de que ele “achava que isso era a América” (+1), e a sugestão dos rednecks que se alguém não gosta da América, a pessoa “can geeet out” (+1). As multidões enraivecidas das cidades diziam “rabble rabble” (+1) ou “durka durr” (+1), talvez até um “durka durka” (+1) se estivessem no Meio Oeste. O Diretor PC dizia “you PC, bro” (+1). Uma Caitlyn Jenner assassina veicular encorajava os passageiros e espectadores a “buckle up, buckaroos” (+1). Um episódio especialmente racial sobre como “naggers” (+1) irritantes tinha pego Randy “pelas bolas” (+1). Não sei muito bem esse mas: “Sou soropositivo” (+1).

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O impacto da série não parou por aí, nos dando “posso terminar?” (+1), “raging clues” (+1) e “louve a ciência” (+1), além de colocar o restaurante de Denver Casa Bonita (+1) no mapa. Apesar de não ter ficado com “areia na minha vagina” (+2) com isso, não fiquei muito feliz quando eles tornaram “foguete vermelho” (+1) o principal termo para pênis de cachorro ou insistiram que “fag” só significava ciclista irritante (+1).

Pedaços da série ocasionalmente ganharam vida própria: os policiais dizendo “legal” para cada caso de professora transando com um aluno (+2) foi cooptado como resposta para cada vez que o número 69 aparece (+4). Apesar de alguns episódios serem, como Michael Jackson diz, “ignant” (+1), Parker e Stone ainda “reached thesse keeds” (+1) com seu programa subversivo. Caramba, “I member” (+2) quando era só o Cartman inventando palavras como “molestering” (+1), mas agora eles estão explicando o que é uma “bottom bitch” (+1). E se isso te irrita, tente lembrar que “Não sou seu amigo, cara” (+1).

Apesar do tumulto no ar, fora das telas a série fez o impossível. Eles ajudaram a reunir a dupla de comédia Cheech e Chong (+2) e South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes (+1) resultou no Robin Williams cantando “fuck” no Oscar na música indicada a Melhor Canção do filme (+1), enquanto Parker e Stone estavam sentados na plateia viajando de ácido em seus vestidos icônicos (+2).

Total: 184

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O Rei do Pedaço

Apesar de estar muito ancorada na realidade para ser a vencedora aqui, eu seria negligente se não mencionasse a comédia a frente de seu tempo cercando a família Hill e seu impacto cultural.

Hank nos informou que “esse garoto não está certo” (+2) e explicou como o rock cristão não estava melhorando o cristianismo, só piorando o rock and roll (+1). Seus exasperados “caramba, Bobby” (+1) e “bwahhh” (+2) eram tão divertidos de dizer quanto de ver sendo memetizados. Hank cunhou o termo “vidya” (+4) como substituto de videogame, o que tem mais tração online do que você pode imaginar. Ele e o Bobby tiveram um ressurgimento em popularidade recentemente na internet, apresentado como fuckboys (+2), estética chillwave (+2) e vibes gerais (+3). E mesmo que isso tenha envergonhado ele, ninguém consegue ouvir a frase “uretra estreita” (+1) sem pensar no coitado do Hank.

Junto com o Hank no beco da cerveja, você tem a invenção de Dale Gribble de “areia de bolso” (+2) e o padrão de fala “dang ol” do Boomhaur (+1), mas se ORdP é conhecido por alguma coisa, é pela exaltação de Hank de “propano e acessório de propano” (+4), uma frase impossível de não dizer imitando a voz dele quando a gente vê um bujão de gás.

Total: 24

Os Simpsons

Os padrinhos dessa lista, a marca deixada pelos Simpsons no mundo não pode ser exagerada. Além de servir como uma prova do conceito para cada série nessa lista (+5) e confirmar que os norte-americanos preferem assistir famílias disfuncionais a famílias saudáveis (+5), a série impulsionou a jovem rede Fox para a mesma liga das maiores redes americanas, ajudando a transformar o Big 3 em Big 4 (+8).

O sucesso instantâneo da série levou a “Bartmania” do começo dos anos 90 (+1) e um mercado negro de roupas piratas do Bart (+1). Enquanto a série se misturava com a nossa cultura, mais tarde tivemos um longa-metragem (+1), uma invasão Simpson nos 7-11s (+1), com a icônica rosquinha rosa (+1), e um quadrante de parque temático dedicado ao programa na Universal Studios (+1). E o Bart foi mascote do Butterfingers (+1) nesse meio tempo também.

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Os fãs não só consumiam produtos do Bart, eles viviam soltando as frases dele. “Não tenho uma vaca, cara” (+1), “eat my shorts” (+1), “ay, caramba” (+1) e “Sou o Bart Simpson, quem diabos é você?” (+1) estavam por todo lado naquela época.

O Homer era tão prolífico quanto o Bart em suas cunhagens. “Seu merdinha…[esgana o Bart]” (+1) e “mmm… [comida]” (+1) são clássicos. Ele nos ensinou que o álcool é a causa e a solução de todos os problemas da vida (+1), que dinheiro pode ser trocado por bens e serviços (+1), e que quando tentamos e fracassamos, a lição é nunca tentar (+1). A pronúncia errada dele de “safamafone” (+1) e Jebus (+2) se espalhou como fogo florestal. O irritado “d'oh” (+3) foi acrescentado ao dicionário Merriam-Webster. “Jerk ass” (+2) não foi. “A culpa não é minha, votei em” também se destaca (+2).

Outras palavras da série se manifestaram na realidade, incluindo “cromulent” (+1) “embiggen,” (+1), a perfeita para cruzadinhas “kwyjibo” (+1), craptacular (+1), snacktacular (+1), chocotastic (+1), o híbrido “tomacco” (+1), o vergonhoso “tromboner” (+1), o delicioso “squishee” (+1), e o “yoink” (+3), que você diz quando arranca alguma coisa da mão de alguém. Nenhuma dessas palavras ganhou tanta milhagem mundial quanto a grande conquista de vocabulário do desenho, “meh” (+7). Como todas essas novas palavras, seria unpossible não passar em Inglês (+1).

Às vezes a versão de um personagem para uma palavra ou frase já existente a tornava para sempre dele, como no caso do “Oi, gente” do Dr. Nick (+1), o “excelente” do Mr. Burns (+2), o “HA-ha” do Nelson (+2) e o “HA!” da Krabapple (+1). Outras vezes um mero som era tudo que eles precisavam, como o "hum" irritado da Marge (+1), o “glaben” do Frink (+1), ou todo o padrão de fala do primeiro personagem Flanderizado (+3) da história, o vizinhorino (+1) okily-dokily (+1) Ned. Mas os “óculos não ajudaram em nada” (+1) para desver a bunda “idiota e sexy do Flanders” (+1).

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O Cara dos Quadrinhos nos deu “pior [X] da história” (+3) e “ah, desperdicei minha vida” (+1). Moe convidou todo mundo para uma festa na boca dele (+1) e disse “hoje não, velho amigo” (+1) para o suicídio. Kent Brockman disse antes e vai dizer de novo “democracia simplesmente não funciona” (+1) então, ele fica feliz em abraçar nossos lordes autocratas (+1). “Que época para se estar vivo” (+3) quando Jasper nos deu essa frase e “a paddlin” (+1).

Homer procurou a tecla “qualquer” (+1) no teclado. Bart brincou de “knifey spooney” (+1) e “smashy smashy” (+1). Barney disse pra “injeta direto nas minhas veias” (+1), tudo está “saindo Milhouse” (+1), e o Nelson ia “smell ya later” (+2). Ralph “choo-choo-chooses” (+1) reconhecer que ele criou o formato “X Y é Y” (+2) com “brinquedos divertidos são divertidos” lá na temporada 11, que, como Abe lembra, foi por volta de “nineteen-dickety-two” (+1). Sei que você está pensando “boo-urns” (+1), esse nem é um ano de verdade e “espero que alguém tenha sido demitido por esse erro” (+1 ), mas dê um descanso para os roteiristas. Eles “work hard, they play hard” (+1). Não é como se eles fossem esses franceses “macacos comedores de queijo entreguistas” (+1) em quem você tinha que “soltar os cães” (+1).

A série criou vários estereótipos de personagens duradouros como a Lisa (+3), Milhouse (+2) e Mr. Burns (+2), mas o Poochie criado por comitê (+1) é um dos meus favoritos. Quando ele diz “Preciso ir, meu planeta precisa de mim” (+2), deu pra sentir no coração.

Mas nem tudo são flores na cidade de estado ambíguo de Springfield (+1). Os Simpsons teve alguns efeitos negativos também, como moleques racistas chamando qualquer pessoa parda de Apu (+4) a vida inteira, e a inépcia do Homer na usina nuclear pode realmente ter sido um tiro no pé do revival da energia nuclear nos EUA (+7).

Um ressurgimento de alguns memes dos Simpson recentemente ajudou a compensar os pecados acima (e as temporadas posteriores). Os gifs do Abe dando meia volta no bordel (+2) ou do Homer desaparecendo numa cerca viva (+2) transmitem o desejo de escapar. O discurso de Abe “costumava ser assim” (+1), seu recorte de jornal “idoso grita com nuvens” (+2), e a insistência de Skinner de que “não sou eu, as crianças estão erradas”, zombam do que está fora do alcance. O “essa é a piada” do Wolfcastle (+2) e o bolo “pelo menos você tentou” do Bart (+2) são perfeitos para ser condescendente. O meme “Estou em perigo” do Ralph (+2) transmite o que diz, assim como a insistência dos pais do Ned de que eles “não tentaram nada e estamos sem ideias” (+1). O still de “SEM FUNERAL” do Moe suicida ainda vai muito bem com o “não conte pra ninguém onde eu moro” do Lenny pobre (+1). O Bart batendo no Homer na banheira com uma cadeira (+2) é um ótimo mecanismo de escalada. Homer com a gordura do corpo amarrada nas costas (+1) mostra quanto escondemos, e a apresentação da Lisa no palco (+2) é uma grande tela em branco de memes.

Às vezes uma cena pausava num momento perfeito, capturando a animação num ângulo estranho e criando um meme. Tem o “patético” do Skinner (+2), a Marge dançando (+1), e a Lisa olhando para seu prato de comida (+1) ou sendo servida com café (+1).

Tem alguns memes sem noção flutuando por aí também, como “classical gas” (+1), o soco pelo espelho do Dr. Hibbert (+1), aquela dança/golpe de luta do Moe (+1), a fala “Lisa precisa de aparelho” (+1), e “diga a frase, Bart” (+1). Mas às vezes, os doidos obsessivos da internet criam obras de arte, como o gênero de clipes de música Simpsonswave (+1) e o universo expansivo que cresceu da cena “steamed hams” (+4).

Só lembre que Millhouse não é, e nunca vai ser um meme (+1).

Total: 164

Fiquei tão surpreso quanto você: segundo meus cálculos científicos infalíveis, South Park teve um impacto maior no mundo que Os Simpsons. Mas, antes que o pessoal chegue pra me crucificar, tem alguns jeitos de interpretar esse resultado. Podemos argumentar razoavelmente que, como resultado direto do sucesso de Os Simpsons, os pontos de influência de Futurama podem ser contados no total dos Simpsons, o que daria 197, o primeiro lugar. Nessa questão, nenhuma dessas séries teria existido, incluindo South Park, se Os Simpsons não tivesse feito tudo isso primeiro. Mesmo que a turma de Springfield não tenha sido tão relevante na última década (especialmente comparado com South Park), a sombra deles é muito grande. Só vou dizer isso: que bom que a VICE tirou a seção de comentários das matérias tempos atrás.

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