Viagem

À descoberta da Rússia: hooligans, luta livre e vandalismo

Este artigo foi originalmente publicado na VICE Austrália.

Este artigo é patrocinado pela Rusty, marca que representa a acção, a aventura e o risco. Aqui, exploramos os arquivos de um dos nossos jovens e intrépidos fotógrafos, de forma a descobrirmos as histórias por detrás das suas imagens.

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Pavel Volkov dedica-se a documentar tudo o que sucede no seu país, a Rússia. O fotógrafo, considera que as pessoas que protagonizam as histórias que documenta são como heróis, tanto pela sua força física como mental.

Nas suas viagens pela Rússia, Volkov vê-se envolvido em todo o tipo de situações: lutas organizadas entre hooligans, uma visita à casa de Kirill – um rapaz gravemente doente, mas com grandes sonhos -, pessoas prestes a serem deportadas, ou encontros com amantes de luta livre. Para além disso, é capaz de canalizar todas as dúvidas, bem como a sensação de risco e medo, que o assaltam, para conseguir estas fotografias, cujas histórias nos convida a conhecer mais a fundo.

Fizemos-lhe algumas perguntas sobre o que se sente quando se tenta transmitir informação a partir do coração da Rússia, atirar-se de cabeça para o meio da acção e perseguir histórias que têm significado.

VICE: O que fazias antes de te dedicares à fotografia?
Pavel Volkov:
Definiria-o como “procurar-me a mim próprio”. Tive diversos empregos, em várias cidades, desde uma siderurgia, até ao sector dos caminhos-de-ferro. Tentei integrar-me em áreas diferentes, mas acabei por dedicar-me à fotografia. No início fazia retratos e sessões em casamentos, mas, quando dei conta de que queria aprofundar-me neste mundo, estudei fotojornalismo.

Tiveste a sensação de que tinhas muito a perder?
Sim, claro, foi como voar para o espaço. Deixei uma parte da minha vida e fui estudar para outra cidade, onde não tinha amigos, nem trabalho e estava longe de casa. Houve alturas em que tive medo.

É muito arriscado documentar estas histórias na Rússia mais profunda, especialmente quando estão tão relacionadas com as forças armadas?
Julgo que, hoje em dia, corre-se um risco quando se trabalha a sério no fotojornalismo na Rússia. As relações entre a sociedade russa e os jornalistas são complicadas, já que não interessa o que escrevas ou fotografes, porque pode sempre haver alguém que não goste do teu trabalho. Se o objectivo é criar problemas a um jornalista, encontrar um motivo não é uma tarefa complicada – seja a história sobre militares, ou outra coisa qualquer.

Reportaje sobre los trágicos sucesos del Euromaidán en invierno de 2014.

O que te levou a queres explorar este tipo de histórias?
Trabalhar com histórias e heróis diferentes é uma forma de compreender melhor as pessoas e o Mundo. Agora, a minha vida é baseada na busca destas histórias.

Como encontras estas pessoas e as suas histórias?
Creio que, hoje em dia, consegue-se encontrar a informação necessária através da Internet. Quase toda a gente utiliza redes sociais e, caso não utilize, há algum familiar ou amigo que o faz. A chave é entender o que tens de procurar: um grupo social, ou uma personagem em particular. Tento manter-me a par das histórias e das notícias que vão sendo publicadas, para compilar informação sobre pessoas interessantes. Penso muito no que representa a sua figura e depois analiso o que posso fazer com os seus casos.

Alguma vez sentiste algum tipo de incómodo a trabalhar com alguém?
É sempre complicado, porque cada personagem ou grupo social é diferente e necessita de um tratamento especial, mas o mais importante não é o trabalho como fotógrafo, mas sim o trabalho como produtor. É fundamental ter uma capacidade de organização, mas também alguma habilidade para aceder às personagens.

Reportagem sobre “Spaceboy, a criança do espaço”, o rapaz com uma doença incurável. “Esta história não é sobre uma doença, mas sim sobre o sonho de uma criança. Apesar da gravidade da sua situação, ele sonha em viajar para o espaço”, conta Volkov

Grande parte do teu trabalho é aventureiro, mas também te centras em algumas histórias emocionais emocionais, protagonizadas por crianças com incapacidades, pessoas deportadas… Como é que este género de histórias te afectam quando comparadas, por exemplo, com as de luta livre?
Para mim, cada história é particular: são pequenos fragmentos de vida que passo junto a eles. Para mim, as histórias do Spaceboy ou da luta livre são completamente diferentes. A luta livre pareceu-me interessante enquanto acontecimento social, uma espécie de teatro em que reinam a crueldade e a brutalidade, com actores e espectadores. No geral, senti tudo aquilo como uma metáfora da sociedade moderna. Por outro lado, o Spaceboy é uma história sobre uma pessoa com sonhos inocentes e sobre o drama da vida quando se luta contra uma doença. Neste caso, a história mostrou-me a vida de uma pessoa concreta e da forma como escolheu combater através dos sonhos.

De todas as tuas aventuras, há alguma que mudarias ou eliminarias?
É claro que há vezes em que as coisas não correm muito bem, mas não quero apagar nada do meu passado, nem da minha vida. Tudo o que acontece nas nossas vidas faz com que sejamos quem somos, para além de nos fortalecer e nos dar mais sabedoria. Para além disso, se renegas qualquer coisa que aconteceu na tua vida é como se te estivesses a renegar a ti próprio.

Retrato de um rebelde na Ucrânia
Volkov capta uma cena de luta livre na Rússia
A luta livre não é muito popular na Rússia e só existe num sítio em Moscovo – um sótão -, onde os fãs se juntam
Sergei Mangos, membro da selecção russa de futebol para pessoas com incapacidade visual. “Para mim, esta história é um exemplo da força física e mental do ser humano”, comenta Volkov
Durante dois anos, Volkov viajou pela Rússia com os hooligans do mundo do futebol
He documented different football hooligan gangs and their members.
O fotógrafo captou imagens de diferentes grupos de ultras e dos seus elementos
Reportagem na linha da frente da violenta revolução ucraniana na praça Euromaidan

Podes saber mais sobre o trabalho de Pavel Volkov aqui e segui-lo no Instagram.

Este artigo é patrocinado por Rusty.

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