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Entretenimento

Então... é mesmo para apagar o Facebook ou quê?

Fizemos uma lista dos prós e contras... para tu não teres que a fazer!
Forto pelo utilizador do Flikr Xiaobin Liu (CC BY 2.0).

Este artigo foi originalmente publicado na VICE UK.

Estamos em 2018 e o Facebook tornou-se uma merda. É só fotografias desfocadas que a tua mãe tirou ao cão, amigos de amigos que te adicionaram depois de uma noite de copos em 2011 a anunciarem que estão noivos e posts de 800 palavras raivosas sobre o estado do país, escritas por aquele gajo da faculdade que andava sempre a tentar "recrutar" malta para se juntar a um grupinho activista sabe-se lá do quê e que se veste num estilo que só pode ser descrito como "Cosplay Soviético. Tudo isto e, num futuro proximo, será também, basicamente, um cemitério digital cheio de gente que já morreu.

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Se calhar é melhor livrarmo-nos já disto, não? O problema é que há já três anos que andas a pensar em apagar a tua página e, ainda assim, cá estás tu - muito provavelmente a ler isto no Facebook e, ups, uma hora e 12 minutos do teu intervalo de almoço já lá vai e passaste os últimos 47 minutos a fazer aquele scroll em modo automático, como se a tua vida dependesse disso.

Sim, devias definitivamente livrar-te do Facebook. Devias mesmo? Sim, devias. Hm, será que devias mesmo? Provavelmente sim. Mas devia? Bem, que tal pesarmos os prós e contras? Vamos a isso.

PRÓ: É UMA FORMA MUITO CONVENIENTE DE EVITAR TODAS AS OBRIGAÇÕES SOCIAIS

Uma miúda da tua escola, de quem eras mais ou menos amiga quando eras mais nova, antes dela se ter tornado aspirante a actriz, enviou-te uma mensagem no Facebook por alguma razão. Ah! Vem a Londres a umas audições para a escola de teatro para a semana, o airbnb dela foi cancelado e não encontra nenhum outro sitio onde ficar. Que bom ainda estarem ligadas pelo milagre moderno das redes sociais! Não te preocupes, só precisa de casa por quatro noites, sendo que todas incluem arrastar-te até ao Soho e acabar com ela a cantar em voz muito alta na tua cozinha.

CONTRA: JÁ NÃO TENS AMIGOS, DESCULPA

Apesar dos esforços do Resident Advisor, ou qualquer que seja a app que usas para comprar bilhetes de festivais de ultima hora quando estás bêbado num feriado e te esqueces do conceito de renda de casa (ou isso sou só eu?), o Facebook ainda é a melhor maneira de encontrar os eventos a que queres, de facto, ir. Se o apagares, vais passar o resto da tua juventude a descobrir tarde demais que AQUELA festa aconteceu - já que não és assim tão importante para que se apercebam que faltas tu na lista de convidados do evento que criaram no Facebook.

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Para além disso, o Facebook deixa-te clicar em "estou interessado/a" no "SOLD OUT: Fabric Live presents Dixon (127 horas de set)", ou "Vou" a "Troca de roupas em Southeast London" apesar de não teres qualquer interesse em ir a nenhum destes eventos, mas toda a gente vai achar que é porque tens muitos amigos e que, ocasionalmente, até sais de casa e fazes programas com eles. Já percebes como a popularidade funciona hoje em dia? É só uma ilusão.

PRÓ: PÔR FIM À VERGONHA HABITUAL

O teu housemate não tinha nada para fazer quando estava de ressaca no domingo à tarde, por isso andou a ratar o teu perfil até ao fim e encontrou uma fotografia tua armado em modelo da AXE, em que (claro!) pôs gosto para a fazer renascer das cinzas e aparecer no feed de todos os teus amigos - todos eles mandaram um bom LOL ao teu estado semi-nu em pose, com aquela carinha de puto parvo na tua fase mais emo e agora, de oito em oito meses, isto acontece. Seria bom, mas tão bom, que as pessoas que conheceste "pós era emo" não tivessem nunca sabido desta tua fotografia. Ah, o bom que era.

CONTRA: A PERDA DA OPORTUNIDADE DE OURO DE ENVERGONHAR OS OUTROS

Porque, por outro lado, há alguma coisa melhor do que encontrar um post de 2007 com uma frase espirituosa daquelas bem lamechas, rodeada de "xD", e comentar vezes sem conta para fazer o post renascer e chegar aos 200 likes, até que o autor do mesmo se canse de fingir que está na boa a acabe por apagá-lo? Não, não há. Ver também: memes.

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PRÓ: QUER DIZER, AQUILO É UM BOCADO MALDOSO

Odeio parecer o teu tio que armazena comida e enlatados na cave para estar preparado para "quando eles vierem", mas acho que, em 2018 d.C., todos podemos concordar que o Facebook fez muitas coisas más, desde destruir a democracia, a espalhar discursos de ódio e aos vários casos de agressões em livestream.

CONTRA: SIM, VAIS PARECER UM BOCADO WEIRDO

Livrares-te do Facebook agora, é o equivalente online de se ser gluten-free antes de o gluten ter sido inventado por volta de 2012; toda a gente vai achar que és um weirdo armado em moralista. Sim, é uma merda que ninguém abaixo dos 45 faça posts e que, por isso, o Facebook esteja dominado pela tua mãe e as colegas, empestado de quizzes - "Qual é o substantivo colectivo que se usa para estes animais?" -, mas mesmo assim, as únicas pessoas que, em 2018, não têm Facebook são os activistas pelos direitos dos homens, assassinos em série e o teu pai. Espera mais uns anos até que apagar a perfil já não pareça um statement social.

PRÓ: MUITO MAIS TEMPO PARA FAZER OUTRAS COISAS DIVERTIDAS

Lembraste dos livros e da televisão? De ir para a cama antes da meia-noite? Às vezes, estou a ver alguma coisa no meu computador quando me apercebo que já passou meia hora desde que fui ao Facebook, a ansiedade que sinto é quase palpável e tenho que fazer uma pausa para o típico scroll. Só mesmo para entrar e ver que uma miúda que conheço nem sei de onde está no Wagamamas. Só aproveitar o site azul e branco por um segundo e ver que um rapaz que conheci uma vez na semana do caloiro e que nunca mais vi, está a pedir recomendações para Berlim.

Isto está a ficar tão mau, que até os próprios criadores querem que passemos menos tempo no Facebook. Ainda não li uma unica palavra do "White Teeth", de Zadie Smith. Ainda não tentei, como deve ser, entrar na cena dos Beatles. Ainda não vi o Paciente Inglês. Se calhar, já teria visto o Paciente Inglês se não passasse quatro horas por dia a fazer scroll por cenas tipo "Alguém sabe de um sítio barato para cortar madeira à medida?" e "Marca alguém que te deve uma viagem À Disneyland". Se calhar, ia adorar o Paciente Inglês.

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CONTRA: TALVEZ DEMASIADO TEMPO LIVRE PARA INTERACÇÃO HUMANA GENUÍNA E AUTO-REFLEXÃO

O quê? Mas, então agora vais passar o tempo a falar com pessoas? Vais ter que fazer conversa de circunstância com os teus colegas na fila para o microondas? Vais começar uma conversa com aquela velhota com quem te cruzas todas as manhãs no comboio? Vais, tipo, ter tempo para ti própria, para trabalhares nas tuas emoções e pensares bem nos teus objectivos para o futuro e como os vais atingir? Não. Sinceramente, acho que não é boa ideia. Fica com Facebook. Ficamos todos com o Facebook.


@RosieHew

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